quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Poesia de quinta na Usina: D'Araújo: Apenas eu:


Nem poeta, nem sonhador.
Apenas um louco que aceitou
A proposta de si mesmo
Em ladear seus pensamentos, desejos e ensejos.

Olhando o mundo do absurdo que hoje eu vejo.
Não me resta mais desejo apenas vê a escuridão
Diante os holofotes das
Heresias dos homens,
E a cortesia dos insanos.
Que nos leva a doces enganos.

A indiferença das diferenças
Entre o acaso e o óbvio
A corrida em direção ao inexistente nos torna presentes.

Enfileirados na mesma empática situação do saber
Onde podemos chegar se não ao fim de algo
Que nem se quer começou.
E assim quem sabe um dia eu poderei ser
Apenas eu...

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo: Náufragos:


Entrelaçados pelo mesmo ideal
Seguimos nossas trilhas
Com as imensas armaduras de insatisfações.

Sem nos dar conta das frágeis idéias
E sem as consistências necessárias
Para alcançarmos os nossos desejos incomuns.

Dessa forma naufragamos
Em sentimentos individuais e incontestes
Deixando o tempo se esvair
À revelia do nosso desejo ideal.

Então passamos pela vida
Como se ela fosse irreal ou inconsistente
Até os dias últimos
Da nossa frágil
Existência.

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca: AMIGA:


Deixa-me ser a tua amiga, amor; A tua amiga só, 
que não queres Que pelo teu amor seja a melhor 
A mais triste de todas as mulheres.
Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa, a mim?! O que quiseres 
É sempre um sonho bom! Seja o que for Bendito sejas tu por mo dizeres!
Beija-me as mãos, amor, devagarinho... Como se os dois nascêssemos irmãos, 
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...
Beija-mas bem!... Que fantasia louca Guardar assim, fechados
nestas mãos, Os beijos que sonhei pra minha boca!...

Poesia de quinta na Usina: Florbela Espanca: NOITE DE SAUDADE:


A noite vem pousando devagar 
Sobre a terra que inunda de amargura... 
E nem sequer a bênção do luar 
A quis tornar divinamente pura... 
Ninguém vem atrás dela a acompanhar 
A sua dor que é cheia de tortura... 
E eu ouço a noite a soluçar! 
E eu ouço soluçar a noite escura! 
Por que é assim tão ´scura, assim tão triste?! 
É que, talvez, ó noite, em ti existe 
Uma saudade igual à que eu contenho! 
Saudade que eu nem sei donde me vem... 
Talvez de ti, ó noite!... Ou de ninguém!... 
 Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:





O tempo fica cada vez mais lento 
e eu lendo lendo lendo 
                                                                vou acabar virando lenda

Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:

 

o silêncio 
se mete a maltratar me ditando 
abreviaturas de mim e, 
quem sabe, 
a mim mesmo me dilatando.