quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Poesia de quinta na Usina: Florbela Espanca: NOITE DE SAUDADE:


A noite vem pousando devagar 
Sobre a terra que inunda de amargura... 
E nem sequer a bênção do luar 
A quis tornar divinamente pura... 
Ninguém vem atrás dela a acompanhar 
A sua dor que é cheia de tortura... 
E eu ouço a noite a soluçar! 
E eu ouço soluçar a noite escura! 
Por que é assim tão ´scura, assim tão triste?! 
É que, talvez, ó noite, em ti existe 
Uma saudade igual à que eu contenho! 
Saudade que eu nem sei donde me vem... 
Talvez de ti, ó noite!... Ou de ninguém!... 
 Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário