quinta-feira, 26 de março de 2020

Poesia De Quinta: D'Araújo:Viaduto:




Pra não ficar feio, vai encontrando um meio de
melhorar este prato feio e bem barato.
Com ginga de artista ele cai na pista, levando o
povo pro lado de lá, no segundo andar.

Onde a queda é maior, mais a vista é melhor.
O que é que eu posso fazer pra você entender,
que tem que crescer, sem depender do que vão dizer.

Se você se abala com o que os outros falam no
quarto ou na sala de jantar, nunca vai mudar.
Se não fizer o que tem que ser feito, sempre haverá
defeito em tudo que há.

E se quiser mudar, vai ter que ter muito peito e
talvez seja feito de qualquer jeito, sem você mandar.

É bom que se adiante, antes que lhe jantem pra
comemorar.
E não espere a vida passar pelo viaduto, pois
somos todos adultos. Pra que se enganar.

Você vale quanto pesa o ouro do tolo, feito
tijolo de concreto armado até os dentes.
Mas de repente tudo vai mudar.

Siga sempre em frente, como aquela gente que
lá está, confiando na vida ,esquecendo as feridas e
com aquela certeza, que na sua mesa a felicidade
um dia estará.



Poesia de Quinta Na Usina: D'Araújo: Confortável:






Em sua carcaça inerte o espírito repousa.
No conforto do assento do sofá da sala,
a TV rouba-lhe o tempo.
O computador acalenta seus ensejos.

A esperança é morta.
O sonho nem nasceu.

Mas a vida ainda pulsa,
ali, junto aquele corpo inerte,
que só espera a morte.



Poesia De Quinta Na Usina:Cruz e souza: SONETO À Julieta dos Santos:




É   delicada, suave, vaporosa, A grande atriz, a singular feitura...

É   linda e alva como a neve pura, Débil, franzina, divinal, nervosa!...

E d'entre os lábios cetinais, de rosa

Libram-se pérolas de nitente alvura...

E doce aroma de sutil frescura

Sai-lhe da leve compleição mimosa!...

Quando aparece no febril proscênio Bem como os mitos do passado, ingentes, Bem como um astro majestoso, helênio...

Sente- se n'alma as atrações potentes Que só se operam ao fulgor do gênio, Às rubras chispas ideais, ferventes!...

Poesia De Quinta Na Usina: Cruz e Souza: Soneto: À Julieta dos Santos:




Um dia Guttemberg c'o a alma aos céus suspensa, Pegou do escopro ingente e pôs-se a trabalhar!

E fez do velho mundo um rútilo alcançar Ao mágico clangor de sua idéia imensa!

Rolou por todo o globo a luz da sacra imprensa!

Ruiu o despotismo no pó, a esbravejar...

Uniram-se n'um lago, o céu, a terra, o mar...

Rasgou-se o manto atroz da horrível treva densa!...

Ergueram-se mil povos ao som das melopéias, Das grandes cavatinas olímpicas da arte! Raiou o novo sol das fúlgidas idéias!...

Porém, quem lança luz maior por toda a parte És tu, sublime atriz, ó misto de epopéias Que sabes no tablado subir, endeusar-te!...

Poesia De Quinta Na Usina: Mario Quintana: Os poemas:





Poemas nas pontas dos pés. que nem os sente o papel... 
Poemas de assombração sumindo
pelos desvãos da alma... Poemas que dançam, rindo
que nem crianças... Poemas de pé de pilão, um baque
no coração.
E aqueles que desmoronam
- lentamente - sobre um caixão!

Poesia de Quinta Na Usina: Mario Quintana:O visitante noturno:



Enquanto dormes, teu Cuidado espera-te. Despertas... e ei-lo sentado, ali, aos pés do leito. Mas um dia darás um jeito nisso tudo...
Um dia, não despertas... Nunca mais! Que fará ele, então, o teu Cuidado, Da sua odienta fidelidade canina?
Do seu feroz silêncio? Do seu rosto sem cara?