quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões: Soneto 145:

 

 


Vencido está de Amor

o mais que pode

 

sujeita a vos servir oferecendo tudo

 

Contente deste bem, ou hora em que se viu mil vezes desejando outra vez renovar

 

Com essa pretensão a causa que me guia tão estranha, tão doce,

 

Jurando não seguir votando só por vós ou ser no vosso amor

meu pensamento

vencida a vida,

 

instituída,

a vosso intento.

 

louva o momento, tão bem perdida; a tal ferida,

seu perdimento.

 

está segura nesta empresa, honrosa e alta.

 

outra ventura, rara firmeza, achado em falta.

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões: Soneto 166:

 



 

Verdade, Amor, Razão, Merecimento, qualquer alma farão segura e forte; porém, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte, têm do confuso mundo o regimento.

 

Efeitos mil revolve o pensamento e nao sa ~e a que causa se reporte;

mas sabe que o que é mais que vida e morte, que não o alcança humano entendimento.

 

Doctos varões darão razões subidas, mas são experiências mais provadas, e por isso é melhor ter muito visto.

 

Cousas há i que passam sem ser cridas e cousas cridas há sem ser passadas, mas o melhor de tudo é crer em Cristo.

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões: Soneto163:

 



A D. Leonis Pereira

Vós, Ninfas da gangética espessura, cantai suavemente, 
em vez sonora, um grande Capitão, que a roxa 
Aurora dos filhos defendeu da noite escura.

Ajuntou-se a caterva negra e dura, que na Áurea 
Quer sone so afouta mora, para lançar do caro ninho 
fora aqueles que mais podem que a ventura.

Mas um forte Leão, com pouca gente, 
a multidão tão fera como nécia destruindo castiga e torna fraca.
Pois, ó Ninfas, cantai! que claramente mais do que Leonidas 
fez em Grécia, o nobre Leonis fez em Malaca.