O VENTO
Noraldino Garbini
Hoje o vento está nervoso e mal
intencionado
Agitando o arvoredo com sua poderosa
lufada
Batendo portas e janelas como um mal
educado
Levantando pelas ruas o vestido da
amulherada.
Vai encravando os ciscos nos olhos das
pessoas
Enchendo de poeira as roupas estendidas
no varal
Com o seu assobio prolongado pelo
espaço ressoa
Anunciando os presságios de um grande
temporal.
A vegetação se curva com o seu sopro
poderoso
Espalhando pelo espaço os ninhos e seus
filhotes
Prossegue o vento bufando como mostro
perigoso
Provocando por onde passa a destruição
e a morte.
Varrendo com a sua fúria as poeiras das
estradas
Arremessando pelas alturas os restos
dos telhados
Destruindo os jardins e as suas flores
perfumadas
Com a força assustadora de um poderoso
tornado.
Milhões de demônios desordeiros e
enfurecidos
Fazendo as suas estripulias por onde
eles passam
Deixando o azul do céu no horizonte
escurecido
E em todas as barreiras extrapolam e
ultrapassam.
Açoitando sem piedade os encantos da
natureza
Arrastando tudo que é encontrado pela
sua frente
Devastando destruindo com selvagem
malvadeza
A ventania segue furiosa impetuosa e
inclemente.
Espalhando nuvens gerando no ar a
tempestade
Arremessando o seu granizo cortante das
alturas
Juntamente com suas chibatadas de
eletricidade
E no estrondo dos trovões abalando as
estruturas.
O vento que era brando e que afagava
docemente
Ninguém sabe o motivo do seu mau
comportamento
Mas são determinações de uma soberana
lei regente
Que governa e predomina sobre todos os
elementos.