quinta-feira, 6 de maio de 2021

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Noraldino Garbini:

 



O VENTO

Noraldino Garbini

Hoje o vento está nervoso e mal intencionado

Agitando o arvoredo com sua poderosa lufada

Batendo portas e janelas como um mal educado

Levantando pelas ruas o vestido da amulherada.

Vai encravando os ciscos nos olhos das pessoas

Enchendo de poeira as roupas estendidas no varal

Com o seu assobio prolongado pelo espaço ressoa

Anunciando os presságios de um grande temporal.

A vegetação se curva com o seu sopro poderoso

Espalhando pelo espaço os ninhos e seus filhotes

Prossegue o vento bufando como mostro perigoso

Provocando por onde passa a destruição e a morte.

Varrendo com a sua fúria as poeiras das estradas

Arremessando pelas alturas os restos dos telhados

Destruindo os jardins e as suas flores perfumadas

Com a força assustadora de um poderoso tornado.

Milhões de demônios desordeiros e enfurecidos

Fazendo as suas estripulias por onde eles passam

Deixando o azul do céu no horizonte escurecido

E em todas as barreiras extrapolam e ultrapassam.

Açoitando sem piedade os encantos da natureza

Arrastando tudo que é encontrado pela sua frente

Devastando destruindo com selvagem malvadeza

A ventania segue furiosa impetuosa e inclemente.

Espalhando nuvens gerando no ar a tempestade

Arremessando o seu granizo cortante das alturas

Juntamente com suas chibatadas de eletricidade

E no estrondo dos trovões abalando as estruturas.

O vento que era brando e que afagava docemente

Ninguém sabe o motivo do seu mau comportamento

Mas são determinações de uma soberana lei regente

Que governa e predomina sobre todos os elementos.

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