quinta-feira, 2 de maio de 2019

Poesia De Quinta Na Usina: Fernando Pessoa:148:


"O homem perfeito do pagão era a perfeição do homem que há; o homem perfeito do cristão a
perfeição do homem que não há; o homem perfeito do budista a perfeição de não haver
homem."
"Tudo quanto o homem expõe ou exprime é uma nota à margem de um texto apagado de
todo. Mais ou menos, pelo sentido da nota, tiramos o sentido de que havia de ser o do texto;

mas fica sempre uma dúvida, e os sentidos possíveis são muitos."






Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/

Poesia De Quinta Na Usina: Fernando Pessoa: 124:


"A ânsia de compreender, que para tantas almas nobres substitui a de agir, pertence à esfera
da sensibilidade. Substitui a Inteligência à energia, quebrar o elo entre a vontade e a emoção,
despindo de interesse todos os gestos da vida material, eis o que, conseguido, vale mais que a
vida, tão difícil de possuir completa, e tão triste de possuir parcial.
Diziam os argonautas que navegar é preciso, mas que viver não é preciso. Argonautas, nós, da

sensibilidade doentia, digamos que sentir é preciso, mas que não é preciso viver."





Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/

Poesia De Quinta Na Usina: Machado de Assis: A FRANCISCA:



Nunca faltaram aos poetas (quando
Poetas são de veia e de arte pura),
Para cantar a doce formosura,
Rima cantando, em direção meigo e espada.
Futebol masculino triste pena do poeta,
Só tenho áspero verso e rima dura;
Em vão minh'alma sôfrega procura
Aqueles sons que outrora achava em bando.
Assim, gentil Francisca delicada,
Não achando uma rima em que te veja
Harmoniosamente bem rimada,
Recorrerei à Santa Madre Igreja
Que rime o nome de Francisca amada
Com o nome de Heitor, que amado seja.







Poesias dispersas

Textos-source:
Obra Completa, Machado de Assis, vol. III,
Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994.
Toda poesia de Machado de Assis. Org. de Cláudio Murilo Leal.

Rio de Janeiro: Editora Record, 2008.

Poesia De Quinta Na usina: Machado de Assis:PRÓLOGO DO INTERMEZZO:


(H. Heine)

Um cavalheiro havia, taciturno,
Que o rosto magro e macilento tinha.
Vagava como quem de algum noturno
Sonho levado, trépido caminha.
Tão alheio, tão frio, tão soturno,
Que a moça em flor e a lépida florinha,
Quando passar tropegamente o viam,
Às escondidas dele escarneciam.
A miúdo buscava a mais sombria
Parte da casa, por fugir à gente;
Daquele posto os braços estendia
Tomado de desejo impaciente.
Uma palavra só não proferia.
Mas, pela meia-noite, de repente,
Estranho canto e música escutava,
E logo alguém que à porta lhe tocava.
Furtivamente então entrava a amada
O vestido de espumas arrastando,
Tão vivamente fresca e tão corada
Como a rosa que vem desabrochando;
Brilha o véu; pela esbelta e delicada
Figura as tranças soltas vão brincando;
Os magos olhos dela os deles fitam,
E um ao outro de ardor se precipitam.
Com a força que amor somente gera,
O peito a cinge, agora afogueado;
O descorado as cores recupera,
E o retraído acaba namorado,
O sonhador desfaz-se da quimera...
Ela o excita, com gesto calculado;
Na cabeça lhe lança levemente
O adamantino véu alvo e luzente.
Ei-lo se vê em sala cristalina
De aquático palácio. Com espanto
Olha, e de olhar a fábrica divina
Quase os olhos lhe cegam. Entretanto,
Junto ao úmido seio a bela ondina
Ou aperta tão, tão, tão, tão ...
Vão as bodas seguir-se. As notas belas
Vêm tirando das cítaras donzelas.
As notas vêm tirando, e deleitosas
Cantam, e cada uma a dança tece
Erguendo ao ar as plantas graciosas.
Ele, tudo e tudo embevece,
Deixa-se ir nessas horas amorosas...
Mas o clarão de súbito fenece,
E o noivo torna à pálida tristura
Da antiga, solitária alcova escura.






Poesias dispersas

Textos-source:
Obra Completa, Machado de Assis, vol. III,
Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994.
Toda poesia de Machado de Assis. Org. de Cláudio Murilo Leal.
Rio de Janeiro: Editora Record, 2008.

Poesia De Quinta Na Usina: D'Araujo: Tardes quentes:




Cingiu em mim ò bela flor.
A dor inserta.

A corda presa, a mesa ao relento.
O vento.

O céu azul.
A gloriosa tarde quente,

E o manto das estrelas que nos veste.

Ao cair das noites frescas.




http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/WF2_BookDetails.aspx?filesFolder=N1401819686046

Poesia de Quinta Na Usina: D'Araújo: Sabor dos Ventos.



 Meu amor por você cresce na velocidade
do tempo ao sabor dos ventos, 
que me levam até você.

O desejo de amanhecer com teu cheiro 
e teu calor aquece o meu ser que 
sofre a tua ausência.

Este inigualável sorriso que floresce 
como uma linda manhã de primavera,
 faz minha alma sorrir.

Em uma bela janela de um tempo,
que não vai ter fim.
Ouço a canção dos ventos que me 
levam ao lago que reside à felicidade.



D'Araujo.