domingo, 24 de julho de 2022

Crônicas de Segunda na Usina: Lima Barreto: Os enterros de Inhaúma:


Certamente há de ser impressão particular minha não encontrar no cemitério municipal de Inhaúma aquele ar de recolhimento, de resignada tristeza, de imponderável poesia do Além, que encontro nos outros. Acho- o feio, sem compunção com um ar momo de repartição pública; mas se o cemitério me parece assim, e não me interessa, os enterros que lá vão ter, todos eles, aguçam sempre a minha atenção quando os vejo passar, pobres ou não, a pé ou em coche-automóvel. 
A pobreza da maioria dos habitantes dos subúrbios ainda mantém neles esse costume rural de levar a pé, carregados a braços, os mortos queridos. 
É um sacrifício que redunda num penhor de amizade em uma homenagem das mais sinceras e piedosas que um vivo pode prestar a um morto. 
Vejo-os passar e calculo que os condutores daquele viajante para tão longínquas paragens, já andaram alguns quilômetros e vão carregar o amigo morto, ainda durante cerca de uma légua. Em geral assisto a passagem desses cortejos fúnebres na rua José Bonifácio canto da Estrada Real. Pela manhã gosto de ler os jornais num botequim que há por lá. Vejo os órgãos, quando as manhãs estão límpidas, tintos com a sua tinta especial de um profundo azul-ferrete e vejo uma velha casa de fazenda que se ergue bem próximo, no alto de uma meia laranja, passam carros de bois, tropas de mulas com sacas de carvão- nas cangalhas, carros de bananas, pequenas manadas de bois, cujo campeiro cavalga atrás sempre com o pé direito embaralhado em panos. 
Em certos instantes, suspendo mais demoradamente a leitura do jornal, e espreguiço o olhar por sobre o macio tapete verde do capinzal intérmino que se estende na minha frente. 
Sonhos de vida roceira me vêm; suposições do que aquilo havia sido, ponho-me a fazer. Índios, canaviais, escravos, troncos, reis, rainhas, imperadores - tudo isso me acode à vista daquelas coisas mudas que em nada falam do passado. 
De repente, tilinta um elétrico, buzina um- automóvel chega um caminhão carregado de caixas de garrafas de cerveja; então, todo o bucolismo do local se desfaz, a emoção das priscas eras em que os coches de Dom João VI transitavam por ali, esvai-se e ponho-me a ouvir o retinir de ferro malhado, uma fábrica que se constrói bem perto. 
Vem porém o enterro de uma criança; e volto a sonhar. 
São moças que carregam o caixão minúsculo; mas assim mesmo, pesa. Percebo-o bem, no esforço que fazem. 
Vestem-se de branco e calçam sapatos de salto alto. Sopesando o esquife, pisando o mau calçamento da rua, é com dificuldade que cumprem a sua piedosa missão. E eu me lembro que ainda têm de andar tanto! Contudo, elas vão ficar livres de um suplício; é o do calçamento da rua do Senador José Bonifácio. É que vão entrar na Estrada Real; e, naquele trecho, a prefeitura só tem feito amontoar pedregulhos, mas tem deixado a vetusta via pública no estado de nudez virginal em que nasceu. Isto há anos que se verifica. 
Logo que as portadoras do defunto pisam o barro unido do velho trilho, adivinho que elas sentem um grande alívio dos pés à cabeça. As fisionomias denunciam. Atrás, seguem outras moças que as auxiliarão bem depressa, na sua tocante missão de levar um mortal à sua última morada neste mundo; e, logo após, graves cavalheiros de preto, com o chapéu na mão, carregando palmas de flores naturais, algumas com aspecto silvestre, e baratas e humildes coroas artificiais fecham o cortejo. 
Este calçamento da rua Senador José Bonifácio, que deve datar de uns cinqüenta anos é feito de pedacinhos de seixos mal ajustados e está cheio de depressões e elevações imprevistas. É mau para os defuntos; e até já fez um ressuscitar. 
Conto-lhes. O enterro era feito em coche puxado por muares. Vinha das bandas do Engenho Novo, e tudo corria bem. O carro mortuário ia na frente, ao trote igual das bestas. Acompanhavam-no seis ou oito caleças, ou meias caleças, com os amigos do defunto. Na altura da estação de Todos os Santos, o cortejo deixa a rua Arquias Cordeiro e toma perpendicularmente, à direita, a de José Bonifácio. Coche e caleças põem- se logo a jogar como navios em alto-mar tempestuoso. Tudo dança dentro deles. O cocheiro do carro fúnebre mal se equilibra na boléia alta. Oscila da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, que nem um mastro de galera debaixo de tempestade braba. Subitamente, antes de chegar aos "Dois Irmãos", o coche cai num caldeirão, pende violentamente para um lado; o cocheiro é cuspido ao solo, as correias que prendem o caixão ao carro, partem-se, escorregando a jeito e vindo espatifar-se de encontro às pedras; e - oh! terrível surpresa! do interior do esquife, surge de pé - lépido, vivo, vivinho, o defunto que ia sendo levado ao cemitério a enterrar. Quando ele atinou e coordenou os fatos não pôde conter a sua indignação e soltou uma maldição: "Desgraçada municipalidade de minha terra que deixas este calçamento em tão mal estado! Eu que ia afinal descansar, devido ao teu relaxamento volto ao mundo, para ouvir as queixas da minha mulher por causa da carestia da vida, de que não tenho culpa alguma; e sofrer as impertinências do meu chefe Selrão, por causa das suas hemorróidas, pelas quais não me cabe responsabilidade qualquer! Ah! Prefeitura de uma figa, se tivesses uma só cabeça havias de ver as forças das minhas munhecas! Eu te esganava, maldita, que me trazes de novo à vida!" 
A este fato, eu não assisti, nem ao menos morava naquelas paragens, quando aconteceu; mas pessoas dignas de toda a confiança me garantem a autenticidade dele. Porém, um outro muito interessante aconteceu com um enterro quando eu já morava por elas, e dele tive notícias frescas, logo após o sucedido, por pessoas que nele tomaram parte. 
Tinha morrido o Felisberto Catarino, operário, lustrador e empalhador numa oficina de móveis de Cascadura. Ele morava no Engenho de Dentro, em casa própria, com razoável quintal, onde havia, além de alguns pés de laranjeiras, uma umbrosa mangueira, debaixo da qual, aos domingos, reunia colegas e amigos para bebericar e jogar a bisca. 
Catarino gozava de muita estima, tanto na oficina como na vizinhança. 
Como era de esperar, o seu enterro foi muito concorrido e feito a pé, com um denso acompanhamento. De onde ele morava, até ao cemitério de Inhaúma, era um bom pedaço; mas os seus amigos a nada quiseram atender: Resolveram levá-lo mesmo a pé. Lá fora, e no trajeto, por tudo que era botequim e taverna por que passavam, bebiam o seu trago. Quando o caminho se tornou mais deserto até os condutores do esquife deixavam-no na borda da estrada e iam à taverna "desalterar". Numa das últimas etapas do itinerário, os que carregavam, resolveram de mútuo acordo deixar o pesado fardo para os outros e encaminharam-se sub-repticiamente para a porta do cemitério. Tanto estes como os demais - é de toda a conveniência dizer - já estavam bem transtornados pelo álcool. Outro grupo concordou fazer o mesmo que tinham feito os carregadores dos despojos mortais de Catarino; um outro, idem; e, assim, todo o acompanhamento dividido em grupos, tomou o rumo do portão do campo-santo, deixando o caixão fúnebre com o cadáver de Catarino dentro abandonado à margem da estrada. 
Na porta do cemitério, cada um esperava ver chegar o esquife pelas mãos de outros que não as deles; mas nada de chegar. Um, mais audaz, após algum tempo de espera, dirigindo-se a todos os companheiros, disse bem alto: 
- Querem ver que perdemos o defunto? 
- Como? perguntaram os outros, a uma voz. 
- Ele não aprece e estamos todos aqui, refletiu o da iniciativa. 
- É verdade, fez outro. 
Alguém então aventou: 
- Vamos procurá-lo. Não seria melhor? 
E todos voltaram sobre os seus passos, para procurar aquela agulha em palheiro... 
Tristes enterros de Inhaúma! Não fossem essas tintas pinturescas e pitorescas de que vos revestis de quando em quando de quanta reflexão acabrunhadora não havíeis de sugerir aos que vos vêem passar; e como não convenceríeis também a eles que a maior dor desta vida não é morrer... 

Feiras e mafuás, 26-8-1922

Crônicas de Segunda na Usina: Machado de Assis: 15 DE FEVEREIRO DE 1863:


Cinco ou seis dias depois da abertura da exposição fui à Academia das Belas Artes. Cuidava encontrar ali uma diminuta concorrência, a dessa pouca gente que neste país conhece a preza as artes. Calcule o leitor o meu espanto quando tive de atravessar aquelas salas desertas, onde as telas, as estátuas e os baixo-relevos pareciam olhar-se mutuamente como que desolados por tão cruel abandono. 
Provará este fato contra a Academia? Ter-se-iam desfeito as esperanças postas naquela escola tão custosamente criada? 
As proporções deste escrito não permitem uma séria e detida análise deste ponto; mas não deixarei de atestar duas coisas, uma contra, outra a favor da Academia; a primeira, é que realmente os resultados da Academia estão abaixo das esperanças e das legítimas previsões; a segunda, é que esse malogro procura hoje a Academia atenuá-lo por meio de alguns esforços. Todos os esforços serão poucos, e se a Academia não se convencer disto, demite-se de uma posição que pode vir a ser gloriosa, se for fecunda. 
A exposição este ano foi aumentada com algumas cópias de obras-primas que estão nos museus da Europa. Entre essas cópias avulta a do corpo de Hércules, desenterrado em Roma, no Campo di fiori e guardado hoje no museu do Vaticano. É o resto de uma estátua que devia ser admirável, à vista do tronco mutilado e carcomido; nota-se mais Antinoo, cujo original existe no Capitólio; Apollonio, da Galeria de Florença; a Venus d'Arles da mesma; a Amazona e outras. São também dignos de atenção os trabalhos litográficos oferecidos à Academia pelo próprio autor, o Sr. Brasscsat. São dois quadros: primeiro representa Uma luta de touros, o segundo Touros defendendo uma vaca. 
Acham-se esses quadros na sala do vestíbulo, onde também se encontram duas gravuras delicadas de execução, representando uma A destruição de Jerusalém, e outra A dispersão dos povos, cópias ambas de painéis existentes no museu de Berlim. 
Se penetrarmos na Sala de pintura, encontraremos em primeiro lugar alguns retratos do Sr. Carlos Luiz do Nascimento, conservador da Pinacoteca, dos quais dois apenas me pareceram completamente bons. Isto deve ser dito acompanhado de um louvor ao Sr. Nascimento pelos seus excelentes trabalhos de restauração que o tornam artista notável e indispensável naquela escola. 
O Sr. Victor Meirelles de Lima tem alguns quadros nessa sala, os quais, parecendo bons, não são notáveis, pelo menos quanto é notável a sua Cabeça de estudo sob n.º 7. O mesmo artista tem na exposição o seu quadro A primeira missa no Brasil, obra já conhecida, e que, a não ter desses defeitos sutis que não se revelam à minha incompetência, me parece um painel excelente. 
A exposição do Sr. Agostinho José da Motta peca por pequena e medíocre; os seus retratos não são obras tais que o Sr. Motta, talentoso professor da Academia, preferisse às paisagens que tão bem sabe pintar; quem o não conhecer e quiser julgar pela exposição deste ano, fica com uma idéia muito aquém daquilo a que o seu talento tem direito. 
Do Sr. Arsênio da Silva existem na exposição algumas paisagens onde há toques delicados e verdadeiramente artísticos; mas é pena que o seu pincel se escape em outros toques, por vezes tão carregados, que fazem destacar no conjunto de seus painéis. 
A exposição do Sr. Emilio Bauch pareceu-me insignificante. A volta do casamento, no norte do Brasil, é um quadro de muito repreensível execução; o vagalhão sobre que se levanta o batel do noivado parece solidamente construído de madeira, tal o seu aspecto pesado e duro; se examinarmos a vela, a flâmula e as roupas dos tripulantes da barca, acharemos que muitos ventos sopram naquele sítio; ao passo que um impele o barco em uma direção, outro em direção oposta faz tremular brandamente a flâmula ; e um terceiro brinca ao capricho do pintor com os colarinhos e as japonas da tripulação. 
O quadro do Sr. Julio Le Chevrel Paraguassú e Diogo Álvares Correia têm coisas boas e coisas más. A figura de Diogo Correia recebendo Paraguassú das águas não tem expressão alguma; e uma cara morta; o mesmo acontece com a indígena. Como esteja Paraguassú quase toda fora d'água, quis-lhe o pintor espalhar pelo corpo umas gotas, mas tão infeliz se houve no trabalho, que, trazida a figura ao tamanho natural, ficam aquelas gotas do tamanho de grandes ovos, senão que já o seu aspecto é o de enormes pérolas; dissera-se que, ao salvar-se no bote de Correia, Paraguassú rompera um colar de pérolas que lhe vão rolando pelo corpo abaixo. Há, além destes, outros defeitos que não posso enumerar por me ir faltando espaço e não tê-los neste momento de memória. 
Na exposição de escultura há um grupo do Sr. Léon Deprez de Cluny, representando Uma família de selvagens atacada por uma serpente. Os animais mortos que jazem no chão. São que há de mais notável neste grupo: o mais ou regular ou falso; na ordem do falso está a indígena, cuja cara com uma leve correção fica puro caucasiano. 
É digno de nota o busto em mármore do Sr. conselheiro T. G. dos Santos, e digno de animação o artista que o fez, que é o Sr. José da Silva Santos. É um dos melhores trabalhos da Academia. 
Na exposição dos artefatos da indústria nacional sobressaem os trabalhos de fundição de ferro e bronze do Sr. Miguel Couto dos Santos e a encadernação da Constituição Belga, obra do Sr. J. B. Lombaerts. 
Naturalmente, escrevendo alguns dias depois da minha visita à exposição, deixo de mencionar alguma coisa que talvez mereça essa distinção, mas nem já, agora é dado remediar o mal, se mal há nisto, nem eu quisera por modo algum tornar estes simples apontamentos da minha crônica em revista crítica de Artes liberais. 
A quinzena que findou foi puramente artística e literária. Passo às notícias literárias. Tenho em primeiro lugar nas minhas notas as Produções poéticas de Francisco José Pinheiro Guimarães, grosso volume contendo o Child-Harold e o Sardanapalo, de Byron, o Roubo da Madeira de Pope, e o Ernani de Victor Hugo. 
O nome de F. J. Pinheiro Guimarães é conhecido por quantos estimam e prezam as letras; mas sinceramente creio que a nomeada do finado poeta não está na altura de seu brilhante talento. É que esse talento curava pouco de publicidade; e poetizava por natureza, como as flores dimanam cheiros, como uma necessidade fatal, sem que o pensamento de glória o preocupasse e fizesse pensar detidamente no futuro. Desta desambição, tão rara quanto funesta, deriva o nenhum caso que o poeta parecia fazer de seus versos, mal os acabava, como nos comunica o Sr. Dr. Otaviano no prefácio do livro. 
Se as Produções Poéticas são, portanto, uma revelação para muita gente, para todos quase é certo, que essa revelação é das mais indisputáveis. Uma locução menos branda, um verso menos correto, são defeitos esses que o leitor perspicaz não deixará de notar nas traduções mais de uma vez; mas o poeta não desceu às terras chãs de revisão literária, e essa é a explicação da ausência de outras belezas que a obra viria a ter. Em qualquer caso serve a declaração do autor do prólogo de que o poeta nacionalizou brasileiro a três poetas. 
As dores da pátria inspiram sempre as almas poéticas; e a musa, nas crises nacionais, sabe erguer a sua voz como um protesto solene e uma suprema consolação. Revelação para mim e para muita gente foi o folheto de versos patrióticos publicados por L. Varela. Dizem ser este moço um estudante de direito, e ter já, escrito e publicado outros versos. Não me lembro de tê-los lido; o talento que escreveu os versos patrióticos, onde quer que se revelasse, devia deixar um perfume próprio para se não esquecer. 
Os Cantos patrióticos merecem, pois, de minha parte uma dupla atenção, por seu mérito intrínseco e por serem os primeiros versos do poeta que conheço. Essa atenção já, eu lhe dei, lendo-os, relendo-os, conservando-os entre os livros mais do meu gosto. Segue-se daqui, que os Cantos sejam obra perfeita, que não haja ali certa pompa extrema e afetada, defeito de forma às vezes, e às vezes vulgaridade de pensamento? Dizer que não, seria enunciar o que não está no meu espírito; e eu antes de tudo devo a verdade ao poeta. Mas, a par dos defeitos dos seus cantos patrióticos, há belezas dignas de apreço; moço como é o Sr. Varela tem diante de si um futuro que a aplicação e o estudo dos mestres tornará glorioso. 
Com a publicação do IX volume da Biblioteca Brasileira, termino a parte literária da quinzena. 
Contém este volume a primeira parte do romance do meu finado amigo Dr. Manoel Antonio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. A obra é bem conhecida, e aquela vigorosa inteligência, que a morte arrebatou dentre nós, bastante apreciada, para ocupar-me neste momento com essas páginas tão graciosamente escritas. 
Enquanto se não reúnem em volume os escritos dispersos de Manoel de Almeida, entendeu Quintino Bocaiúva dever fazer uma reimpressão das Memórias, hoje raras e cuidadosamente guardadas por quem possui algum exemplar. É para agradecer-lhe esta piedosa recordação do nosso comum amigo.

 


Crônicas de Segunda na Usina: AURIDAN DANTAS: SAGA DE UM BERADEIRO – BILOCA NO DENTISTA:


A atuação de um dentista em uma cidade do interior sempre leva ao “ajuntamento” de muitas histórias. Quando estive como dentista na cidade de São Tomé, vivenciei muitos causos. 
A sala do consultório odontológico, por incrível que pareça, não tinha paredes até o teto. Era meia parede. Resultado: eu ouvia tudo o que se falava na sala de espera, assim como quem estava na sala de espera ouvia tudo o que ocorria no consultório. E no interior é assim: na sala de espera, os homens são muito valentes e corajosos, e as mulheres são mais recatadas e falam pouco. 
Em dia de feira, os marmanjos, invariavelmente, já chegam “mamados”, e dizem logo: vou mandar o doutor “distrair” três dentes de uma vez. Quando abrem a boca, você sente uma variação de odores, que vai de um rolo de fumo a uma buchada, passando por quatro doses de conhaque “Dreher” e duas lapadas de cana, sem falar nos pedacinhos de arribaçã presos nos dentes. A anestesia é o que faz menos efeito. 
Nessa cidade tinha um cidadão chamado de Biloca. Trabalhava na casa do prefeito. Era uma verdadeira comédia. E ele foi ao consultório. Não bebeu. E realmente precisava extrair um dente. 
Ficou escutando todo tipo de história e estória na sala de espera, e já entrou todo nervoso. Porque tem também aquelas pessoas que gostam de ficar contando todo tipo de “milacria” enquanto esperam a vez, e sentem o maior prazer em fazer medo aos demais. Biloca já não era dos mais corajosos, e ficar escutando terror foi de lascar. 
Examinei a situação do dente, e expliquei o que seria necessário fazer, e fiz a anamnese. Tudo ok. Comecei os procedimentos. 
Passei a famosa pomadinha, antes da anestesia, e fiz a anestesia. Quando constatei que já não havia sensibilidade na área que iria atuar, iniciei a “sindesmotomia”. Pronto, só um nome desses, já faz qualquer cidadão se “mijar” de medo. Quanto mais o Biloca. Ele começou a ir descendo na cadeira. 
E eu perguntava: Biloca está sentindo alguma coisa? E ele: naaammmm. 
E eu: e porque você está descendo na cadeira? E ele: nadica de nada é só medo. 
E eu prossegui, até chegar o momento da “distração” propriamente dita. 
Quando segurei o “alicate” e ele viu, fechou os olhos, e acho que se danou a rezar. 
No momento em que posicionei o “alicate” no dente, ele foi descendo mais ainda na cadeira, e eu perguntava se estava doendo, afastava o alicate, e ele dizia: naamm. 
Só que ele continuou descendo, e só consegui concluir o procedimento, quando ele topou com os pés na parede, e não tinha mais para onde descer. Porém, eu fiquei quase de “coca” e a coluna “rangeu”. 
E para fazer a sutura? No interior, dente que precisa de “ponto” é dente difícil ou dente “quêro”, mas eu fazia sutura após todas as exodontias. E o danado do Biloca começou tudo de novo. 
Resultado: pensei em mandar fazer um tamborete pe- queno, para usar nestas ocasiões, senão ficaria aleijado. Mas fiquei foi “penso”, porque o tamborete não saiu.


Crônicas de Segunda na Usina: Lima Barreto: Uma outra:


- É um engano supor que o povo nosso só tenha superstições com sapatos virados, cantos de coruja; e que só haja na sua alma crendices em feiticeiros, em cartomantes, em rezadores, etc. Ele tem, além dessas superstições todas, uma outra de natureza singular, partilhada até, como as demais, por pessoas de certo avanço mental. 
Dizia-me isto, há dias, um meu antigo companheiro de colégio que se fizera engenheiro e andava por estes Brasis todos, vegetando em pequenos empregos subalternos de estudos e construção de estradas de ferro e até aceitara simples trabalhos de agrimensor. Em encontro anterior, ele me dissera: "Antes eu tivesse ficado nos correios, pois ganharia agora mais ou menos aquilo que tenho ganho com o 'canudo', e sem canseiras nem maçadas". Quando se formou já era amanuense postal. 
Tendo ele, daquela vez, me falado em superstição nova do nosso povo que observara, não pude conter o meu espanto e perguntei-lhe com pressa: 
- Qual é? 
- Não sabe? 
- Não. 
- Pois é a do doutor. 
- Como? 
- O doutor para a nossa gente não é um profissional desta ou daquela especialidade. É um ser superior, semidivino, de construtura fora do comum, cujo saber não se limita a este ou aquele campo das cogitações intelectuais da humanidade, e cuja autoridade só é valiosa neste ou naquele mister. É onisciente, senão infalível. É só ver como a gente do mar do Lloyd, por exemplo, tem em grande conta a competência especial dos seus diretores - doutor. Todos eles são tão marítimos como um nosso qualquer ministro da Marinha nouveaugens, entretanto, os lobos-do-mar de todas as categorias não se animam a discutir a capacidade de seu chefe. É doutor e basta, mesmo que seja em filosofia e letras, coisas muito parecidas com comércio e navegação. Há o caso, que tu deves conhecer, daquele matuto que se admirou de ver que o doutor por ele pajeado, não sabia abrir uma porteira do caminho. Lembras-te? Iam a cavalo... 
- Pois não! Que doutor é esse que não sabe abrir porteira? Não foi essa a reflexão do caboclo? 
- Foi. Comigo, aconteceu-me uma muito boa. 
- Qual foi? 
- Andava eu perdido numas brenhas com uma turma de exploração. O lugar não era mau e até ali não houvera moléstias de vulto. O pessoal dava-se bem comigo e eu bem com ele. Improvisamos uma aldeia de ranchos e barracas, pois o povoado mais próximo ficava distante umas quatro léguas. Morava eu num rancho de palha com uma espécie de capataz que me era afeiçoado. Dormia cedo e erguia-me cedo, muito de acordo com os preceitos do falecido Bom homem Ricardo. Uma noite não devia passar muito das dez - vieram bater-me à porta. "Quem é?" perguntei. "Somos nós." Reconheci a voz dos meus trabalhadores, saltei da rede, acendi o candeeiro e abri a porta. "Que há?" "Seu doutô! É u Feliço qui tá cô us óios arrivirados pra riba. Acode qui vai morrê..." Contaram-me então todo o caso. O Felício, um trabalhador da turma, tinha tido um ataque, ou acesso, uma súbita moléstia qualquer e eles vinham pedir-me que acudisse o companheiro. "Mas", disse eu, "não sou médico, meus filhos. Não sei receitar". "Quá, seu doutô! Quá! Quem é doutô sabe um pouco de tudo". Quis explicar a diferença que existia entre um engenheiro e um médico. Os caipiras, porém não queriam acreditar. Da mansidão primeira, foram se exaltando, até que um disse a outro um tanto baixo, mas eu ouvi: "A minha vontade é aprontá esse marvado! Ele u qui não qué é i. Deixa ele!" Ouvindo isto, não tive dúvidas. Fui até ao barracão do Felício, fingi que lhe tomava o pulso, pois nem isso sabia, determinei que lhe dessem um purgante de óleo e... 
- Eficaz medicina! refleti. 
- ...depois do efeito, umas cápsulas de quinino que sempre tinha comigo. 
- O homem curou-se? 
- Curou-se. 
- Ainda bem que o povo tem razão. 
Vida urbana, 6-3-1920

Crônicas de Segunda na Usina: Machado de Assis: 31 DE JANEIRO DE 1863:


Houve sempre incúria em fazer o Brasil a sua propaganda na Europa, conveniência fácil de compreender por todos, mas que o governo nunca compreendeu, ou tratou por alto. É cabido, portanto, mencionar com louvor a fundação do Brésil, jornal escrito em francês pelos redatores da Atualidade, e publicado à entrada e saída dos paquetes transatlânticos. Trata-se de se nos apresentar na Europa com imparcialidade e justiça os redatores da Atualidade não deixam dúvida alguma a este respeito e há até a esperar muito deles. Partindo de alguns cidadãos, esta medida que o governo deveria iniciar, há de produzir mais efeito do que se partira do governo. É positiva a diferença que vai da propaganda por convicção e por amor do país, à outra propaganda menos espontânea embora tão convicta. 
O Brésil entra no 3.° número a hora em que escrevo. As empresas desta ordem merecem ordinariamente os sorrisos da incredulidade, atento o exemplo mais que muito repetido, de não passarem, como as crianças mofinas, do período de dentição. A Atualidade, porém, pode atestar a força de vontade dos redatores do Brésil. Começada no ano de 1857, atravessou ela cinco anos sem descorar diante das dificuldades, e dando um grande exemplo de perseverança. O irmão mais moço da Atualidade não há de ser menos opulento de vida e de tenacidade. 
Um dos últimos paquetes trouxe um livro português, que na sua pátria teve grande aceitação, graças principalmente ao assunto de que trata. É a paródia do 
D. Jaime, feita pelo Sr. Roussado, intitulada Roberto ou a dominação dos agiotas. É um verdadeiro poema cômico? Não; não se pode dizer isso na literatura que possui o Hyssope e as sátiras de Tolentino, que são outros tantos poemas; mas, como amostra de um poeta de futuro, acho que deve ser lido o Roberto. 
O Sr. Roussado mostra ter facilmente, e algumas vezes, graça na locução; mas a designação de poema herói-cômico só poderia caber ao livro, quando todas as condições necessárias ao gênero estivessem preenchidas; no poeta cômico devem concorrer qualidades tão superiores como no poeta épico, porque ambos os gêneros se tocam, e daqui vem chamar Victor Hugo ao D. Quixote a Ilíada cômica. Estas qualidades superiores não se nos descobrem no Roberto. Todavia, ocultar o que o Sr. Roussado tem de bom, fora injustiça clamorosa; já assinalei a facilidade e graça do seu verso, acrescentarei que alguns pedaços do poema de D. Jaime foram parodiados com acerto e certa originalidade. 
No Ateneu e no Ginásio deu-se uma comédia em 3 atos de Lambert Tiboust e Théodore Barrièe. É uma composição burlesca, mas verdadeiramente chistosa, cheia de interesse e de lances cômicos, trazidos com sacrifício de verossimilhança, mas tratados com uma verve inesgotável. Uma crítica que não for muito exigente pode até achar no caráter de Pincebourde algum estudo. O desempenho no Ateneu, onde a vi, pareceu-me, certas reservas de parte, muito satisfatório. 
Para terminar a história da quinzena perguntarei ao leitor: - Conhece uma árvore, que Alá pôs em Java, como diz o Jáo, por nome mancenilha, tão maléfica que dá a morte a quem procura a sombra dela? O nome dessa árvore tomou-a para título de uma comédia, em um ato, um jovem estreante na carreira dramática, o Sr. J. Ferreira de Menezes. Qual é o objeto simbolizado no arbusto asiático? É o casamento, não na expressão absoluta, mas na prática especialíssima da união de um rapaz incauto com uma mulher fria, vaidosa, preferindo as rendas e o carmim às santas carícias do matrimônio. Que assunto comum! é a história de todos os dias, dirá o filósofo imberbe ou o marido nas mesmas circunstâncias. Seja, embora; comum não é de certo a comédia do Sr. Ferreira de Menezes, onde se perdoam as faltas ao par das muitas promessas e algumas boas realidades. 
É evidente que um casamento nas condições apontadas não podia ser estudado em todas as suas fases, dentro dos limites de um ato. O Sr. Ferreira de Menezes não quis mais que traçar uma silhueta, sem pretensão a fazer um estudo, o menos profundo que fosse da hipótese que figurou. Para apreciar a obra do Sr. Ferreira de Menezes é preciso não perder de vista esta circunstância. 
Mas esta circunstância livra-o de culpa e pena? Sou amigo do poeta, e tenho, portanto, dois motivos para dizer francamente que não. Por desambiciosas que fossem as suas intenções, há condições rigorosas a que o poeta não se podia esquivar, e essas, entre os quais avulta a de precisar e definir os caracteres, não as teve o poeta como essenciais. Talvez que, desbravada a comédia das imaginações e fantasias, apareça uma ou outra feição característica das personagens, mas como ir procurá-la através de tanta folha e flor enredada, ao capricho de um pensamento ainda não regulado pela arte? 
O que resulta, é que o espectador, sem deslembrar a linguagem pouco amorosa de Margarida, não acha, em resumo, que houvesse motivo para as lamentações de Victor e as prédicas de Ernesto; por quando há uma coisa a notar: Margarida é mais mancenilha pelas asserções de Ernesto e Victor de que por seus próprios atos; e quando na cena de conversão ela se defende, tornando-se acusadora, se o espectador lhe não dá razão, também não dá razão ao poeta. 
Este inconveniente, junto ao de cenas muito longas, tira à peça, não o interesse do espectador culto e paciente, mas o interesse da massa geral do público, com o qual se deve contar. 
Feitos estes reparos, cumpre-me acrescentar que o autor da Mancenilha, com a sua comédia, obrigou-se solenemente a escrever novas peças; esta é apenas um ensaio, mas um ensaio onde o poeta, ao lado dos defeitos, mostrou verdadeiras qualidades. Sabe travar o diálogo, dar-lhe mesmo certo sabor e torneado que não são comuns em nossa cena; falta-lhe muitas vezes a concisão, tão necessária ao efeito do teatro, de modo que lhe acontece diluir um pensamento em muitas palavras, ou vesti-lo de formas tais que escapa ao espírito da maioria dos espectadores. 
A sua composição há de parecer melhor no livro, onde as delicadas fantasias do poeta podem entrar mais livremente no espírito, onde as suas qualidades serão melhor apreciadas, onde até, estou certo, aparecerá certa limpidez que na exibição cênica me pareceu nula. 
O Ateneu, levando a cena a Mancenilha, deu mais uma prova de que toma a sua missão como um empenho de honra, e que procura contribuir para o engrandecimento do teatro nacional com verdadeiro desvelo.

Crônicas:Momento de um adolescente no regime militar.


       É isso mesmo que você leu, sem tirar nem por uma vírgula, com muito orgulho.
Só que este vivo não remete a nenhum tipo de esperteza ou sabedoria tal qual a todos que estamos nesta mesma nave do desconhecido, simplesmente remete a audácia da sobrevivência contrariando toda lógica da normalidade. Às vezes me pego a pensar que todos os nordestinos nascidos até a década de setenta. Só sobreviveram porque nascerão com um manual de sobrevivência, pois tudo que sua doce mãe fazia dava certo, em compensação tinham outros que por mais que se fizesse, não tinha jeito o óbito era inevitável, era mais ou menos como você querer aprender a usar um tablet com um manual de trator.
Porque para os que nasceram no nordeste na década de sessenta e necessitava de cuidados médicos, só por mágica, seria mais ou menos como hoje em dia encontrar um partido político que nunca se utilizou de caixa dois, pensado bem era quase um milagre.
      Pois ainda hoje tenho na minha lembrança o dia em que tive de enfrentar um desta espécie, não, não estou falando dos partidos políticos não, é só de um simples mais absolutamente necessário, clínico geral. Esta consulta repentina não era por motivo de doença, era justamente para prevenir que se ficasse doente.
É que nos anos setenta lá pra gente, chegou à obrigatoriedade do exame médico periódico, para a prática de educação física. Falo na minha cidade, pois era a única que eu conhecia naquela época. Mas voltando ao clínico, nem é necessário dizer que como adolescentes que éramos, ficamos todos apreensivos, talvez o termo utilizado tenha sido inadequado para o nível de entendimento de um adolescente ansioso.
A direção da escola era taxativa só poderia fazer educação física os alunos que fizessem o exame periódico, e ponto.
       Bem, a termologia exame na cabeça de um adolescente daquela época, caia mais ou menos como os exames feitos no DETRAN para se obter a carteira de habilitação que naquela época os mesmos eram feitos ao ar livre você tinha que ter conhecimentos sobre o funcionamento do motor...
Onde o instrutor, um sujeito com cara de poucos amigos, ficava ao lado do automóvel com o capu aberto, e ia chamando um a um dos respectivos candidatos que se encontravam militarmente enfileirados.
Bem, em um momento destes a mente de um adolescente viaja;
De repete você se da conta que inevitavelmente está chegando a sua vez, de adentrar na sala, Não se você percebeu, mas não estamos mais falando do exame do DETRAN certo? Logo você imagina aquele sujeito de branco coberto de sabedoria e você ali apavoradamente indefeso. De repente sai da sala uma enfermeira com cara de fada, olhar meigo, sorriso sincero, corpo... Bem vamos parar por ai porque isso não vai dar em boa coisa, em se tratando de uma mente de um adolescente.
Ela pronúncia o seu nome em um tom poético, e gentilmente pede que você adentre a sala; Você se enche de uma coragem que nunca teve e encara o inevitável, já na sala diante daquele ser do outro lado da mesa, Que na sua mente é um misto de médico, pai de santo e até um daqueles personagens de filme de ficção científica, com mania de esterilizar tudo que lhe vem a sua frente.
Então você respira fundo e encara aquele ser com um aparelho esquisito envolto no pescoço, que nem o nome eu me atrevo a pronunciar, pois isso é coisa para as pessoas mais letradas;
     Bem com o sorriso quase inerente ao caso, aquela figura que lhe é tão estranha pede para que você deite-se a maca, ele saca daquele aparelho que se encontrava escanchado no seu pescoço, e enquanto, encosta aqui. Enfia lá, cutuca ali, para sua enorme surpresa ele lhe pergunta; Você é portador de alguma doença grave?
Aí você se pergunta quem afinal é o médico aqui eu ou ele?
Bem se fosse eu conhecedor das minhas enfermidades, procuraria eu um farmacêutico, que é o conhecedor dos efeitos medicamentosos, não desmerecendo a figura do medico absolutamente necessária em qualquer caso de doença.
Só para ilustrar melhor o momento, acho que estes médicos responsáveis por exames periódicos deveriam se escrever no guinnes book, por que meu amigo, depois de três respiradas profundas e duas arregaladas de olhos, e ele já foram logo anotando, “Apto”.
Bem pelo que eu pude entender dentro do meu pobre e ralo conhecimento em medicina, é que o sujeito para está “apto” a praticar educação física, basta está respirando e enxergando, o enxergar eu até entendo, pois talvez seja com o cuidado do individuo não machucar o seu colega e ele processar o estado.
Mais o que realmente me deixou preocupado, foi quando eu tive a impressão que aquele aparelhinho desgraçado, poderia ver além do físico. Ou então o sujeito era medico e também lia carta de tarô, Runas e até mesmo cartas ciganas, pois de repente, assim do nada ele começou a dizer;
Está bebendo pouca Água, precisa comer mais feijão e grãos em geral, e dormir melhor, para evitar anemias e por conseqüências, fraquezas e indisposições.
Aí meu caro amigo eu entrei em desespero, porque como todo adolescente eu não poderia ter deixado de ter pensamentos mundanos ao ver a formosura daquela enfermeira, apesar que os sorrisos contidos na sua face só denunciava que ele apenas me poupava do vexame.
Bem e como para tudo nesta maravilhosa vida, o inevitável tempo passou, e cá estou eu um sobrevivente do caos. Porque se não bastasse às dificuldades naturais naquela época você tinha que ter cuidado com o que falava, pois o regime Militar era implacável.
Mas depois de muito sacrifício e luta, conquistamos finalmente a tão sonhada democracia, pois hoje em dia não importa se você é nordestino, Gaúcho, Paranaense, Paulista, Carioca etc. Todos nós conquistamos o direito de morrer gritando nossas mais sinceras opiniões, nas imensas filas do INSS, dos Hospitais, dos Bancos, das Delegacias, e daí por diante.
Pelo menos não podemos reclamar da falta de liberdade de expressão. Que é o princípio básico para o fundamento de direito de toda pessoa.
“Por que aqui é assim, se não se iguala por cima, vai por baixo mesmo”
Isso é que me faz sentir muito orgulho de ser nordestino, peba, cabeça chata, pois independente de preconceito desconheço qualquer sonho no passado que não tenha realizado, não tem um sonho no presente que não esteja trabalhando na sua realização e pode acreditar, não terá nada deste mundo que me impeça de realizar os meus sonhos futuros.
...Desculpe, mas eu ainda estou tentando descobri o que isso tem a ver com o exame periódico. Vamos voltar aos sonhos?
Não importa onde nasceu qual sua cor da pele sua língua, ou mesmo a sua classe social, só uma coisa impede você de realizar os sonhos, você mesmo.
Basta levantar o seu traseiro do confortável sofá da inércia e você conquistará o mundo. Acredite não importa qual seu sonho ele é possível.
Peço desculpas ao caro leitor, pois o que era para ser uma simples crônica sobre o exame periódico acabou ficando com cara de resumo da tragédia Grega.
E por falar na Grécia... Não, não se preocupe o caso Grego mais recente fica para outra ocasião.
Vou parar por aqui, pois se esticar mais um pouquinho isso aqui vai ficar igual Romance do Suassuna que tem pra mais de setecentas páginas.
Por favor, alguém desliga esse computador e me tira daqui se não eu não paro nunca...