sábado, 20 de fevereiro de 2021

Domingo na Usina: Biografias: Camilo de Almeida Pessanha:

 


Camilo de Almeida Pessanha (Coimbra, 7 de Setembro de 1867 — Macau, 1 de Março de 1926) foi um poeta português.[1]
É considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, além de antecipador do princípio modernista da fragmentação.[2] A sua obra influenciou escritores como Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Wenceslau de Moraes, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade.[carece de fontes]
Camilo Pessanha nasceu como filho ilegítimo de Francisco António de Almeida Pessanha, um aristocrata estudante de Direito e de Maria Espírito Santo Duarte Nunes Pereira, sua empregada, em 7 de setembro de 1867, às 11h00, na Sé Nova, Coimbra, Portugal. O casal teria mais quatro filhos.[3]
Tirou o curso de direito em Coimbra. Procurador Régio em Mirandela (1892), advogado em Óbidos, em 1894, transfere-se para Macau, onde, durante três anos, foi professor de Filosofia Elementar no Liceu de Macau, deixando de leccionar por ter sido nomeado, em 1900, conservador do registo predial em Macau e depois juiz de comarca.[1] Entre 1894 e 1915 voltou a Portugal algumas vezes, para tratamento de saúde, tendo, numa delas, sido apresentado a Fernando Pessoa que era, como Mário de Sá-Carneiro, apreciador da sua poesia.
Foi iniciado na Maçonaria em 1910, na Loja Luis de Camões em Macau, com o nome simbólico de Angélico.[4]
Publicou poemas em várias revistas e jornais, mas seu único livro Clepsidra (1920), foi publicado sem a sua participação (pois se encontrava em Macau) por Ana de Castro Osório, a partir de autógrafos e recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha se salvaram do esquecimento.[1] Posteriormente, o filho de Ana de Castro Osório, João de Castro Osório, ampliou a Clepsidra original, acrescentando-lhe poemas que foram encontrados. Essas edições foram publicadas em 1945, 1954 e 1969.[3]
Na area da imprensa, encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas Ave Azul[5] (1899-1900), Atlantida[6] (1915-1920) e Contemporânea[7] [1915]-1926 e, postumamente, na revista Prisma[8] (1936-1941).
Camilo Pessanha morreu a 1 de Março de 1926 em Macau, devido ao uso excessivo de ópio e a tuberculose pulmonar.[3] A sua campa encontra-se no Cemitério São Miguel de Arcanjo, em Macau.[9]
Em 1949, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o poeta dando o nome dele a uma rua junto à Avenida da Igreja, em Alvalade.[10]
Obra e características estéticas
Além das características simbolistas que sua obra assume, já bem conhecidas, Camilo Pessanha antecipa alguns princípios de tendências modernistas.
Camilo Pessanha buscou em Charles Baudelaire, proto-simbolista francês, o termo “Clepsidra”, que elegeu como título do seu único livro de poemas, praticando uma poética da sugestão como proposta por Mallarmé, evitando nomear um objeto direta e imediatamente.[3]
Por outro lado, segundo o investigador da Universidade do Porto Luís Adriano Carlos,[11] o seu chamado "metaforismo" entraria no mesmo rol estético do imagismo, do inteseccionismo e do surrealismo, buscando as relações analógicas entre significante e significado por intermédio da clivagem dinâmica dos dois planos.[1]
Junto de sua fragmentação sintática, que segundo a investigador da Universidade do Minho Maria do Carmo Pinheiro Mendes substitui um mundo ordenado segundo leis universalmente reconhecidas por um mundo fundado sobre a ambiguidade, a transitoriedade e a fragmentação,[12] podemos encontrar na obra de Camilo Pessanha, de acordo com os dois autores citados, duas características que costumam ser mais relacionadas à poesia moderna que ao Simbolismo mais convencional.
Obras

Manuscritos

Poesia

Caderno Poético de Camilo Pessanha. (A.H.M.)

Ó Meu Coração Torna para Trás. s.d., s.l.. (B.N.L.)

Viola Chinesa . s.d., s.l. (poema dedicado a Wenceslau de Moraes). (B.N.L.)

Desejos. 8 Novembro 1889. (B.M.P.)

San Gabriel. Macau, 7 Maio 1898. (B.N.L.)

Rosas de Inverno. Macau, 1901. (B.N.L.)

Passou o Outono Já, Já Torna o Frio… Lisboa, 20 Janeiro 1916. (B.M.P.)

Processos judiciais

Camilo Pessanha Advogado Oficioso (Processo Crime). Macau, 1894. (A.T.)

Camilo Pessanha Queixoso (Processo Crime). Macau, 1911. (A.T.)

Camilo Pessanha Juiz Substituto (Processo Civil). Macau, 1917. (A.T.)

Camilo Pessanha Conservador do Registo Predial. Macau, 1919. (A.T.)

Impressos

Poesia

Livros.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Camilo_Pessanha

Domingo na Usina: Biografias: António Pereira Nobre:

 


António Pereira Nobre (Porto, 16 de agosto de 1867 — Foz do Douro, 18 de março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, Só (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas. Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho. Faleceu com apenas 32 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose pulmonar.
— António Nobre, Soneto n°18, in Só.
António Nobre nasceu na cidade do Porto a 16 de agosto de 1867[1], numa família abastada que residia na Rua de Santa Catarina, 467-469, na época de seu nascimento. Seu pai era natural de Borba de Godim (Lixa), tendo aí vivido durante sete anos. Passou a infância em Trás-os-Montes, na Póvoa de Varzim, Leça de Palmeira e na Lixa. Em 1888 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, mas não se inseriu na vida estudantil coimbrã, reprovando por duas vezes. Optou então por partir, em 1890, para Paris onde frequentou a Escola Livre de Ciências Políticas (École Libre des Sciences Politiques, de Émile Boutmy), licenciando-se em Ciências Políticas no ano de 1895. Durante a sua permanência em França familiarizou-se com as novas tendências da poesia do seu tempo, aderindo ao simbolismo. Foi também em Paris que contactou com Eça de Queirós, na altura cônsul de Portugal naquela cidade, e escreveu a maior parte dos poemas que viriam a constituir a colectânea Só, que publicaria naquela cidade em 1892.
O livro de poesia Só, que seria a sua única obra publicada em vida, constitui um dos marcos da poesia portuguesa do século XIX. Esta obra seria, ainda em sua vida, reeditada em Lisboa, com variantes, lançando definitivamente o poeta no meio cultural português. Aparecida num período em que o simbolismo era a corrente dominante na poesia portuguesa coeva, Só diferencia-se dos cânones dominantes desta corrente, o que poderá explicar as críticas pouco lisonjeiras com que a obra foi inicialmente recebida em Portugal. Apesar desse acolhimento, a obra de António Nobre teve como mérito, juntamente com Cesário Verde, Guerra Junqueiro, Antero de Quental, entre outros, de influenciar decisivamente o modernismo português e tornar a escrita simbolista mais coloquial e leve.
No seu regresso a Portugal decidiu enveredar pela carreira diplomática, tendo participado, sem sucesso, num concurso para cônsul. Entretanto adoece com tuberculose pulmonar, doença que o obriga a ocupar o resto dos seus dias em viagens entre sanatórios na Suíça, na Madeira, passando por Nova Iorque, pelos arredores de Lisboa, pela então chamada estância do Seixoso (na Lixa) e pela casa da família no Seixo, procurando em vão na mudança de clima o remédio para o seu mal.
Monumento a António Nobre em Leça da Palmeira
Vítima da tuberculose pulmonar, faleceu na Foz do Douro, a 18 de março de 1900, com apenas 32 anos de idade, na casa de seu irmão Augusto Nobre, reputado biólogo e professor da Universidade do Porto.
Deixou inédita a maioria da sua obra poética. Apesar da morte prematura, e de só ter publicado em vida uma obra, a colectânea Só, António Nobre influenciou grandes nomes do modernismo português, como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Alfredo Pedro Guisadoe e Florbela Espanca, deixando uma marca indelével na literatura lusófona.
Foi sepultado num jazigo no Cemitério do Prado do Repouso construído em 1907 pelo irmão Augusto Nobre, mas o corpo do poeta foi posteriormente transferido em 1946 para o cemitério de Leça da Palmeira, localidade onde tinha crescido.
Um monumento a António Nobre, desenhado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira encontra-se perto da praia da Boa Nova em Leça da Palmeira. Está inscrito: «farto de dores com que o matavam / foi em viagens por esse mundo - a António Nobre, 1980». "Matar ou ser morridu"
Obra
“Quando ele nasceu, nascemos todos nós. A tristeza que cada um de nós traz consigo, mesmo no sentido da sua alegria é ele ainda, e a vida dele, nunca perfeitamente real nem com certeza vivida, é, afinal, a súmula da vida que vivemos — órfãos de pai e de mãe, perdidos de Deus, no meio da floresta, e chorando, chorando inutilmente, sem outra consolação do que essa, infantil, de sabermos que é inutilmente que choramos.”
— Fernando Pessoa,'Para a Memória de António Nobre',
A Galera, nº 5-6, Coimbra, Fevereiro 1915.
António Nobre referindo-se ao seu único livro publicado em vida, Só (1892), declara que é o livro mais triste que há em Portugal. Apesar disso, e de ser real o sentimento de tristeza e de exílio que perpassa em toda a sua obra, ela aparece marcada pela memória de uma infância feliz no norte de Portugal e pelo relembrar das paisagens e das gentes que conheceu no Douro interior e no litoral português a norte do Porto, onde passou na infância e juventude, e em Coimbra, onde começou estudos de Direito.
Na sua poesia concede grande atenção ao real, descrito com minúcia e afecto, mesmo se à distância da memória e do sentimento de exílio que entretanto o invadira. Este sentimento, só aparentemente resultado da sua ida para Paris, estará presente em toda a sua obra, mesmo naquela que foi escrita após o seu regresso a Portugal.
Embora a tuberculose pulmonar apenas se tenha manifestado depois de publicada a primeira edição do livro, pelo que são erróneas as leituras que pretendem ver os poemas de Só à luz daquela doença, em toda a obra de António Nobre está presente a procura de um regresso a um passado feliz, que transfigura a realidade, poetizando-a e aproximando-a da intimidade do poeta. Estas características da sua obra, que reflectem as influências simbolistas e decadentistas que recebeu em Coimbra e Paris, são acompanhadas de alguma ironia amarga perante o que achava ser a agonia de Portugal e a sua própria, particularmente na fase final da sua vida na qual as circunstâncias críticas do seu estado de saúde contribuíram em muito para as características da sua obra.

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Pereira_Nobre

Domingo na Usina: Biografias: José Joaquim Cesário Verde:

 


José Joaquim Cesário Verde (Lisboa, Madalena, 25 de Fevereiro de 1855 — Lisboa, Lumiar, 19 de Julho de 1886) foi um poeta português, sendo considerado um dos pioneiros, precursores da poesia que seria feita em Portugal no século XX.
Assento de baptismo de José Joaquim Cesário Verde, datado de 2 de Junho de 1855. Paróquia de Madalena, Lisboa.
Filho do lavrador e abastado comerciante e ferrageiro José Anastácio Verde (1813-1888) e de sua mulher Maria da Piedade David dos Santos (1821-1890), aos 18 anos de idade Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras, mas apenas o frequentou alguns meses. Ali conheceu Silva Pinto, que ficou seu amigo para o resto da vida. Dividia-se entre a produção de poesias publicadas em jornais, destacando-se o semanário Branco e Negro [1] (1896-1898) e as revistas O Occidente [2] (1878-1915), Renascença [3] (1878-1879) e no periódico O Azeitonense [4] (1919-1922), e as actividades comerciais na Rua dos Fanqueiros herdadas do pai, descendente de comerciantes genoveses de nome Verdi. Era sobrinho-neto de João Baptista Verde e de D. Mariana Benedita Victória Verde, que foi casada com o pintor Domingos Sequeira.
Em 1877 começou a apresentar sintomas de tuberculose pulmonar, doença que já tinha levado a sua irmã Maria Júlia Verde (1853-1872) e posteriormente seu irmão Joaquim Tomás Verde (1858-1882). Estas mortes inspiraram contudo um de seus principais poemas, Nós (1884). Tinha mais um irmão, Jorge dos Santos Verde (1861-1941), que casou com uma das filhas de Manuel Pinheiro Chagas, e uma irmã, Adelaide Eufémia Verde (1856-1859), falecida de anginas.
Tenta curar-se da tuberculose mas, sem sucesso, vem a falecer no dia 19 de Julho de 1886, no lugar do Paço do Lumiar, aos 31 anos, sendo sepultado em jazigo no Cemitério dos Prazeres. No ano seguinte Silva Pinto organiza O Livro de Cesário Verde, compilação das suas poesias publicada em 1901. O seu pai faleceria dois anos depois, em 30 de Setembro de 1888, aos 75 anos, em Linda-a-Pastora, e a mãe em 26 de Janeiro de 1890, aos 68 anos, na Lapa.
No seu estilo delicado, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a cidade e o campo, que são os seus cenários predilectos. Evitou o lirismo tradicional, expressando-se de uma forma mais natural.
Em 1933 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o poeta dando o seu nome a uma rua na Penha de França.[5]
O Binómio cidade/campo
A supremacia exercida pela cidade sobre o campo leva o poeta a tratar estes dois espaços em termos dicotómicos. O contacto com o campo na sua infância determina a visão que dele nos dá e a sua preferência. Ao contrário de outros poetas anteriores, o campo não tem um aspecto idílico, paradisíaco, bucólico, susceptível de devaneio poético, mas sim um espaço real, concreto, autêntico, que lhe confere liberdade. O campo é um espaço de vitalidade, alegria, beleza, vida saudável… Na cidade, o ambiente físico, cheio de contrastes, apresenta ruas macadamizadas/esburacadas, casas apalaçadas (habitadas pelos burgueses e pelos ociosos)/quintalórios velhos, edifícios cinzentos e sujos… O ambiente humano é caracterizado pelos calceteiros, cuja coluna nunca se endireita, pelos padeiros cobertos de farinha, pelas vendedeiras enfezadas, pelas engomadeiras tísicas, pelas burguesinhas… É neste sentido que podemos reconhecer a capacidade de Cesário Verde em trazer para a poesia o real quotidiano do homem citadino.
Ao ler-se o poema "De Tarde", pertencente a "Em Petiz", é visível o tom irónico em relação aos citadinos, mas onde o tom eufórico também sobressai, ao percorrer os lugares campestres ao lado da sua "companheira". A preferência do poeta pelo campo está expressa nos poemas "De Verão" e "Nós" (o mais longo), onde desaparecem a aspereza e a doença ligadas à vida citadina e surge o elogio ao ambiente campesino. A arte de Cesário Verde é, pois, reveladora de uma preocupação social e intervém criticamente. O campo oferece ao poeta uma lição de vida multifacetada (por exemplo, os camponeses são retratados no seu trabalho diário) que ele transmite com objectividade e realismo. Trata-se, pois, de uma visão concreta do campo e não da abstracção da Natureza.
A força inspiradora de Cesário é a terra-mãe, sendo nela que Cesário encontra os seus temas. É por isto que, habitualmente, se associa o poeta ao mito de Anteu.
A mulher em Cesário Verde
A vendedeira de "Num Bairro Moderno" (1877) representa a mulher do campo, desgraçada, trabalhadora e inocente. ("Rapariga com cesto ao ombro", por Teresa de Saldanha).
A Milady de "Deslumbramentos" é um tipo feminino calculista, destrutivo e frívolo, associado com a aristocracia e a sociedade citadina ("Retrato equestre de Ana de Áustria", por Jean de Saint-Igny).
Deambulando pelos dois espaços, depara com dois tipos de mulher, que estão articulados com os locais. A cidade maldita surge associada à mulher fatal, frívola, calculista, madura, destrutiva, dominadora, sem sentimentos. Em contraste com esta mulher predadora, surge um tipo feminino, por exemplo em "A Débil", que é o oposto complementar das esplêndidas aristocráticas, presentes em poemas como "Deslumbramentos" e "Vaidosa". Essa mulher é frágil, terna, ingénua e despretensiosa.
A mulher (desfavorecida) do campo é-nos mostrada numa perspetiva diferente. A vendedora em "Num Bairro Moderno", ou a engomadeira em "Contrariedades" mostram as características da mulher do povo no campo. Sempre feias, pobres e por vezes doentes, ou em esforço físico, as mulheres trabalhadoras são objecto da admiração de Cesário.
"Depois de referir o cenário geral da acção em "Num Bairro Moderno", os olhos do sujeito poético retêm, como uma objectiva, um elemento novo - a vendedeira. A sua caracterização é de uma duplicidade contrastante: ela é pobre, anémica, feia, veste mal e tem de trabalhar para sobreviver, mas aparece envolvida numa força quase épica, de "peito erguido" e "pulsos nas ilhargas", encarnando, pela sua castidade, a força genuína do povo trabalhador, que Cesário tão bem defende."
A poética de Cesário e as escolas literárias
Podemos afirmar a sua aproximação a várias estéticas, embora seja visível a proximidade com Baudelaire, por retratar realidades quotidianas, o que o aproxima dos poetas portugueses do século XX e o fez incompreendido em seu tempo.
fonte de origem: 

Domingo na Usina: Biografias: Manuel Maria de Barbosa:

 


Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de setembro de 1765 – Lisboa, Mercês, 21 de dezembro de 1805) foi um poeta nacional português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano.[1] Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.[2] Era primo em segundo grau do zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage.
Bocage com cerca de 20 anos de idade
Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765, falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Caetana Xavier L'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era o Almirante francês Gil Hedois du Bocage, que chegou a Lisboa em 1704, para reorganizar a Marinha de Guerra Portuguesa.[2] Foi seu padrinho de batismo Heytor Botelho de Moraes Sarmento, 4º Guarda-Mor do Sal de Setúbal, Senhor da Quinta das Machadas, Fidalgo da Casa Real. E sua madrinha foi Luísa Matilde de São Boaventura, freira dominicana do Convento de São João Batista, em Setúbal.[3]
Monumento de Bocage em Setúbal
Teve um irmão e quatro irmãs. O pai do poeta, José Luís Soares de Barbosa, nasceu em Santa Maria da Graça, Setúbal, em 29 de Setembro de 1728, e era filho de Luís Barbosa Soares e de Eugénia Maria Inácia Bispo. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, foi juiz de fora em Castanheira e Povos,[2] cargo que exercia durante o Sismo de Lisboa de 1755, que arrasou aquelas povoações.
Em 1765, foi nomeado ouvidor em Beja, e para lá se mudou com a família.[1] Só voltaria para Setúbal cinco anos depois. Acusado de ter desviado a décima enquanto ouvidor, possivelmente uma armadilha para o prejudicar, visto ser próximo de pessoas que foram vítimas de Pombal, o pai de Bocage foi preso para o Limoeiro em 1771, nunca chegando a fazer defesa das suas acusações. Com a morte do rei D. José I, em 1777, dá-se a "viradeira", que valeu a liberdade ao pai do poeta, que voltou para Setúbal, onde foi advogado.[2]
A sua mãe era natural da Encarnação, Lisboa e era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa, madame Anne-Marie Le Page du Bocage, tradutora do "Paraíso" de Milton, imitadora da "Morte de Abel", de Gessner, e autora da tragédia "As Amazonas" e do poema épico em dez cantos "A Columbiada", que lhe mereceu a coroa de louros de Voltaire e o primeiro prémio da academia de Rouen.
Apesar das numerosas biografias publicadas após a sua morte, boa parte da sua vida permanece um mistério. Não se sabe que estudos fez, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim. A identificação das mulheres que amou é duvidosa e discutível.
Monumento de Bocage em Setúbal (estátua)
A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha quase nove anos. Possivelmente ferido por um amor não correspondido, assentou praça como voluntário em 22 de Setembro de 1781 e permaneceu no Exército até 15 de Setembro de 1783.[1] Nessa data, mudou-se para Lisboa e foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. No final do curso desertou, mas, ainda assim, surge nomeado guarda-marinha por D. Maria I.
Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa.
Em 14 de Abril de 1786, embarcou como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro em finais de Junho.[1]
Na cidade, viveu na atual Rua Teófilo Otoni, e diz o "Dicionário de Curiosidades do Rio de Janeiro" de A. Campos - Da Costa e Silva, pg 48, que "gostou tanto da cidade que, pretendendo permanecer definitivamente, dedicou ao vice-rei algumas poesias-canção cheias de bajulações, visando atingir seus objetivos. Sendo porém o vice-rei avesso a elogios, e admoestado com algumas rimas de baixo calão, que originaram a famosa frase: "quem tem c... tem medo, e eu também posso errar", fê-lo prosseguir viagem para as Índias". Fez escala na Ilha de Moçambique (início de Setembro) e chegou à Índia em 28 de Outubro de 1786. Em Pangim, frequentou de novo estudos regulares de oficial de marinha. Foi depois colocado em Damão, mas desertou em 1789, embarcando para Macau.
Foi preso pela inquisição, e na cadeia traduziu poetas franceses e latinos.
A década seguinte é a da sua maior produção literária e também o período de maior boêmia e vida de aventuras.
Ainda em 1790 foi convidado e aderiu à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adotou o pseudónimo Elmano Sadino. Mas passado pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades.
Em 1791, foi publicada a 1.ª edição das “Rimas”.
“Já Bocage não sou!…

À cova escura

Meu estro vai parar desfeito em vento…

Eu aos céus ultrajei! O meu tormento

Leve me torne sempre a terra dura.

(…)”
— Bocage
Dominava então Lisboa o Intendente da Polícia Pina Manique que decidiu pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Ficou preso no Limoeiro até 14 de Novembro de 1797, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio. Ficou até 17 de Fevereiro de 1798, tendo ido depois para o Real Hospício das Necessidades, dirigido pelos Padres Oratorianos de São Filipe Neri, depois de uma breve passagem pelo Convento dos Beneditinos. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor. Só saiu em liberdade no último dia de 1798.
De 1799 a 1801 trabalhou sobretudo com Frei José Mariano da Conceição Veloso, um frade brasileiro, politicamente bem situado e nas boas graças de Pina Manique, que lhe deu muitos trabalhos para traduzir.
A partir de 1802, até à morte por aneurisma aos 40 anos, viveu em casa por ele arrendada no Bairro Alto, naquela que é hoje o n.º 25, 3° da Travessa André Valente, freguesia das Mercês (Lisboa). Foi sepultado num jazigo subterrâneo da Igreja Paroquial de Nossa Senhora das Mercês, em Lisboa.
15 de setembro, data de nascimento do poeta, é o feriado municipal de Setúbal.
Encontra-se colaboração póstuma da sua autoria na revista Ilustração Popular[4] (1884), no semanário Azulejos [5] (1907-1909) e no periódico O Azeitonense[6] (1919-1920).
Autorretrato
Retrato gravado a buril e água-forte por Joaquim Pedro de Sousa
Magro, de olhos azuis, carão moreno,

Bem servido de pés, meão na altura,

Triste de facha, o mesmo de figura,

Nariz alto no meio e não pequeno;

Incapaz de assistir num só terreno,

Mais propenso ao furor do que à ternura;

Bebendo em níveas mãos, por taça escura,

De zelos infernais letal veneno;

Devoto incensador de mil deidades

(Digo, de moças mil) num só momento,

E somente no altar amando os frades,

Eis Bocage, em quem luz algum talento;

Saíram dele mesmo estas verdades,

Num dia em que se achou mais pachorrento.

— Bocage

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage

Domingo na Usina: Biografias: Francisco de Sá de Miranda:

 




Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, 28 de agosto de 1481 — Amares, 15 de março de 1558 (76 anos)) foi um poeta português, introdutor do soneto e do Dolce Stil Nuovo na nossa língua. Encontra-se sepultado na Igreja de São Martinho de Carrazedo em Amares.
Busto em Carrazedo, Amares
Francisco de Sá de Miranda nasceu em Coimbra: possivelmente em 28 de Agosto de 1481 (data em que D. João II subiu ao trono, dizem os biógrafos). Outros autores apontam para a data de "27 de Outubro de 1495".[1][2] Meio-irmão de Mem de Sá, era filho de Gonçalo Mendes de Sá, cónego da Sé de Coimbra e de Inês de Melo, solteira, nobre de Barcelos, orago que contemplaria Duas Igrejas hoje em dia pertencente ao município de Vila Verde. Neto paterno de João Gonçalves de Crescente, cavaleiro fidalgo da Casa Real, e de sua mulher Filipa de Sá que viveram em São Salvador do Campo em (Barcelos) e em Coimbra, no episcopado de D. João Galvão. Estudou Gramática, Retórica e Humanidades na Escola de Santa Cruz, onde possivelmente terá estudado Luís de Camões. Frequentou depois a Universidade, ao tempo estabelecida em Lisboa, onde fez o curso de Leis alcançando o grau de doutor em Direito, passando de aluno aplicado a professor considerado e frequentando a Corte até 1521, datando-se de então a sua amizade com Bernardim Ribeiro, para o Paço, compôs cantigas, vilancetes e esparsas, ao gosto dos poetas do século XV. O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, impresso em 1516, publica treze poesias do Doutor Francisco de Sá. Os seus versos, à maneira dos trovadores da época, já revelam o carácter do homem e a vivacidade e cultura do seu espírito. Sá de Miranda começou imitando os poetas do Cancioneiro General de Hernan Castillo, impresso em 1511, glosando, em castelhano, os motes ou cantigas de Jorge Manrique e de Garcia Sanchez. Nunca abandonou as formas tradicionais da redondilha, antes e depois de conhecer e aceitar a escola italiana, e de introduzir em Portugal o verso decassílabo. Foi casado com D. Briolanja de Azevedo, filha de Francisco Machado, 2º Senhor das Terras de Entre Homem e Cávado (Amares) até ao ano de 1518 em que faleceu. Sá de Miranda e sua esposa D. Briolanja de Azevedo, aparecem na aquisição de uma propriedade, cuja escritura de venda foi assinada na Casa de Castro (freguesia de Carrazedo) aos 03 de Maio de 1530, pelo tabelião e escudeiro da Casa Real Diogo de Arantes.[3]Viveram na Casa da Tapada, de que Francisco Sá de Miranda foi 1º Senhor até à sua morte, sita na freguesia de Fiscal em Amares.
Casa e quinta da Tapada, Fiscal, Amares
A poesia
Poema de Sá de Miranda em Azulejos na Casa do Barreiro, Gemieira, Ponte de Lima.
Para Sá de Miranda, a poesia não é uma ocupação para ócios de intelectual ou de salões, como para os poetas que o antecederam, mas uma missão sagrada. O poeta é como um profeta, deve denunciar os vícios da sociedade, sobretudo da Corte, o abandono dos campos e a preocupação exagerada do luxo, que tudo corrompe, deve propor a vida sadia em contacto com a «madre» natureza, a simplicidade e a felicidade dos lavradores.
A ele se aplicam perfeitamente os seus versos da Carta a D. João III: «Homem de um só parecer, / dum só rosto e d'ua fé, / d'antes quebrar que torcer / outra cousa pode ser, mas da corte homem não é.»
A sua linguagem é elíptica, sóbria, densa, forte, trabalhada, hermética, difícil de entender e às vezes demasiado dura. Mesmo assim, Sá de Miranda é o escritor do século XVI mais lido depois de Camões. A sua verticalidade e a sua coerência impuseram-se.
Sá de Miranda concebeu as primeiras comédias clássicas portuguesas (Estrangeiros e Vilhalpandos), cuja recepção pelo público, habituado aos autos (de Gil Vicente sobretudo), não foi das melhores. Se os aspectos criticados por Sá de Miranda e a sua intenção moralizadora o aproximam muito de Gil Vicente, o escritor afasta-se deste último pelas formas e o tom em que vaza as suas críticas.
Sá de Miranda deixou uma importante obra epistolográfica e uma série de éclogas, entre outros textos. A sua obra foi publicada postumamente, em 1595.
Influenciou decisivamente escritores seus contemporâneos e posteriores, como António Ferreira, Diogo Bernardes, Pero Andrade de Caminha, Luís de Camões, D. Francisco Manuel de Melo ou ainda, mais recentemente, Jorge de Sena, Gastão Cruz e Ruy Belo, entre outros, manifestando alguns textos destes autores nítida intertextualidade com textos mirandinos, sobretudo com o tão conhecido soneto «O Sol é grande, caem co'a calma as aves».
Antecipa temáticas como a dos conflitos do eu, de maneira um pouco semelhante ao que faria Fernando Pessoa, como nos versos: Comigo me desavim,/Sou posto em todo perigo;/Não posso viver comigo/Nem posso fugir de mim.

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A1_de_Miranda

Domingo na Usina: Biografias: Gonçalo Manuel de Albuquerque Tavares:

 


Gonçalo Manuel de Albuquerque Tavares GOIH (Luanda, Agosto de 1970), mais conhecido na forma Gonçalo M. Tavares, é um escritor e professor universitário português, cuja primeira obra foi publicada em 2001.[2]

Os seus livros deram origem a peças de teatro, objectos artísticos, vídeos de arte, ópera, etc.
Estão em curso cerca de 220 traduções distribuídas por quarenta e cinco países.
O romance "Jerusalém" foi incluído na edição europeia de "1001 livros para ler antes de morrer – um guia cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos".
Prémios
Recebeu o Prémio Portugal Telecom 2007; o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004 com o romance - "Jerusalém" (Caminho); o Prémio Branquinho da Fonseca da Fundação Calouste Gulbenkian e do Jornal Expresso, com o livro O Senhor Valéry (Caminho); o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com Investigações.Novalis (Difel) e o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores "Camilo Castelo Branco" com água, cão, cavalo, cabeça (Caminho); na Itália o X Prémio Internacional Trieste 2008.
A 9 de Junho de 2012 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.[3]
Aclamação Crítica
José Saramago, no discurso de atribuição do Prémio ao romance "Jerusalém", disse: «'Jerusalém' é um grande livro, que pertence à grande literatura ocidental. Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem apenas aos 35 anos: dá vontade de lhe bater!».
Dele disse ainda Vila-Matas, no Magazine Littéraire: "... de narrador de raça a génio de um imenso futuro. É um escritor que não vai continuar muito mais tempo despercebido nessa Europa…"
"Tavares triunfará, isso é algo que se vê já a chegar." in El País, Espanha.

Obras

O Reino

Um Homem: Klaus Klump - Caminho, 2003[4][5]

A Máquina de Joseph Walser - Caminho, 2004[6]

Jerusalém - Caminho, 2004 (Prémio José Saramago (2005), Prémio Ler/Millenium-BCP e Prémio Portugal Telecom de Literatura (2007) (Brasil)
Aprender a Rezar na Era da Técnica - Caminho, 2007 (Prémio do Melhor Livro Estrangeiro 2010 em França)
Série "O Bairro"
O Senhor Valéry - Caminho, 2002 (Prémio Branquinho da Fonseca da Fundação Calouste Gulbenkian e do jornal Expresso)

O Senhor Henri - Caminho, 2003

O Senhor Brecht - Caminho, 2004

O Senhor Juarroz - Caminho, 2004

O Senhor Kraus - Caminho, 2005

O Senhor Calvino - Caminho, 2005

O Senhor Walser - Caminho, 2006

O Senhor Breton - Caminho, 2008

O Senhor Swedenborg - Caminho, 2009

O Senhor Eliot - Caminho, 2010

Livros Pretos (canções)

água cão cavalo cabeça,2006 - Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores

Canções Mexicanas - Relógio d'Água, 2011

animalescos - Relógio d'Água, 2013

Coleção "Breves notas"

Breves notas sobre ciência - Relógio d'Água, 2006

Breves notas sobre o medo - Relógio d'Água, 2007

Breves notas sobre as ligações - Relógio d'Água, 2009

Breves notas sobra música - Relógio d'Água, 2015

Breves notas sobre literatura - Bloom - Relógio d'Água, 2018

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alo_M._Tavares

Domingo na Usina: Biografias: Maria de Fátima de Bivar Velho da Costa:

 


Maria de Fátima de Bivar Velho da Costa GOIH • GOL (Lisboa, 26 de junho de 1938 - Lisboa, 23 de maio de 2020) foi uma escritora portuguesa.
Maria Velho da Costa nasceu a 26 de junho de 1938 em Lisboa, filha natural legitimada pelo subsequente casamento de seus pais, Afonso Jaime de Bivar Moreira de Brito Velho da Costa e sua segunda mulher Julieta Vaz Monteiro da Assunção. O pai, oficial de Infantaria, promovido a coronel em 1955, tornou-se membro do corpo de censores à imprensa na comissão de censura de Lisboa em 1958.
Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi professora no ensino secundário e presidente da Associação Portuguesa de Escritores.[1] Tem o Curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e Psiquiatria. Foi membro da Direcção e Presidente da Associação Portuguesa de Escritores, de 1973 a 1978. Foi leitora do Departamento de Português e Brasileiro do King's College - Universidade de Londres, entre 1980 e 1987.
Foi incumbida pelo Estado Português de funções de carácter cultural: foi Adjunta do Secretário de Estado da Cultura em 1979 e Adida Cultural em Cabo Verde de 1988 a 1990.[1] Adicionalmente, desempenhou funções na Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e trabalhou ainda no Instituto Camões.
Teve, desde 1975, colaboração regular em argumentos cinematográficos, nomeadamente em películas de João César Monteiro, Margarida Gil e Alberto Seixas Santos.
Consagrada, já em 1969, com o romance Maina Mendes, tornou-se mais conhecida depois da polémica em torno das Novas Cartas Portuguesas (1972), obra em que se manifesta uma aberta oposição aos valores femininos tradicionais. Esta publicação claramente antifascista e altamente provocatória para o regime, levou as suas três autoras a tribunal, tendo o 25 de Abril interrompido as sanções a que estavam sujeitas as denominadas Três Marias: Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno. [2][3]
Às teses de reivindicação feminina já enunciadas em Novas Cartas Portuguesas, acrescenta-se, na sua obra, um inconformismo quanto aos cânones narrativos. Inconformismo esse que se pode verificar também na sua obra de ensaio.
Foi casada com o sociólogo Adérito Sedas Nunes.
Morreu no dia 23 de maio de 2020 em Lisboa, aos 81 anos.[4]
Prémios e Reconhecimento
Foi premiada com:
Prémio Vergílio Ferreira, da Universidade de Évora, em 1997, pelo conjunto da sua obra

Prémio Camões, em 2002

Prémio Correntes de Escritas, em 2008, pelo seu romance Myra

Grande Prémio de Literatura dst, em 2010, por Myra

Recebeu do Estado Português as condecorações:
Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (9 de junho de 2003)

Grande-Oficial da Ordem da Liberdade de Portugal (25 de abril de 2011)

Em 2020, a SPA (Sociedade Portuguesa de Autores), criou em sua homenagem o Prémio de Literatura Maria Velho Costa, com o qual, premiou no mesmo ano, a autora Teresa Noronha pelo o seu livro Tornado.
Obras publicadas
Entre as suas obras encontram-se: [5][6]
O Lugar Comum (1966)

Maina Mendes (1969)

Ensino Primário e Ideologia (1972)

Novas Cartas Portuguesas - com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno (1972)

Desescrita (1973)

Cravo (1976)

Português; Trabalhador; Doente Mental (1977)

Casas Pardas (1977)

Da Rosa Fixa (1978)

Corpo Verde (1979)

Lucialima (1983)

O Mapa Cor de Rosa (1984)

Missa in Albis (1988)

Das Áfricas — com José Afonso Furtado (1991)

Dores — contos, com Teresa Dias Coelho (1994)

Irene ou o Contrato Social (2000)

O Livro do Meio - com Armando Silva Carvalho (2006)

Myra (2008, Assírio & Alvim)

O Amante do Crato (2012)
fonte de origem: 

Domingo na Usina: Biografias: Carlos Alberto Serra de Oliveira:

 


Carlos Alberto Serra de Oliveira GOSE (Belém, 10 de agosto de 1921 — Lisboa, 1 de julho de 1981) foi um escritor português. Recebeu o Prémio Bordalo (1971) na categoria de "Literatura" e o Prémio Cidade de Lisboa (1978).
Carlos Alberto Serra de Oliveira nasceu a 10 de agosto de 1921, em Belém, estado do Pará, Brasil. Filho de imigrantes portugueses naquele país, veio aos dois anos para Portugal. A família fixa-se no concelho de Cantanhede, na região da Gândara, mais precisamente na vila de Febres, onde o pai exerceu medicina.[1][2]
Em 1933 Carlos de Oliveira muda-se para Coimbra, com o fim de prosseguir os estudos liceais e universitários, ingressando na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se licencia em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1947, com a tese Contribuição para uma estética neo-realista.[1]
É neste período que o cronista, crítico e tradutor, despertou para a escrita no seio da geração dos neo-realistas.[1] Já em 1937, publicou em conjunto com Fernando Namora e Artur Varela, um livro de novelas, com o título Cabeças de Barro, com chancela da Moura Marques & filho.[3]
Data de 1942 o seu primeiro livro de poemas, intitulado Turismo, com ilustrações de Fernando Namora e integrado na colecção poética Novo Cancioneiro[1][4]
Em 1943 Carlos de Oliveira publica o seu primeiro romance, Casa na Duna, volume da colecção dos "Novos Prosadores", editado pela Coimbra Editora.[1][5]
Em 1946 colaborou num livro de Fernando Lopes Graça, Marchas, Danças e Canções, editada pela Seara Nova, uma antologia de vários poetas, musicadas pelo maestro.[carece de fontes][6]
Em 1948 deixa Coimbra e radica-se em Lisboa, onde mantém colaborações pontuais em vários jornais e revistas, como Altitude, Seara Nova e sendo até director da revista Vértice.[1][2] Depois de chegar a tentar o ensino dedicou-se, definitivamente, à literatura de forma exclusivamente.[1]
Com maior parte da sua obra em prosa concentrada entre 1943 e 1953, é precisamente em 1953 que publica o livro Uma Abelha na Chuva. Este romance foi reconhecido como uma das mais importantes obras da literatura portuguesa do século XX, tendo sido de leitura obrigatória nos programas escolares em Portugal até final da década de 1990.[1]
Em 1957 organiza, com José Gomes Ferreira, os Contos Tradicionais Portugueses, alguns deles posteriormente adaptados ao cinema por João César Monteiro.[carece de fontes][7]
Após um período evolutivo, iniciado por Turismo (1942), é o livro de poemas Cantata (1960) que marca uma divisória na poesia de Carlos de Oliveira, passando os quatro livros seguintes a tornaram-se obras de referência na poesia portuguesa contemporânea.[1]
Carlos de Oliveira recebeu o Prémio Bordalo (1971), Prémio da Imprensa, na categoria de "Literatura", entregue pela Casa da Imprensa, em 1972, pelo seu livro de poesia Entre Duas Memórias (1971).[8]
Em 13 de Abril de 1972 estreia o filme Uma Abelha na Chuva de Fernando Lopes, coprotagonizado por João Guedes, no papel de Álvaro, e Laura Soveral, como Maria dos Prazeres, uma adaptação do romance de 1953 de Carlos de Oliveira.[8][9]
Regressou uma última vez ao romance com Finisterra (1978), tendo como fundo, tal como a sua prosa anterior, a paisagem gandaresa. A publicação gerou alguma polémica sobre a sua catalogação como romance, devido à sua ousada forma "quebrada" e poética, mas foi considerada uma obra renovadora do romance português contemporâneo.[1] A obra valheu-lhe o Prémio Cidade de Lisboa (1978), atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE).[10]
Carlos de Oliveira morreu em 1981, em Lisboa.[1][2]
Em 1990 Carlos Alberto Serra de Oliveira foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, a 10 de junho.[11]
Em 1995 foi editado uma versão de Poesias, pela editora Presença, acompanhada de um registo fonográfico em CD com poemas de Carlos de Oliveira ditos pelo actor João Grosso.[12][13]
Em 2012, o espólio do escritor foi doado pela sua viúva ao Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, composto por um total de cerca de nove mil documentos, entre produção literária do autor, a sua história pessoal, correspondência, fotografias, documentos impressos, artes plásticas, monografias a publicações periódica.[14]
Obras

Poesia

Turismo (Coimbra Editora, 1942)[4]

Mãe Pobre (Coimbra Editora, 1945)[15]

Colheita Perdida (Casa Minerva, 1948)[16]

Descida aos Infernos (1949)[17]

Terra de Harmonia (Centro Bibliográfico, 1950)[18]

Cantata (1960)[1]

Micropaisagem (Dom Quixote, 1968)[19]

Sobre o Lado Esquerdo, o Lado do Coração (Dom Quixote, 1968)[20]

Entre Duas Memórias (Dom Quixote, 1971)[21]

Pastoral (1977)[1]

Romances

Casa na Duna (Coimbra Editora, 1943)[5]

Alcateia (Coimbra Editora, 1944)[22]

Pequenos Burgueses (Coimbra Editora, 1948)[23]

Uma Abelha na Chuva (Coimbra Editora, 1953)[24]

Finisterra: paisagem e povoamento (Livraria Sá da Costa, 1978)[25]

Crónicas

O Aprendiz de Feiticeiro (Dom Quixote, 1971)[26]

Antologia

Poesias (1945-1960) (Portugália Editora, 1962)[27]

Trabalho Poético (Sá da Costa, 1975?)[28]
fonte de origem:

Domingo na Usina: Biografias: José Augusto Neves Cardoso Pires:



José Augusto Neves Cardoso Pires ComL • GCM (Vila de Rei, São João do Peso, 2 de Outubro de 1925 — Lisboa, Campo Grande, 26 de Outubro de 1998) foi um escritor português.[1][2][3][4]
Nascido em São João do Peso, no concelho de Vila de Rei, filho de José António Neves e de sua mulher Maria Sofia Cardoso Pires, ele daí natural e ela de Cardigos, em Mação, foi muito cedo para Lisboa com os pais, ele Oficial da Marinha Mercante, ela dona de casa, a irmã, Maria de Lurdes Neves Cardoso Pires (5 de Outubro de 1927) e o irmão, António Nuno Cardoso Pires Neves (13 de Junho de 1931 - 9 de Abril de 1953).[1][2][3][4]
Entre 1935 e 1944 frequentou o Liceu Camões, onde teve como professores Rómulo de Carvalho e Delfim Santos, iniciando, de seguida, uma nunca terminada licenciatura em Matemáticas Superiores, na Faculdade de Ciências.[1][2][3][4]
Em 1945 alista-se na Marinha Mercante, como praticante de piloto sem curso, actividade que abandona compulsivamente, «suspeito de indisciplina e detido em viagem do navio Niassa» (c.f. auto da Capitania do Porto de Lisboa, de 02-02-1946).[1][2][3][4]
Já depois de optar pela carreira de jornalista, veio a assumir a direcção das Edições Artísticas Fólio, onde Aquilino Ribeiro publicou O Retrato de Camilo, e onde lançou a colecção Teatro de Vanguarda, que contribuirá para a revelação em língua portuguesa de obras de Samuel Beckett, William Faulkner e Vladimir Maiakovski.[1][2][3][4]
Em 1959 foi para Itália, afim de estagiar na revista Época, de Milão, preparando-se para a publicação de um semanário em termos semelhantes ao da Época, que a censura impediu. Entretanto conseguiu lançar a revista Almanaque, cuja redacção integrou figuras como Luís Sttau Monteiro, Alexandre O'Neill, Vasco Pulido Valente, Augusto Abelaira e José Cutileiro.[1][2][3][4]
Foi ainda cronista do Diário de Lisboa, da Gazeta Musical e de Todas as Artes e da Afinidades.[1][2][3][5]
Em 1953, morre o seu irmão num acidente de aviação em cumprimento do serviço militar, quando o Harvard T6 em que treinava se incendiou em pleno voo acabando por cair e explodir. Dez anos mais tarde, Cardoso Pires dedica-lhe «in memoriam» o romance O Hóspede de Job como protesto contra a guerra fria e a colonização militares.[1][2][3]
A 8 de Julho de 1954 casou com Maria Edite Pereira (5 de Janeiro de 1932), Enfermeira, da qual teve duas filhas, Ana Cardoso Pires (4 de Setembro de 1956), casada e mãe de uma filha Joana (7 de Novembro de 1982) e um filho Rui (13 de Março de 1985) Cardoso Pires Tavares, e Rita Cardoso Pires (22 de Novembro de 1958), solteira e sem geração.[1][2][3][5]
Foi sepultado em 1998 no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[1][2][3]
Carreira literária
Unanimemente considerado um dos maiores escritores portugueses do século XX, numa galeria onde podemos encontrar nomes como José Saramago ou António Lobo Antunes, a sua carreira literária está marcada pela inquietação e pela deambulação. Autor de dezoito livros, publicados entre 1949 e 1997, não se identifica com nenhum grupo, nem se fixa em nenhum género literário, apesar de ser considerado sobretudo como um romancista. A sua relação mais duradoura no campo literário deu-se com o movimento neo-realista português, até ao 25 de Abril de 1974, justificada com a oposição ao regime autoritário português. A inserção da sua obra no neo-realismo é, por essas razões, contraditória. Frequentou também os grupos surrealistas, no início da década de 1940. Foi influenciado pela estética de Hemingway, pela narrativa cinematográfica, o que resulta em discursos curtos e diálogos concisos.
O Delfim, de 1968, é geralmente considerado a sua obra-prima, em que o narrador assume uma condição de forasteiro, aparentemente descomprometido com uma realidade anacrónica. A Gafeira, aldeia inexistente do distrito de Leiria, simboliza o Portugal marcelista, com um crime no centro da história. Tendo sido recebido, até 1974, como romance neo-realista, tem despertado um interesse crescente como narrativa pós-modernista. Pode efectivamente ser lido como o primeiro romance português no qual confluem as principais linguagens estéticas norteadoras do futuro pós-modernismo português devido à mistura de géneros, à polifonia, à fragmentação narrativa e à metaficção.[1][2][3][4]
Obras

Os Caminheiros e Outros Contos (Contos), 1949

Histórias de Amor (Contos), 1952

O Anjo Ancorado (Novela), 1958, com prefácio de Mário Dionísio

Cartilha do Marialva (Ensaio), 1960

O Render dos Heróis (Teatro), 1960

Jogos de Azar (Contos), 1963 ; 1993

O Hóspede de Job (Romance), 1963

O Delfim (Romance), 1968

Dinossauro Excelentíssimo (Sátira), 1972

E agora, José ? (Ensaio), 1977

O Burro em Pé (Contos), 1979

João Janito, o burro em pé, Moraes, 1979

Corpo-Delito na Sala de Espelhos, 1980

Balada da Praia dos Cães (Romance), 1982

Alexandra Alpha (Romance), 1987

A República dos Corvos (Contos), 1988

Cardoso Pires por Cardoso Pires (Crónicas), 1991

A Cavalo no Diabo (Crónicas), 1994

De Profundis, Valsa Lenta (Crónicas), 1997

Lisboa, Livro de Bordo (Crónicas), 1997

Lavagante, editado em 2008

Celeste & Làlinha — Por Cima de Toda a Folha (Ilustrações de Rita Cardoso Pires), 2015[6]

Filmes
Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema:
A Rapariga dos Fósforos, realização de Luís Galvão Teles (1978)[7]

Casino Oceano, realização de Lauro António (1983)[8]

Ritual dos Pequenos Vampiros, realização de Eduardo Geada (1984)[9]

Balada da Praia dos Cães, realização de José Fonseca e Costa (1987)[10]

O Delfim, realização de Fernando Lopes (2001)[11]

Teatro

Algumas das suas obras foram também levadas à cena:



O Render dos Heróis (1960)

Corpo Delito na Sala de Espelhos

e ao Teatro Radiofónico, como "Uma simples flor nos teus cabelos claros" (EN) e "Balada da Praia dos Cães" (folhetim EN).
fonte de origem: