sábado, 20 de fevereiro de 2021

Domingo na Usina: Biografias: José Augusto Neves Cardoso Pires:



José Augusto Neves Cardoso Pires ComL • GCM (Vila de Rei, São João do Peso, 2 de Outubro de 1925 — Lisboa, Campo Grande, 26 de Outubro de 1998) foi um escritor português.[1][2][3][4]
Nascido em São João do Peso, no concelho de Vila de Rei, filho de José António Neves e de sua mulher Maria Sofia Cardoso Pires, ele daí natural e ela de Cardigos, em Mação, foi muito cedo para Lisboa com os pais, ele Oficial da Marinha Mercante, ela dona de casa, a irmã, Maria de Lurdes Neves Cardoso Pires (5 de Outubro de 1927) e o irmão, António Nuno Cardoso Pires Neves (13 de Junho de 1931 - 9 de Abril de 1953).[1][2][3][4]
Entre 1935 e 1944 frequentou o Liceu Camões, onde teve como professores Rómulo de Carvalho e Delfim Santos, iniciando, de seguida, uma nunca terminada licenciatura em Matemáticas Superiores, na Faculdade de Ciências.[1][2][3][4]
Em 1945 alista-se na Marinha Mercante, como praticante de piloto sem curso, actividade que abandona compulsivamente, «suspeito de indisciplina e detido em viagem do navio Niassa» (c.f. auto da Capitania do Porto de Lisboa, de 02-02-1946).[1][2][3][4]
Já depois de optar pela carreira de jornalista, veio a assumir a direcção das Edições Artísticas Fólio, onde Aquilino Ribeiro publicou O Retrato de Camilo, e onde lançou a colecção Teatro de Vanguarda, que contribuirá para a revelação em língua portuguesa de obras de Samuel Beckett, William Faulkner e Vladimir Maiakovski.[1][2][3][4]
Em 1959 foi para Itália, afim de estagiar na revista Época, de Milão, preparando-se para a publicação de um semanário em termos semelhantes ao da Época, que a censura impediu. Entretanto conseguiu lançar a revista Almanaque, cuja redacção integrou figuras como Luís Sttau Monteiro, Alexandre O'Neill, Vasco Pulido Valente, Augusto Abelaira e José Cutileiro.[1][2][3][4]
Foi ainda cronista do Diário de Lisboa, da Gazeta Musical e de Todas as Artes e da Afinidades.[1][2][3][5]
Em 1953, morre o seu irmão num acidente de aviação em cumprimento do serviço militar, quando o Harvard T6 em que treinava se incendiou em pleno voo acabando por cair e explodir. Dez anos mais tarde, Cardoso Pires dedica-lhe «in memoriam» o romance O Hóspede de Job como protesto contra a guerra fria e a colonização militares.[1][2][3]
A 8 de Julho de 1954 casou com Maria Edite Pereira (5 de Janeiro de 1932), Enfermeira, da qual teve duas filhas, Ana Cardoso Pires (4 de Setembro de 1956), casada e mãe de uma filha Joana (7 de Novembro de 1982) e um filho Rui (13 de Março de 1985) Cardoso Pires Tavares, e Rita Cardoso Pires (22 de Novembro de 1958), solteira e sem geração.[1][2][3][5]
Foi sepultado em 1998 no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[1][2][3]
Carreira literária
Unanimemente considerado um dos maiores escritores portugueses do século XX, numa galeria onde podemos encontrar nomes como José Saramago ou António Lobo Antunes, a sua carreira literária está marcada pela inquietação e pela deambulação. Autor de dezoito livros, publicados entre 1949 e 1997, não se identifica com nenhum grupo, nem se fixa em nenhum género literário, apesar de ser considerado sobretudo como um romancista. A sua relação mais duradoura no campo literário deu-se com o movimento neo-realista português, até ao 25 de Abril de 1974, justificada com a oposição ao regime autoritário português. A inserção da sua obra no neo-realismo é, por essas razões, contraditória. Frequentou também os grupos surrealistas, no início da década de 1940. Foi influenciado pela estética de Hemingway, pela narrativa cinematográfica, o que resulta em discursos curtos e diálogos concisos.
O Delfim, de 1968, é geralmente considerado a sua obra-prima, em que o narrador assume uma condição de forasteiro, aparentemente descomprometido com uma realidade anacrónica. A Gafeira, aldeia inexistente do distrito de Leiria, simboliza o Portugal marcelista, com um crime no centro da história. Tendo sido recebido, até 1974, como romance neo-realista, tem despertado um interesse crescente como narrativa pós-modernista. Pode efectivamente ser lido como o primeiro romance português no qual confluem as principais linguagens estéticas norteadoras do futuro pós-modernismo português devido à mistura de géneros, à polifonia, à fragmentação narrativa e à metaficção.[1][2][3][4]
Obras

Os Caminheiros e Outros Contos (Contos), 1949

Histórias de Amor (Contos), 1952

O Anjo Ancorado (Novela), 1958, com prefácio de Mário Dionísio

Cartilha do Marialva (Ensaio), 1960

O Render dos Heróis (Teatro), 1960

Jogos de Azar (Contos), 1963 ; 1993

O Hóspede de Job (Romance), 1963

O Delfim (Romance), 1968

Dinossauro Excelentíssimo (Sátira), 1972

E agora, José ? (Ensaio), 1977

O Burro em Pé (Contos), 1979

João Janito, o burro em pé, Moraes, 1979

Corpo-Delito na Sala de Espelhos, 1980

Balada da Praia dos Cães (Romance), 1982

Alexandra Alpha (Romance), 1987

A República dos Corvos (Contos), 1988

Cardoso Pires por Cardoso Pires (Crónicas), 1991

A Cavalo no Diabo (Crónicas), 1994

De Profundis, Valsa Lenta (Crónicas), 1997

Lisboa, Livro de Bordo (Crónicas), 1997

Lavagante, editado em 2008

Celeste & Làlinha — Por Cima de Toda a Folha (Ilustrações de Rita Cardoso Pires), 2015[6]

Filmes
Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema:
A Rapariga dos Fósforos, realização de Luís Galvão Teles (1978)[7]

Casino Oceano, realização de Lauro António (1983)[8]

Ritual dos Pequenos Vampiros, realização de Eduardo Geada (1984)[9]

Balada da Praia dos Cães, realização de José Fonseca e Costa (1987)[10]

O Delfim, realização de Fernando Lopes (2001)[11]

Teatro

Algumas das suas obras foram também levadas à cena:



O Render dos Heróis (1960)

Corpo Delito na Sala de Espelhos

e ao Teatro Radiofónico, como "Uma simples flor nos teus cabelos claros" (EN) e "Balada da Praia dos Cães" (folhetim EN).
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