domingo, 2 de janeiro de 2022

Quando a Esperança Venceu o Medo:


 

Desabafo: ( Quando a Esperança Venceu o Medo)


Aos olhos do povo, e pensar que ontem era só um sonho

E hoje depois de longos e árduos anos de batalha.

Onde de peito aberto ou anonimamente costuramos

Com idealismo e amor a nossa pátria querida

Uma nova forma de se conduzir nossos objetivos.

Depois de muito trabalho incessante

E uma incansável luta de conscientização.

Sentimo-nos hoje todos absolutamente confortados

Pela imensa vitoria da nossa democracia

Assim como nos sentimos como se todos fossem presidentes.

Como se tudo que defendemos como idéias

Esteja onipresente na pessoa do nosso querido e eterno companheiro Lula.

Não esperamos por milagres, pois temos a consciência

Que teremos dificuldades, mas também temos a convicção

De que hoje se inicia um novo capitulo da nossa historia

E um novo rumo político para o mundo.

Hoje nos sentimos os ilustres desconhecidos

Mais lembrados da historia.

Todos nós somos Lula, somos Brasil

Com o coração inflado de alegria.

No horizonte azul de nossa pátria uma nova estrela

A nos guiar para o caminho da justiça, paz e prosperidade

Em um novo mundo.

Onde os direitos de todos sejam igualitários.

A pátria mãe querida eis que teus filhos venham a nascer

Em um verdadeiro berço esplendido de oportunidades.

O qual não é a nossa grande felicidade.

Podemos até ouvir o gargalhar das nossas almas.

E com a alma embriagada de felicidade e esperança,

Felicitamos ó pátria amada

Brasil.

conteúdo do livro:



Insônias D'Araújo:


 

Flores para cegos

Como é doloroso um Jardim de belas flores, onde

os olhos externos fingem serem cegos, para não verem

a beleza que há em cada olhar.

Almas em prantos, a sonharem com o tempo que vem,.....


conteúdo do livro:




Crônicas de Segunda na Usina: Auridan Dantas: VISITA DOMICILIAR – VI:

 


Essa família havia chegado à rua há poucos dias. Resolvi fazer uma visita, pois precisava coletar dados, desde a alvenaria da casa, quantos moradores, como era o processo de tratamento da água e dos alimentos, o acúmulo de lixo etc., de modo, que eu teria que percorrer desde a área até o quintal. Ao passar pelo corredor comprido, onde estavam os quartos, notei que nenhum deles tinha porta, e sim cortinas estampadas, mas transparentes.
A dona da casa, muito receptiva, ia mostrando tudo: sala, banheiro, quartos, cozinha e quintal. No meio do corredor, quando olhei para um quarto, um casal transava, e se via tudo pela cortina. Ela, bem natural, disse: nesse a senhora não pode entrar, porque meu filho ‘tá tendo relações com minha nora. Eu, com sorriso amarelo, desapontada pela situação, disse: não há problemas, os quartos não são iguais? Foi a minha saída.

Pode???

Crônicas de Segunda Na Usina: Machado de Assis: DE COMO ITAGUAÍ GANHOU UMA CASA DE ORATES:



As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, regendo a universidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.
—A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo.
Dito isso, meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência, alternando as curas com as leituras, e demonstrando os teoremas com cataplasmas. Aos quarenta anos casou com D. Evarista da Costa e Mascarenhas, senhora de vinte e cinco anos, viúva de um juiz de fora, e não bonita nem simpática. Um dos tios dele, caçador de pacas perante o Eterno, e não menos franco, admirou-se de semelhante escolha e disse-lho. Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas,—únicas dignas da preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.
D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem mofinos. A índole natural da ciência é a longanimidade; o nosso médico esperou três anos, depois quatro, depois cinco. Ao cabo desse tempo fez um estudo profundo da matéria, releu todos os escritores árabes e outros, que trouxera para Itaguaí, enviou consultas às universidades italianas e alemãs, e acabou por aconselhar à mulher um regímen alimentício especial. A ilustre dama, nutrida exclusivamente com a bela carne de porco de Itaguaí, não atendeu às admoestações do esposo; e à sua resistência,—explicável, mas inqualificável,— devemos a total extinção da dinastia dos Bacamartes.
Mas a ciência tem o inefável dom de curar todas as mágoas; o nosso médico mergulhou inteiramente no estudo e na prática da medicina. Foi então que um dos recantos desta lhe chamou especialmente a atenção,—o recanto psíquico, o exame de patologia cerebral. Não havia na colônia, e ainda no reino, uma só autoridade em semelhante matéria, mal explorada, ou quase inexplorada. Simão Bacamarte compreendeu que a ciência lusitana, e particularmente a brasileira, podia cobrir-se de "louros imarcescíveis",

— expressão usada por ele mesmo, mas em um arroubo de intimidade doméstica; exteriormente era modesto, segundo convém aos sabedores.
—A saúde da alma, bradou ele, é a ocupação mais digna do médico.
—Do verdadeiro médico, emendou Crispim Soares, boticário da vila, e um dos seus amigos e comensais.
A vereança de Itaguaí, entre outros pecados de que é argüida pelos cronistas, tinha o de não fazer caso dos dementes. Assim é que cada louco furioso era trancado em uma alcova, na própria casa, e, não curado, mas descurado, até que a morte o vinha defraudar do benefício da vida; os mansos andavam à solta
pela rua. Simão Bacamarte entendeu desde logo reformar tão ruim costume; pediu licença à Câmara para agasalhar e tratar no edifício que ia construir todos os loucos de Itaguaí e das demais vilas e cidades, mediante um estipêndio, que a Câmara lhe daria quando a família do enfermo o não pudesse fazer. A proposta excitou a curiosidade de toda a vila, e encontrou grande resistência, tão certo é que dificilmente se desarraigam hábitos absurdos, ou ainda maus. A idéia de meter os loucos na mesma casa, vivendo em comum, pareceu em si mesma sintoma de demência, e não faltou quem o insinuasse à própria mulher do médico.
—Olhe, D. Evarista, disse-lhe o Padre Lopes, vigário do lugar, veja se seu marido dá um passeio ao Rio de Janeiro. Isso de estudar sempre, sempre, não é bom, vira o juízo.
D. Evarista ficou aterrada, foi ter com o marido, disse-lhe "que estava com desejos", um principalmente, o de vir ao Rio de Janeiro e comer tudo o que a ele lhe parecesse adequado a certo fim. Mas aquele grande homem, com a rara sagacidade que o distinguia, penetrou a intenção da esposa e redargüiu-lhe sorrindo que não tivesse medo. Dali foi à Câmara, onde os vereadores debatiam a proposta, e defendeu-a com tanta eloqüência, que a maioria resolveu autorizá-lo ao que pedira, votando ao mesmo tempo um imposto destinado a subsidiar o tratamento, alojamento e mantimento dos doidos pobres. A matéria do imposto não foi fácil achá-la; tudo estava tributado em Itaguaí. Depois de longos estudos, assentou-se em permitir o uso de dois penachos nos cavalos dos enterros. Quem quisesse emplumar os cavalos de um coche mortuário pagaria dois tostões à Câmara, repetindo-se tantas vezes esta quantia quantas fossem as horas decorridas entre a do falecimento e a da última bênção na sepultura. O escrivão perdeu-se nos cálculos aritméticos do rendimento possível da nova taxa; e um dos vereadores, que não acreditava na empresa do médico, pediu que se relevasse o escrivão de um trabalho inútil.
— Os cálculos não são precisos, disse ele, porque o Dr. Bacamarte não arranja nada. Quem é que viu agora meter todos os doidos dentro da mesma casa?
Enganava-se o digno magistrado; o médico arranjou tudo. Uma vez empossado da licença começou logo a construir a casa. Era na Rua Nova, a mais bela rua de Itaguaí naquele tempo, tinha cinqüenta janelas por lado, um pátio no centro, e numerosos cubículos para os hóspedes. Como fosse grande arabista, achou no Corão que Maomé declara veneráveis os doidos, pela consideração de que Alá lhes tira o juízo para que não pequem. A idéia pareceu-lhe bonita e profunda, e ele a fez gravar no frontispício da casa; mas, como tinha medo ao vigário, e por tabela ao bispo, atribuiu o pensamento a Benedito VIII, merecendo com essa fraude aliás pia, que o Padre Lopes lhe contasse, ao almoço, a vida daquele pontífice eminente.
A Casa Verde foi o nome dado ao asilo, por alusão à cor das janelas, que pela primeira vez apareciam verdes em Itaguaí. Inaugurou-se com imensa pompa; de todas as vilas e povoações próximas, e até remotas, e da própria cidade do Rio de Janeiro, correu gente para assistir às cerimônias, que duraram sete dias. Muitos dementes já estavam recolhidos; e os parentes tiveram ocasião de ver o carinho paternal e a caridade cristã com que eles iam ser tratados. D. Evarista, contentíssima com a glória do marido, vestira-se luxuosamente, cobriu -se de jóias, flores e sedas. Ela foi uma verdadeira rainha naqueles dias memoráveis; ninguém deixou de ir visitá-la duas e três vezes, apesar dos costumes caseiros e recatados do século, e não só a cortejavam como a louvavam; porquanto,—e este fato é um documento altamente honroso para a sociedade do tempo, —porquanto viam nela a feliz esposa de um alto espírito, de um varão ilustre, e, se lhe tinham inveja, era a santa e nobre inveja dos admiradores.
 Ao cabo de sete dias expiraram as festas públicas; Itaguaí, tinha finalmente uma casa de orates.

Crônicas De Segunda Na Usina: Machado de Assis: Miss Dollar:

Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber
quem era Miss Dollar. Mas por outro lado, sem a apresentação de Miss
Dollar, seria o autor obrigado a longas digressões, que encheriam o papel
sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou apresentar-lhes Miss
Dollar.
Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina que Miss Dollar é
uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue, abrindo à
flor do rosto dois grandes olhos azuis e sacudindo ao vento umas longas
tranças loiras. A moça em questão deve ser vaporosa e ideal como uma
criação de Shakespeare; deve ser o contraste do roastbeef britânico, com
que se alimenta a liberdade do Reino Unido. Uma tal Miss Dollar deve ter o
poeta Tennyson de cor e ler Lamartine no original; se souber o português
deve deliciar-se com a leitura dos sonetos de Camões ou os Cantos de
Gonçalves Dias. O chá e o leite devem ser a alimentação de semelhante
criatura, adicionando-se-lhe alguns confeitos e biscoitos para acudir às
urgências do estômago. A sua fala deve ser um murmúrio de harpa eólia;
o seu amor um desmaio, a sua vida uma contemplação, a sua morte um
suspiro.
A figura é poética, mas não é a da heroína do romance.
Suponhamos que o leitor não é dado a estes devaneios e melancolias;
nesse caso imagina uma Miss Dollar totalmente diferente da outra. Desta
vez será uma robusta americana, vertendo sangue pelas faces, formas
arredondadas, olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita e perfeita.
Amiga da boa mesa e do bom copo, esta Miss Dollar preferirá um quarto
de carneiro a uma página de Longfellow, coisa naturalíssima quando o
estômago reclama, e nunca chegará a compreender a poesia do pôr-dosol.
Será uma boa mãe de família segundo a doutrina de alguns padres-
mestres da civilização, isto é, fecunda e ignorante.
Já não será do mesmo sentir o leitor que tiver passado a segunda
mocidade e vir diante de si uma velhice sem recurso. Para esse, a Miss
Dollar verdadeiramente digna de ser contada em algumas páginas, seria
uma boa inglesa de cinqüenta anos, dotada com algumas mil libras
esterlinas, e que, aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever
um romance, realizasse um romance verdadeiro, casando com o leitor
aludido. Uma tal Miss Dollar seria incompleta se não tivesse óculos verdes
e um grande cacho de cabelo grisalho em cada fonte. Luvas de renda
branca e chapéu de linho em forma de cuia, seriam a última demão deste
magnífico tipo de ultramar.
Mais esperto que os outros, acode um leitor dizendo que a heroína do
romance não é nem foi inglesa, mas brasileira dos quatro costados, e que
o nome de Miss Dollar quer dizer simplesmente que a rapariga é rica.
A descoberta seria excelente, se fosse exata; infelizmente nem esta nem
as outras são exatas. A Miss Dollar do romance não é a menina romântica,
nem a mulher robusta, nem a velha literata, nem a brasileira rica. Falha
desta vez a proverbial perspicácia dos leitores; Miss Dollar é uma cadelinha
galga.
Para algumas pessoas a qualidade da heroína fará perder o interesse do
romance. Erro manifesto. Miss Dollar, apesar de não ser mais que uma
cadelinha galga, teve as honras de ver o seu nome nos papéis públicos,
antes de entrar para este livro. O Jornal do Comércio e o Correio Mercantil
publicaram nas colunas dos anúncios as seguintes linhas reverberantes de
promessa:
Desencaminhou-se uma cadelinha galga, na noite de ontem,
30. Acode ao nome de Miss Dollar. Quem a achou e quiser
levar à Rua de Mata-cavalos no..., receberá duzentos mil-réis
de recompensa. Miss Dollar tem uma coleira ao pescoço
fechada por um cadeado em que se lêem as seguintes
palavras: De tout mon coeur.
Todas as pessoas que sentiam necessidade urgente de duzentos mil-réis, e
tiveram a felicidade de ler aquele anúncio, andaram nesse dia com
extremo cuidado nas ruas do Rio de Janeiro, a ver se davam com a fugitiva
Miss Dollar. Galgo que aparecesse ao longe era perseguido com tenacidade
até verificar-se que não era o animal procurado. Mas toda esta caçada dos
duzentos mil-réis era completamente inútil, visto que, no dia em que
apareceu o anúncio, já Miss Dollar estava aboletada na casa de um sujeito

morador nos Cajueiros que fazia coleção de cães. 

Crônicas De segunda Na usina:D'Araújo: Sonhos baratos.


       Em um mundo cada vez mais frenético onde passamos há consumir o tempo sem se dar conta da sua exata importância, sempre acabamos todos enfileirados na mesma burrice.
De vez em quando, eu, cidadão de poucas pretensões consumista, me vejo contaminado pelo impulso do consumo. Então me pego a observar as pessoas que transitam em plena 25 de Março, o mais autentico paraíso dos insatisfeitos. Como um rebanho fora de controle, alucinados pelos holofotes do baixo prazer. Todos vão se abalroando naquela calçada que com o tempo se tornaram estreitas diante o desejo incomum de todos, em muitas vezes a calçada se torna insuficiente então muitos passam a disputar espaço com os automóveis que ali trafegam com os seus motoristas sob a mesma luz do desejo.
Todos absolutamente encantados com as belas vitrines que acalentam seu ego vazio e obscuro.
Vão aos poucos abarrotando as suas sacolas de insatisfações nas imensas prateleiras das lojas de inutilidades domesticas, onde quase tudo que se compra, jamais vão utilizá-las. Em uma interminável lista de bibelôs para enfeitar os seus mais íntimos e obscuros desejos de felicidade.
         Assim vamos ofuscando nossos fracassos com os sonhos baratos de consumir a si mesmo antes que o tempo os consuma. Sempre cegos pela interminável necessidade do ter, e ser pelo poder, violentamos os mais nobres valores em nossos delírios instantâneos sobre o efeito desta febre de insanidade temporária diante uma imensa babel de loucos. E ao longo do tempo nos tornamos repulsivos aos que nos desafiam com a sua indiferença ao nosso nobre propósito de futilidades inúteis.
Entrincheiramos os sonhos nas nossas fortalezas de hipocrisia afastando qualquer possibilidade de convívio harmonioso com o semelhante que não compactue dos mesmos desejos insolentes.