quarta-feira, 20 de maio de 2020

Poesia De Quinta Na Usina: D'Araújo: D'Araújo: Tudo tem seu preço:


 

Será que é justo o farto, penoso

e inevitável lado oposto do que queremos.

 

Até quando conseguiremos nos afastar

dos nossos desejos, apenas para evitar

o oposto dos nossos gostos.

 

Com o carro vem o combustível, IPVA, seguro

obrigatório e a manutenção.

 

Com a casa vem os móveis, a decoração,

o IPTU e as desastrosas reformas.

 

Com a esposa vem a sogra, TPM, Shopping

Center, Cartão de Crédito estourado e

finalmente a perda do tesão.

 

Com seu melhor e fiel amigo, o cachorro,

vem a ração, o veterinário e os dejetos...

 

E assim vamos destilando as nossas

necessidades de cada dia, tentando fugir

ao máximo do oposto dos nossos gostos. 


Poesia De Quinta Na Usina: D'Araújo: A mão:


 

Mão que indica.

Mão que segura.

Mão que prende.

Mão que surpreende.

Mão que conduz.

Mão que empurra.

Mão que derruba.

Mão que ampara.

Mão que afaga.

Mão que acaricia.

É a mesma mão que mata, e quando não,

nos complica, por não sabermos o que fazer com

as mãos... 


Poesia De Quinta Na Usina: SONETO À Julieta dos Santos:


Lágrimas da aurora, poemas cristalinos 

Que rebentais das cobras do mistério! 
Aves azuis do manto auri-sidéreo... 
Raios de luz, fantásticos, divinos!... 
Astros diáfanos, brandos, opalinos, 
Brancas cecéns do Paraíso etéreo, 
Canto da tarde, límpido, aéreo, 
Harpa ideal, dos encantados hinos!... 
Brisas suaves, virações amenas, 
Lírios do vale, roseirais do lago, 
Bandos errantes de sutis falenas!... 
Vinde do arcano n’um potente afago 
Louvar o Gênio das mansões serenas, 
Esse Prodígio singular e mago!!...

Poesia De Quinta Na Usina: SONETO À Julieta dos Santos :


Quando apareces, fica-se impassível 
E mudo e quedo, trêmulo, gelado!... 
Quer-se ficar com atenção, calado, 
Quer-se falar sem mesmo ser possível!. 
Anda-se c'o a alma n'um estado horrível 
O coração completamente ervado!... 
Quer-se dar palmas, mas sem ser notado, 
Quer-se gritar, n'uma explosão temível!... 
Sobe-se e desce-se ao país das fadas, 
Vaga-se co’as nuvens das mansões doiradas 
Sob um esforço colossal, titânio!... 
E as idéias galopando voam... 
Então lá dentro sem parar, ressoam 
As indomáveis convulsões do crânio!!...

Poesia De Quinta Na Usina: Augusto dos Anjos: CANTO DE AGONIA:


Agonia de amor, agonia bendita!
-- Misto de infinita mágoa e de crença infinita. Nos desertos da Vida uma estrela fulgura
E o Viajeiro do Amor, vendo-a, triste, murmura:
-- Que eu nunca chore assim! Que eu nunca chore como Chorei, ontem, a sós, num volutuoso assomo, Numa prece de amor, numa felícia infinda,
Delícia que ainda gozo, oração, prece que ainda Entre saudades rezo, e entre sorrisos e entre Mágoas soluço, até que esta dor se concentre No âmago de meu peito e de minha saudade. Amor, escuridão e eterna claridade...
-- Calor que hoje me alenta e há de matar-me em breve, Frio que me assassina, amor e frio, neve,
Neve que me embala como um berço divino, Neve da minha dor, neve do meu destino!
E eu aqui a chorar nesta noite tão fria! Agonia, agonia, agonia, agonia!
-- Diz e morre-lhe a voz, e cansado e morrendo O Viajeiro vai, e vê a luz e vendo
Uma sombra que passa, uma nuvem que corre, Caminha e vai, o louco, abraça a sombra e...               morre! E a alma se lhe dilui na amplidão infinita...  Agonia de amar, agonia bendita!

Poesias De Quinta Na Usina: Augusto dos Anjos: ESTROFES SENTIDAS:


Eu sei que o Amor enche o Universo todo E se prende dos poetas à guitarra Como o pólipo que se agarra ao lodo E a ostra que às rochas eternais se agarra. O amor reduz-nos a uniformes placas, Uniformiza todos os anelos E une organizações fortes e fracas Nos mesmos laços e nos mesmos elos. Por muito tempo eu lhe sorvi o aroma, E, desvairado, sem prever o abismo Fiz desse amor um ídolo de Roma, Eleito Deus no altar do fetichismo! Tudo sacrifiquei para adorá-lo                                                                                                                                                                   -- Mas hoje, vendo o horror dos meus destroços, Tenho vontade de estrangulá-lo E reduzi-lo muitas vezes a ossos! Todo o ser que no mundo turbilhona Veja do Amor, à luz das minhas frases, Uma montanha que se desmorona, Estremecendo em suas próprias bases. E em qualquer parte do Universo veja -- Sombrias ruínas de um solar egrégio E o desmoronamento duma Igreja Despedaçada pelo sacrilégio. A Natureza veste extraordinárias Roupagens de ouro. Além, nas oliveiras, Aves de várias cores e de várias Espécies, cantam óperas inteiras. A compreensão da minha niilidade Aumenta à proporção que aumenta o dia E pouco a pouco o encéfalo me invade Numa clareza de fotografia. Na área em que estou, ao matinal assomo, Passa um rebanho de carneiros dóceis... E o Sol arranca as minhas crenças como Boucher de Perthes arrancava fósseis. Observo então a condição tristonha Da Humanidade, ébria de fumo e de ópio, Tal qual ela é, e não tal qual a sonha E a vê o Sábio pelo telescópio. O Sábio vê em proporções enormes Aquilo que é composto de pequenas Partes, construindo corpos quase informes E aquilo que é uma parcela apenas. Da observação nos elevados montes Prefiro, à nitidez real dos aspectos, Ver mastodontes onde há mastodontes E insetos ver onde há somente insetos. A inanidade da Ilusão demonstro Mas, demonstrando-a, sinto um violento Rancor da Vida -- este maldito monstro Que no meu próprio estômago alimento! Nisto a alma o ofício da Paixão entoa E vai cair, heroicamente, na água Da misteriosíssima lagoa Que a língua humana denomina Mágoa! Dos meus sonhos o exército desfila E, à frente dele, eu vou cantando a nênia Do Amor que eu tive e que se fez argila, Como Tirteu na guerra de Messênia! Transponho assim toda a sombria escarpa Sinistro como quem medita um crime. E quando a Dor me dói, tanjo minha harpa E a harpa saudosa a minha Dor exprime! Estes versos de amor que agora findo Foram sentidos na solidão de uma horta, À sombra dum verdoengo tamarindo Que representa a minha infância morta!


Quarta Na Usina: Poetisas na Rede: Aranilda Araujo: LEMBRANÇAS:


Creio ainda em ti..
No santo sacramento
Do amor consagrado
Que um dia, enfim, juramos...

Com um sorriso nas manhãs
Quando riscava um sol nascente
E nossas manhãs brejeiras
Vinham os sonhos nos aquecer

E tão ternamente eu te namorava.
No entrelace das mãos
Entre risos e prosas
Chorar não era o meu dilema

Mas, já não somos risos nem prosa.
Nem a fonte do amor jurado
Quando o sacramento foi em vão
E a quimera virou desilusão.

Hoje somos restos...
Lembranças entre rabiscos,
Na foto amarelada...
Marcada pelo beijo meu.


Quarta Na Usina: Poetisas na Rede:Ysolda Cabral: ESPERANÇA DE CURA:



Acordar com o canto da chuva,
com o perfume que ela exala,
em paz e me sentindo segura;
A dádiva é grande e está clara.

Na linda Hortelã vejo candura,
seu verde invade a minha sala,
a sorrir toda molhada de chuva.
Beleza que me faz perder a fala.

Ah, quão feliz eu sou e tão sortuda!
Agradeço a Deus de todo coração.
Só então me sinto pronta para luta.

A filha dorme embalada pela canção
da chuva que, traz esperança de cura,
para todo sofrimento de nossa Nação.

**********

Praia de Boa Viagem-PE
20.05.2020
Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor.

Quarta na Usina: Poetisas na Rede: Ana Alencar:


Quarta na usina: Poetisas da Rede: Lina Freitas de Caridade:


"Silencia-me. Cala os meus sentidos 

contornando a minha inocência, 

despe-me dos erros e afaga-me 

no rio das tuas tentações…"

(Reservados os Direitos do Autor - Lina Freitas de Caridade)

fonte de origem:

#linafreitasescritora
https://www.youtube.com/watch?v=WjqYTpE6Qdg

Quarta Na Usina: Poetisas Na Rede: Sandra Raposa: UMA CANÇÃO:


Ainda não temos a nossa canção;
uma melodia para nos representar.
Que conte a história com exatidão;
um som gostoso de relembrar.

A música é o barulho que pensa;
até o vento tem o seu ecoar.
Invade o corpo sem pedir licença;
em seu embalo nos faz sonhar.

Descompassados ficarão os meus passos;
quando você me tirar para dançar.
De repente me vejo presa em seus braços;
confesso que meu corpo vai até levitar.

Que seja um ritmo romântico de amor;
ao ouvir faça o coração acelerar.
Instrumental ou com voz de tenor;
selando o nosso momento de amar.


fonte de origem:

https://www.facebook.com/groups/1606755629587353/