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A' porta de hum modista, de Paris,
Lindo "carro parou—Numero—X—;
Conduzindo hum volume, na figura,
Que diziam, alguns, ser creatura,
Cujas fôrmas mui toscas e brutaes,
Assemelham-n'á brutos animaes.
Mal que da sege sahe a raridade
Retumba a maisvprofunda hilaridade.
Em massa corre o, povo, apressuroso,
Para ver o volume monstruoso;
De espanto toda ,g*-ente amotinada.
Dizia ser cousa endiabrada.
Huns affirmam que o bruto é hum camello,
Por trazer no costado cotovelo;
E' asno, diz hum outro, anda de tranco,
Apezar do focinho d'urso-branco!
Ser jumento aquell' outro declarava,
Porque longas orelhas abanava!
Recresce a confusão na intelligencia,
O bruto não conhecem d'excellencia!
Mandam vir do Livreiro Garnier,
Os volumes do grande Couvier;
Buffon, Guliver, Plinio, Columella,
Moraes, Fonseca, Barros e Portella;
Volveram d'alto a baixo os taes volumes,,
Com olhos de luzentes vagalumes,
E d'esta nunca vista raridade
Não poderam notSr a qualidade!
Vencido de roaz curiosidade
O povo percorreu toda cidade;