quinta-feira, 16 de julho de 2020

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Jonnata Henrique: OBSEQUIADO:

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Por você eu fui obsequiado

Divina cláusula, epitáfio deferido

Qual láurea, mérito outorgado

Por um celestial ser proferido

Vosso pulcro de colossal nuance

Agraciou-me, excelsa, jubilosa

Abençoado fora, sacra délivrance

De gênesis mirifica e donairosa

Jonnata Henrique 13/07/2020


Sexta na Usina: Poetas da Rede: Paulo Gomes: O ANCIÃO:

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Esta noite visitei um ancião

Que vive na Ribeira Brava

Numa gruta escavada à mão

Mesmo no final da estrada

Queria saber o meu futuro

Como poeta, nas suas visões

Se o meu destino seria duro

Ou se poderia ter outras ilusões

Queria usar a sua experiência

Tinha forte vontade de aprender

Como transmitir a excelência

Nos poemas que possa escrever

Senti uma alegria no olhar do ancião

Num tom suave explicou como fazer

Escutar todos os dias o meu coração

E nunca, mesmo nunca parar de escrever

Paulo Gomes


Sexta na Usina: Poetas da Rede: Augusto Molarinho de Andrade: OS CACILHEIROS:

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Tempos duros, diferentes

Dos que vivemos agora

Que ninguém pode apagar

Lembranças tão frequentes

Que o poeta traz na hora

Pra quem quiser recordar

Já se foram as varinas

Sumiram-se os sinaleiros

Acabaram as ‘sopeiras’

Foram-se há muito os ardinas

Aguadeiros e leiteiros

Findaram as lavadeiras

Mas no Tejo, velho rio

Reina ufano o cacilheiro

Que segue indiferente aos tempos

Sulca essas águas com brio

Esse marco verdadeiro

Sem os velhos contratempos

Para trás a ansiedade

Trazida p’los nevoeiros

Ou ondas mais alterosas

Culpa da modernidade

Que ajuda os marinheiros

Nas travessias perigosas

Hoje tudo é diferente

Já ninguém fica no cais

Por ventos ou nevoeiros

Transportam um mar de gente

Nas ligações fluviais

Esses velhos cacilheiros

Continua a ser normal

Ver a tremenda canseira

Para atravessar o rio

É esse o maior sinal

Que esta imagem rotineira

Nos conduz ao desvario

É companheiro constante

De gente laboriosa

Que se entre margens se conduz

Torna bem mais fascinante

Lisboa já tão famosa

Pois seu encanto seduz

‘’Alentejano e Poeta’’

Augusto Molarinho de Andrade

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12 de Julho de 2020


Sexta na Usina: Poetas da Rede: João Vale Lopes: SOU TEMPO DE LUZ:

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Sou tempo de luz

Que se parte em infindas sombras,

Arbustivas galerias de sangue

Tocando o corpo folhoso da mulher no peso lúbrico,

Pedra avantajada na dureza dos seios

E um sorriso de momentâneos silêncios

E o inefável abrir do instinto da noite,

Enquanto atravessam trespassados gritos de ave

No ondear invasivo de palpitantes flores de água.

Sou tempo de luz

Que provém da água inicial de outros sentidos,

A brandura fulgurada num arco de vento,

A embriaguez num silêncio de fogo

Fustigando o corpo iluminado com luzes intensas.

Toco o peso iniciático da alegria

E a carne fulge musical no vagar melodioso das vogais

E a chama dá florescências ao espírito.

Cantarei  exuberante uma alegria de morte.

Deus dá o fruto e empolga num instante a eternidade

E eu estou dentro do fruto como sol.

Dai-me um torso curvado pelo musical ritmo,

Substantiva flagrância de movimentos emanados pela alma,

Onde a chama orbita a fluência de vento dançante.

Manar a crescente carne em espírito cego e abstracto,

Uma ideia de pedra salivante no esteio morno

Alimentando os teus desejos puros

Para definhar na tua boca com um hálito de sombra

Penetrando a tua voz

Como a minha espada se perde na silenciosa morte.

                           João Vale Lopes

                              14-07-2020

                      Arte de Edwin George


Sexta na Usina: Poetas da Rede: Geo Santos: AS LÁGRIMAS DA SANTA:

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A santa chorou

A notícia se espalhou

Nas ondas do rádio, jornal,

Internet, televisão...

A santa chorou

No silêncio enigmático

Da fé;

Uns disseram que eram

"Lágrimas de sangue"

- Milagre!

Outros que eram

"Lágrimas de crocodilo"

- Embromação!

E a santa chorou

Verdadeiramente

"Lágrimas incolor"

Na transparência da fé.

Iluminou os corações

Aflitos

Dos que não viram

E nem nada disseram...

O milagre aconteceu

Nos corações ateus.

Ilustração: internet.

* Todo respeito aos direitos autorais dos meus poemas.

Maceió, 15 de Julho de 2020.

(poema escrito em 29/09/2015).