
IV
Outro
fantasma, a glória,
Da
passada visão invade o posto.
Pelos mares risonhos da esperança
Ao batel do desejo abrindo as velas
Minh’alma foi buscá-lo.
De pintor
bem falaz condão tem ele
Muito
para temer; do entusiasmo
Nas lavas
do vulcão acende o facho,
Que os
desenhos lhe aclara: esposa amante,
Dá-lhe, a
imaginação, seus cofres todos,
Donde
tira estampas que copia
Nas telas
do futuro. De seus quadros
Na beleza
enlevada a viajante
Navega
sem sentir.
Eis ponto
negro
No
azulado horizonte surge, e estende
Asas de
tempestade! Às vistas magas
Reposteiro
de ferro mão ignota
Rápido
corre, e presto em lastro imenso
De
aguçados cachopos se convertem
As
aniladas ondas. Rola o lenho
Por sobre
o pedregal, e mastro e leme,
Enrolados
na vela espedaçada,
O sopro
de um tufão some nos ares!
Rompendo
a cerração espectro em osso
De
repente aparece, sacudindo
Na destra
uma mortalha: envolto nela
Desceu
meu pai à campa!...
Musa,
basta...
Pare-se
um pouco aqui; nas tuas asas,
Que não
neste papel, corra meu pranto...
Apara-o,
anjo meu; depois os mares
Transpõe...
o lar dos mortos não te assusta —
Não é
assim? Pois bem, irmã querida,
Na terra
— nossa mãe — suspende os vôos;
Busca a
sombria região dos túmulos,
E lá,
depois de um beijo dar na campa
De nosso
amado pai, depõe sobre ela
Este
pranto que verto.
Enfim
bonança
Ímpia
resplandeceu sobre os destroços
Que fez o
vendaval. Único vivo,
Em pé
sobre um rochedo, contemplei-os
E ri-me... e neste riso agonizou-me A última esperança... foi a síntese
De minha vida inteira; — estreita fresta Por onde, desmaiada e quase
morta,
Minh’alma
um raio morno
De prazer
sepulcral mandava ao mundo.
E o
Gênio, que viu meu berço,
Dentre os
cachopos surgiu,
E olhando
os estragos riu,
Contente
de minha dor.
Do Gênio
estava completa
Toda
inteira a profecia:
Era o que
o Gênio dizia
No seu
riso mofador.