quarta-feira, 10 de março de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:

 


 

V

 

E desde então existo, mas não vivo;

 

Só tenho sentimento

 

Nesse elo fatal por onde a vida

 

Se prende ao sofrimento.

 

Vi na infância relâmpago afogado

 

Em negra escuridão;

 

De amor nas breves ditas vil mentira,

 

Na glória uma ilusão.

 

Eis porquê, dos prazeres desquitado,

 

O rosto em pranto inundo;

 

Tudo odeio, e pareço desposado

 

Com seres doutro mundo.

 

E na verdade o estou: pena minh’alma

 

Nas sombras da amargura...

 

Homens! fugi de mim; não vos pertenço —

 

Sou outra criatura.

 

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