quarta-feira, 10 de março de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:

 




SONETO

E ele morreu. Ele que foi um forte Que nunca se quebrou pelo Desgosto Morreu... 
mas não deixou na ara do rosto Um só vestígio que acusasse a Morte!
O anatomista que investiga a sorte Das vidas que se abismam 
no Sol-posto Ficaria admirado do seu rosto
Vendo-o tão belo, tão sereno e forte!
Quando meu Pai deixou o lar amigo 
Um sabiá da casa muito antigo, 
Que há muito tempo não cantava lá,
Diluiu o silêncio em litanias...
E hoje, poetas, já faz sete dias 
Que eu ouço o canto desse sabiá!

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