quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:



Dormir, sonhar, e acordar
 
Como é impiedosa a falta da minha,
doce amada, meu mais precioso alimento.
Pois você é tudo o que podia querer.
Até quando, o amor o desejo e a necessidade,
vai nos manter a espera de uma nova possibilidade.
Esta distancia está abrindo uma enorme ferida
em meu peito que lateja noite e dia desta tua ...

poema na integra no livro:

"Entre Lírios e Promessas"



Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:





Sem argumento

Quando é que vamos entender que a mentira é o argumento 
mais inútil da insatisfação, pois o máximo que conseguimos 
é enganarmos a nós mesmo e que a mentira e a fuga só aumenta 
o abismo entre a necessidade do fazer e os sentimentos possíveis.
Como podemos fugir de nossa inevitável realidade diária, sempre 
tentando criar novas realidades que não vão dar em nada, porque 
que ao invés de fugirmos não encaramos os fatos, eminentes e nos 
livramos para sempre dos inconvenientes, para assim 
começar um novo viver, que lhe seja satisfatório....

Poema na integra no livro:
"Entre Lírios e Promessas"



Poesia de Quinta na Usina: Machado de Assis:


III

O poeta a rir
(Han-Tiê)
Taça d’água parece o lago ameno;
Tem os bambus a formam de cabanas,
Que as árvores em flor, mais altas, cobrem
Com verdejantes tetos.
As pontiagudas rochas entre flores,
Dos pagodes o grave aspecto ostentam...
Faz-me rir ver-te assim, ó natureza,
Cópia servil dos homens.


Poesia de Quinta na Usina: Machado de Assis:


II

A folha do salgueiro
(Tchan-Tiú-Lin)
Amo aquela formosa e terna moça
Que, à janela encostada, arfa e suspira;
Não porque tem do largo rio à margem
Casa faustosa e bela.
Amo-a, porque deixou das mãos mimosas
Verde folha cair nas mansas águas.
Amo a brisa de leste que sussurra,
Não porque traz nas asas delicadas
O perfume dos verdes pessegueiros
Da oriental montanha.
Amo-a porque impeliu co’as tênues asas
Ao meu batel a abandonada folha.
Se amo a mimosa folha aqui trazida,
Não é porque me lembre à alma e aos olhos
A renascente, a amável primavera,
Pompa e vigor dos vales.
Amo a folha por ver-lhe um nome escrito,
Escrito, sim, por ela, e esse... meu nome.


Poesia de Quinta na Usina: Machado de Assis:



LIRA CHINESAvi

I

Coração triste falando ao sol.
( Imitado de Su-Tchon)
No arvoredo sussurra o vendaval do outono,
Deita as folhas à terra, onde não há florir
E eu contemplo sem pena esse triste abandono;
Só eu as vi nascer, vejo-as só eu cair.
Como a escura montanha, esguia e pavorosa
Faz, quando o sol descamba, o vale enoitecer,
A montanha da alma, a tristeza amorosa,
Também de ignota sombra enche todo o meu ser.
Transforma o frio inverno a água em pedra dura,
Mas torna a pedra em água um raio de verão;
Vem, ó sol, vem, assume o trono teu na altura,
Vê se podes fundir meu triste coração.

Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:



lendas vindas das terras lindas
de orientes findos me façam feliz
feito esta vida não faz

Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:



business man
make as many business as you can
you will never know who i am
your mother says no
your father says never
you’ll never know
how the strawberry fields it will be forever

Poesia de quinta na Usina: Paulo Leminsk:


 

A vagina vazia imagina
que a página (sem vaselina)
a si mesma se preenche
e se plagia
Essa língua que sempre falo (e falo sempre)
e distraído escrevo
embora não tão frequentemente 
massa falida desmorona no papel
quando babo e acabada em texto
eu acabo

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Elizabeth Loureiro Euclydes:

 


COMPASSO DE ESPERA

Vivemos a vida em busca de algo especial,

 A espera.

Conectados num círculo de vida, universal,

A espera.

Temos vários sentimentos todos diferentes,

A espera.

Pensando no futuro mais que no presente,

A espera.

Sofremos pesando quais as consequências,

A espera.

Inquietamos o pensar alheio, maledicências,

A espera.

Consultando o relógio, e contamos o tempo,

A espera.

Pedimos ao universo forças pra viver atempo,

A espera.

Aguardando a chegada de uma figura querida,

A espera.

Horário da chegada ou de determinada partida,

A espera.

Que os filhos cresçam saudáveis, independentes,

A espera.

Nesta ciranda da vida se amadurece é inconteste

A espera,

O tempo voa, a vida mesmo longa, ainda é curta,

A espera.

Passamos assim na esperança, o tempo encurta,

A espera.

A vida é linda! Que ao Senhor do Universo,

 A espera,

Escute a nossas orações, enviadas em versos,

 A espera.

Espalhando amores ao mundo, nossa Gratidão.

Sem espera.