domingo, 15 de agosto de 2021

INSÔNIAS: D'Araújo:

 


Quase tudo

O meu existir.

O meu pensar.

O meu desejar.

O meu fazer.

O meu ser.

O meu amar.

O meu eu é assim.

Ou é intenso ou nunca foi....

Poema na integra no livro:

"INSÔNIAS"



Crônicas de Segunda na Usina: Auridan Dantas: SAGA DA RECUPERAÇÃO – A FISIOTERAPIA:

 



Fisioterapia! Ah, a fisioterapia. 
Eu que pensava que a minha profissão de dentista era o terror da população. Como passo pela situação de dentista e de paciente, tenho a noção do que o caboclo sente quando está na cadeira do dentista. Porém, na fisioterapia, isso não acontece. Cheguei à clínica e fui levado a um local chamado Ginásio (antes de ver, achei que já ia começar jogando bola). 
Do lado de fora é uma beleza. Portas de vidro, ar- condicionado, muitas macas, várias pessoas, fisioterapeutas e auxiliares. Muito movimento, mas sem som. 
Quando abriram as portas e eu entrei, vi que a con- versa era outra. Um tirinete de gente gemendo, gritando e reclamando de dor. 
A fisioterapia é uma tortura educada. Tem conversinha não. Vi dois cabras brutos, desses beradeiros de alta linhagem, que jamais alguém imagina que o cidadão vai gritar de dor, gemendo e gritando de dor. 
Esse foi o cartão de visita. Senti-me com a urina es- correndo. 
Como era o primeiro dia, achei que ia ser maneiro: um gelo, uns exercícios de alongamento, ultrassom. Que nada! Perguntaram logo se eu tinha pena de mim. Se eu não tiver, quem danado vai ter? Imaginei o que vinha pela frente. 
E pegue sofrimento. 
Mas não tem nada não. Já estou acostumado: nordes- tino, liso, sem parentes importantes e vindo do interior, torcedor do América/RN (até hoje, a pior campanha da série A) e do Flamengo (ganha, mas não convence nem a mãe de pantanha). Então, segue a vida... 
E viva a fisioterapia! (posso falar mal não, porque tem personalidades no IFRN que não posso decepcionar – Antonio Haesbaert, Gracinha, Priscilla Fernandes e Grácia).

Crônicas de Segunda na Usina: Auridan Dantas: SAGA DA RECUPERAÇÃO – O RECREADOR E A ÉTICA MÉDICA:

 


Não é ficção, é realidade. Peço desculpas antecipadas pelas possíveis palavras chulas ou se alguém entender como desres- peito. Mas, como estou sem fazer nada, resolvi escrever. 
Situação real: eu em um apartamento de hospital, pós- cirurgia, e com efeito da anestesia raqui. Resultado = os rins ainda sem funcionar. 
Então, aperto o tal de um botão que toca na sala de enfermagem. Em poucos minutos chegam duas en- fermeiras (é de se elogiar este hospital, pois além da efi- ciência na rapidez do atendimento, foram muito bem esco- lhidas - a equipe que seleciona os currículos é nota dez). Relato a situação, e elas dizem que vão preparar o material para inserir uma sonda, e que retornam em breve. 
Fico na maior ansiedade, pensando no que vai acontecer. 
Realmente, em pouco tempo elas retornam. Um monte de material, que logo espalham numa mesa auxiliar, e dizem que vão iniciar o procedimento. Ai, meu amigo velho, a mente humana começa a agir do jeito que o diabo gosta (desculpe a palavra diabo, mas é ditado popular, porque na realidade, qualquer um estaria na mesma situação). 
Primeira situação: uma delas diz que vai baixar o seu pijama - pense num negócio que não se ouve toda hora, e nem de uma enfermeira de olhos azuis. Minha mãe estava me acompanhando nessa hora, e educadamente disse: é melhor eu sair, para vocês ficarem mais a vontade - há tempos atrás ela não diria isso. Se fosse Ana Flávia, acho que ela ia dizer: vá dizendo, que eu mesma faço. 
Após a baixada do pijama, e com o “recreador” enca- bulado, a outra enfermeira (olhos castanhos) diz que vai passar um soro fisiológico, e que vai dar um friozinho - eu fiquei foi com medo de um choque térmico, porque o sangue já estava 
fervendo, ainda mais porque uma segurava o recreador e a outra passava o soro. Como estavam de máscara, e não sei qual o parâmetro delas, não dava para saber se tinha algum risinho irônico ou se tinha alguma alegria. Depois do soro, dis- seram que iam passar um gel desinfetante. Ou seja, já estavam partindo para a sacanagem. 
Mermão, tem condições não. Uma dor miserável no joelho, a bexiga 100% inchada e um incômodo da peste, e eu ali vendo duas mulheres alisando o recreador. Vai dizer que você ia pensar no The Voice ou na semifinal da Copa do Brasil? Minta não, rapaz. Nessa hora, eu já não conseguia olhar para elas. 
Mas ficou pior, pois elas colocaram um campo cirúr- gico (aquele pano com um furinho, que só fica de fora a área do tratamento). Resumo: o recreador ficou soberano. 
Mas, quando tudo podia melhorar, vem uma pontada desgraçada, e a sensação de urinar para dentro. É a tal da sonda. Sai toda a urina, e elas passam a tratar o recreador como se fosse um ninguém. 
Acho que é a tal da ética médica. 

Crônicas de Segunda na Usina: Auridan Dantas: CRÔNICA DO COTIDIANO – A CIRURGIA - O INÍCIO DE UMA SAGA:

 


Você já se internou em hospital para fazer cirurgia? Ainda não? Dê graças a Deus. 
Minha cirurgia foi agendada para as 13h, e a orienta- ção era de chegar ao hospital às 10h, e em jejum. Um cidadão do meu tamanho e com um bucho em progressão geométrica, ficar esse tempo todo sem alimento é de lascar. Mas foi o jeito. 
Cheguei como um autêntico nordestino britânico, às 10h, e o hospital tinha duas recepções. Numa delas, tinha um letreiro bem grande - INTERNAMENTO. Ao me dirigir à atenden- te desta recepção, ela perguntou: é internamento? Se eu fosse “Seu Lunga”, ou estivesse com o espírito dele, já ia bagunçar logo de cara. Mas o cidadão, quando está indo para uma cirur- gia, já vai em jejum e nervoso, e fica mais fraco do que caldo de biloca. É o popular (com todo respeito) extrato de pó de peido. 
Então, entreguei minha documentação e todos os exa- mes, incluindo os do ano passado (pois deveria ter feito esta cirurgia em 2012, mas afrouxei), e haja assinatura, digital, assine aqui, rubrique ali, digital de novo, enfim. 
Ao concluir, a atendente pediu que eu aguardasse que um maqueiro viria me levar ao apartamento. Em instantes, chega o maqueiro, pega a documentação na recepção, dá uma lida rápida e chama o meu nome. 
Ops, sou eu. 
E ele pergunta: é possível ir andando? (deve ter lido que a cirurgia era de joelho). Como eu já estava de pé, ficou difícil dizer que não. Perdi a chance de ir de cadeira de rodas. Mas quem foi me visitar sabe do que vou falar: o apartamento era o último, da última ala e do último corredor. Ao chegar, só não desconfiei que estivesse na porta do céu porque a imagem ao lado da porta era de Santa Terezinha, e não de São Pedro. 
O maqueiro abriu a porta e apresentou tudo do apar- tamento, informando que depois viria me buscar para levar ao centro cirúrgico. Nesse tempo de espera, a ansiedade é grande e surgem muitas ideias, inclusive a de fugir. Às12h, chega o maqueiro, me entrega três pequenos pacotes e informa: um é a proteção para os pés, outro é a proteção para a cabeça e o último é a bata. A bata deve ser vestida com a abertura para trás. 
Então eu disse: meu amigo, a cirurgia é de joelho, e não de hemorroidas. E ele disse que era assim, devido à anes- tesia nas costas - a tal da raqui. 
Assim sendo, começou a sacanagem. A população está ficando cada vez mais alta - é só olhar para os nossos filhos, mas as organizações não pensam nisso. Ao colocar a proteção dos pés, fiquei com o dedão e o vizinho voltados para cima, igual a sapato de palhaço, pois o tamanho era único, e o meu pé é 44/45, e largo que nem uma raiz de jacarandá. A proteção da cabeça ficou tão arrochada que fiquei com a marca de um capacete. Mas o pior foi a bata: tamanho único também, e não cobria nem o santo e nem o milagre. Ao sair do banheiro e en- trar no quarto com ar-condicionado, me senti totalmente pelado no convés de um navio, com a proa e a polpa desabrigadas, e explorando a Antártida. Gelou até o cérebro. 
Mas ainda ficou pior. Tive que sair do apartamento nestes trajes e deitar na maca (50 cm de largura e 1,70m de comprimento - fiquei com os pés de fora) para percorrer o hospital quase todo e chegar ao centro cirúrgico (lembra-se da distância do apartamento?). Ainda bem que o maqueiro me deu um lençol, senão o “recreador” ia conhecer o teto do hospital junto comigo. 
Por que estou contando isso? Não sei. 
Só sei que foi assim.

Crônicas de segunda na Usina: Auridan Dantas: CRÔNICA DO COTIDIANO – CUIDADO COM O CALIBRE DO BICHO:

 


Reunião para produção de material destinado a cursos de ca- pacitação, e daquelas em que todos estão muito atarefados. E eu só observando o que é dito por cada um, pois estava parti- cipando de outra agenda e cheguei ao meio do trabalho. Além de mim, estavam presentes um marmanjo e duas madames.
De repente, começa o seguinte diálogo entre estas três
pessoas:
- Madame 1 para Marmanjo – Você tem aquele negócio
que coloca aqui (e aponta para a entrada do notebook)?
- Marmanjo – Tenho.
- Madame 1 – É da cabeça grande ou pequena?
- Marmanjo – É média.
- Madame 1 – Deixa-me colocar aqui no buraco para ver se cabe. Ihhh, ficou frouxo. Ainda é pequeno.
- Madame 2 – Vixe! É porque tem de todo tamanho. Tem uns mais fininhos e uns mais grossos. Veja o que eu trouxe na bolsa, pode ser que caiba.
- Madame 1 – Naaannnn! Esse é grosso demais.
- Madame 2 – Mulher, tu é muito chata. Nunca fica satisfeita. Como é que quer ser feliz, se reclama do fininho e do grossão?
- Marmanjo – Deixe-me tentar colocar. Pode ser que com jeitinho encaixe.
- Madame 1 – Então chegue. Será que se enrolar o fininho, ele cabe?
- Marmanjo – Tem jeito não. O fininho não consegue encaixar o ponto de contato e o grosso nem sequer entra.
E então entra o rapaz do cafezinho. Sabe aquela cara de safado, de quem viu as calcinhas de uma donzela que cru- zou as pernas e esqueceu que estava de saia curta? O sacana devia ter escutado tudo, e ficou parado atrás da porta só espe- rando a melhor hora para entrar e pegar no flagra. Lascou-se. Deixou o café e saiu.
Foi quando alguém finalmente falou alto: nunca me lembro de trazer o carregador do meu notebook, porque este modelo é antigo, e nunca acho um cabo que tenha o cabeçote adequado.
VIIIIIIIIIGGGGGGEEE. Não sabia que notebook tem o tal do “ponto G”.

Crônicas De Segunda Na Usina: D'Araújo: Até que a luz se apague:



Já se foram trinta dias de quarentena, e cá estou eu sitiado dentro de mim mesmo.
Refém das noticias que ultimamente não são nada boas, é constrangedor ver minha pobre Pátria sendo consumida por um rebanho de alienados.
Vi o herói salvador, ser transformado em Demônio traidor em questão de segundo, e o Mito e seus delírios se diluírem em mentiras em rede nacional.
O jornalismo televisivo já se tornou deprimente, e o facemundo já me dar náuseas.
Depois de ser bombardeado com  notícias sincronizadas de todos os lados resolvi dá um tempo e relaxar: Então parti para a velha e boa leitura.
Comecei com um dos autores que eu mais gostei, pois apesar de ter vivido entre o século 14 e 15, ele se matem atual e suas obras e ideias mais vivas do que nunca: Então aqui na minha trincheira saquei " O "Elogio da Loucura" Erasmo de Roterdã, depois; Poemas completos de Alberto Caeiros, (heterônimo de Fernando Pessoa). Antologia Poética de Augusto dos Anjos, A Divina Comédia Humana. Dante Alighieri, Brasil Caboclo, Zé da Luz, Os Lusíadas, Luís de Camões, Dom Quixote, Miguel de Cervantes, e três primorosas obras de Franz Kafka, etc..
Dai parti para músicas uma das minhas grandes paixões, e só para registro adoro ler ouvindo música, dai não demorou e as Plays list das boas rádios já se esgotaram:
Ouvindo um pouco de tudo que me vale a pena, Anos 70, 80, 90, Rock e seus derivados, MPB, forró, samba, bolero, Rapp, Reggae e até um pouco de sertanejo nacional e estrangeiro, e ao chegar neste esgotamento musical comecei a me preocupar, pois a possibilidade de mais trinta dias de quarentena me vem a possibilidade de chegar ao fundo do poço musical do Funk putaria.
Comecei então avaliando as boas possibilidades, de preferência longe da Tv aberta, pois já faz um bom tempo que quase tudo lá virou lixo.
Os canais fechados são incompreensivos, pois você paga para ver a mesma programação o mês inteiro, eles ficam revezando a mesma coisa  entre os canais que sempre pertencem a mesma rede. Isso mesmo amigo por aqui só muda o número da conta, mas o dinheiro vai sempre pro mesmo bolso.
Então parti para Netflix não durou muito e eu já estava nos documentário, consegui ir até o de Rita Cadilac, e não é que até ficou original e legal ver a pessoa por trás do mito, virei fã dela, é amigo coisa de quarentena, misturadas com lembranças da adolescência e por ai vai.
Com esgotamento do também play list da net flix.
Fui direto para Amazon prime ai boa parte era novidade, só não muda a expressiva e o massivo domínio da indústria do álcool e Tabaco, pois nas duas quase todos os personagens resolvem suas neuras, amarguras e dificuldades se afogando no álcool e nos sabores dos cigarros da vida.
Não demorou muito e não tinha mais o que assistir.
Mas como eu sempre fui um guerreiro que não foge a luta hoje estou recomeçando do zero e o farei quantas vezes se fizer necessário, mas no poço eu não passo nem na beira, não depois de ver minha pobre pátria descer a ladeira.
E eu que pensava que o nosso maior problema era o Covid-19.
Não que por um momento tinha me esquecido como as coisas funciona por aqui.
E lá vamos nós começarmos tudo novamente: Impeachment, debates ideológicos que não levam a lugar nenhum.
E com uma grande possibilidade que pela primeira vez na história do Brasil, teremos um general na presidência eleito pelo voto popular.
E dessa forma me recolho para uma reflexão mais profunda Para tentar entender o que pode vir depois, mais não tem mais como saber, pois o Brasil se tornou politicamente imprevisível.
Mas de uma coisa eu tenho certeza, não importa o que vem depois, pois cá estarei eu recomeçando sempre tudo outra vez, seja com democracia ou ditadura.
Até que chegue o dia que alguém desligue o interruptor da luz que sempre me iluminou e que tudo apague.

D'Araújo.