Não é ficção, é realidade. Peço desculpas antecipadas pelas possíveis palavras chulas ou se alguém entender como desres- peito. Mas, como estou sem fazer nada, resolvi escrever.
Situação real: eu em um apartamento de hospital, pós- cirurgia, e com efeito da anestesia raqui. Resultado = os rins ainda sem funcionar.
Então, aperto o tal de um botão que toca na sala de enfermagem. Em poucos minutos chegam duas en- fermeiras (é de se elogiar este hospital, pois além da efi- ciência na rapidez do atendimento, foram muito bem esco- lhidas - a equipe que seleciona os currículos é nota dez). Relato a situação, e elas dizem que vão preparar o material para inserir uma sonda, e que retornam em breve.
Fico na maior ansiedade, pensando no que vai acontecer.
Realmente, em pouco tempo elas retornam. Um monte de material, que logo espalham numa mesa auxiliar, e dizem que vão iniciar o procedimento. Ai, meu amigo velho, a mente humana começa a agir do jeito que o diabo gosta (desculpe a palavra diabo, mas é ditado popular, porque na realidade, qualquer um estaria na mesma situação).
Primeira situação: uma delas diz que vai baixar o seu pijama - pense num negócio que não se ouve toda hora, e nem de uma enfermeira de olhos azuis. Minha mãe estava me acompanhando nessa hora, e educadamente disse: é melhor eu sair, para vocês ficarem mais a vontade - há tempos atrás ela não diria isso. Se fosse Ana Flávia, acho que ela ia dizer: vá dizendo, que eu mesma faço.
Após a baixada do pijama, e com o “recreador” enca- bulado, a outra enfermeira (olhos castanhos) diz que vai passar um soro fisiológico, e que vai dar um friozinho - eu fiquei foi com medo de um choque térmico, porque o sangue já estava
fervendo, ainda mais porque uma segurava o recreador e a outra passava o soro. Como estavam de máscara, e não sei qual o parâmetro delas, não dava para saber se tinha algum risinho irônico ou se tinha alguma alegria. Depois do soro, dis- seram que iam passar um gel desinfetante. Ou seja, já estavam partindo para a sacanagem.
Mermão, tem condições não. Uma dor miserável no joelho, a bexiga 100% inchada e um incômodo da peste, e eu ali vendo duas mulheres alisando o recreador. Vai dizer que você ia pensar no The Voice ou na semifinal da Copa do Brasil? Minta não, rapaz. Nessa hora, eu já não conseguia olhar para elas.
Mas ficou pior, pois elas colocaram um campo cirúr- gico (aquele pano com um furinho, que só fica de fora a área do tratamento). Resumo: o recreador ficou soberano.
Mas, quando tudo podia melhorar, vem uma pontada desgraçada, e a sensação de urinar para dentro. É a tal da sonda. Sai toda a urina, e elas passam a tratar o recreador como se fosse um ninguém.
Acho que é a tal da ética médica.
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