quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:



O otimista despretensioso
Bebo, fumo e não faço exercícios físicos.
Durmo doze horas por dia e adoro churrasco.
Mas acredito muito em Deus...

conteúdo do Livro:



Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:



Intelecto
Com belas palavras, nós poderemos escrever
um romance, uma crônica, um poema, um
conto...
Mas com pequenos gestos, poderemos mudar
o mundo...

conteúdo do Livro:





Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:



Desgraças

Asestranhas histórias das desgraças que são
contadas nas praças.
E ressoam como belas melodias aos ouvidos
dosinsanos.

conteúdo do livro:




Poesia de Quinta na Usina: Cruz Sousa:




TITÃS NEGROS

Hirtas de Dor, nos áridos desertos, Formidáveis fantasmas das Legendas, 
Marcham além, sinistras e tremendas, As caravanas, dentre os céus abertos...
Negros e nus, negros Titãs, cobertos Das bocas vis, das chagas vis e horrendas, 
Marcham, caminham por estranhas sendas, Passos vagos, sonâmbulos, incertos...
Passos incertos e os olhares tredos, Na convulsão de trágicos segredos, 
De agonias mortais, febres vorazes...
Têm o aspecto fatal das feras bravas E o rir pungente das legiões escravas, 
De dantescos e torvos Satanases!...

Poesia de Quinta na Usina: Cruz Sousa:



ENTRE CHAMAS...

Sonhei que de astros no Infinito presa Vagavas, brandamente 
adormecida, Nas chamas siderais resplandecida,
A carne, em chamas, no Infinito, acesa...
E eu pasmava de encanto e de surpresa Vendo a constelação 
indefinida Da tua carne flamejando vida,
Dentre os íris radiantes da beleza...
E o teu corpo, nas chamas palpitando, 
Os astros em redor maravilhando,
Por entre a auréola dos clarões cantava...
Então, de sonho em sonho, absorto, mudo, 
Eu senti alastrar, vibrar por tudo Toda a infinita sensação da lava!...

Poesia de Quinta na Usina: Cruz Sousa:




O ANJO DA REDENÇÃO

Soberbo, branco, etereamente puro, Na mão de neve um grande facho aceso, 
Nas nevroses astrais dos sóis surpreso, Das trevas deslumbrando o caos escuro.
Portas de bronze e pedra, o horrendo muro Da masmorra mortal onde estás preso Desce, 
penetra o Arcanjo branco, ileso Do ódio bifronte, torto, torvo e duro.
Maravilhas nos olhos e prodígios Nos olhos, chega dos azuis litígios,
Desce à tua caverna de bandido.
E sereno, agitando o estranho facho,
Põe-te aos pés e à cabeça, de alto a baixo,
Auréolas imortais de Redimido!

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:



Querias que eu falasse de "poesia"
Querias que eu falasse de "poesia" um pouco mais... 
e desprezasse o quotidiano atroz... querias... 
era ouvir o som da minha voz
e não um eco - apenas - deste mundo louco!
Mas que te dar, pobre criança, em troco de 
tudo que esperavas, ai de nós:
é que eu sou oco... oco... oco...
como o Homem de Lata do "Mágico de Oz"!
Tu o lembras, bem sei... ah! o seu horror
menso às lágrimas... Porque decerto se enferrujaria...
E tu... Como um lírio do pântano tu me querias, como 
uma chuva de ouro a te cobrir devagarinho, um pássaro de luz... 
Mas, haverá maior poesia do que este meu desesperar-me eterno da poesia?!

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:

 


Noturno da viação férrea
Ora, os fantasmas são viajantes noturnos. Se aboletam 
nos carros vazios e ficam
(por que será que os fantasmas não fumam?) 
a olhar o mundo que desliza...
Mas sucede que as máquinas estavam manobrando [apenas.
E depois veio a luz crescente, a luz cruel, situando e ambientando as coisas.
É quando surgem, cabalísticos, os primeiros letreiros: Hotel Savóia, 
Ao Pente de Ouro, Saúde da Mulher, os fantasmas, puídos de claridade,
soltam um suspiro e se desvanecem.

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:



Anti-canção número um Passam as belas na passarela:
é tudo pura ventarolagem, vês?
Mas o pensamento traça no ar isentas elaborações geométricas...
Poeta, é preciso [escolher
entre o sopro e a construção. E, no espaço liberto do tempo,
assenta, pedra a pedra, a tua pirâmide:
O resto é canção... Canção é feita de vento. Do vento que faz o tempo, 
lento devorador de [pirâmides...
Mas só se pode construir cantando! E então? Passam as belas na passarela.
Cantam as belas na passarela, com seus vestidos da cor do tempo!