quinta-feira, 12 de março de 2020

Poesia De Quinta Na Usina:Machado de Assis; Reflexo:




Olha: vem sobre os olhos
Tua imagem contemplar,
Como as madonas do céu
Vão refletir-se no mar
Pelas noites de verão
Ao transparente luar!
Olha e crê que a mesma imagem
Com mais ardente expressão
Como as madonas no mar
Pelas noites de verão,
Vão refletir-se bem fundo,

Bem fundo — no coração!

Poesia De Quinta Na Usina: Machado de Assis: A LUZ:




Eu sou a luz fecunda, alma da natureza;
Sou o vivo alimento à viva criação.
Deus lançou-me no espaço. A minha realeza
Vai até onde vai meu vívido clarão.
Mas, se derramo vida a Cibele fecunda,
Que sou eu ante a luz dos teus olhos? Melhor,
A tua é mais do céu, mais doce, mais profunda,

Se a vida vem de mim, tu dás a vida e o amor.

Poesia De quinta Na Usina: Fernando Pessoa: 71:


"Aquilo que, creio, produz em mim o sentimento profundo, em que vivo, de incongruência
com os outros, é que a maioria pensa com a sensibilidade, e eu sinto com o pensamento.
Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir

não é mais que o alimento de pensar."






Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/

Poesia De quinta Na Usina: Fernando Pessoa:


"Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos
gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos;
mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi
a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei. Assim, muitas
vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me
respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com
que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a
narrativa que me não recordava ter-lhe feito. Sou dois, e ambos têm a distância - irmãos

siameses que não estão pegados."

Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/

Poesia De Quinta Na Usina:D'Araújo: Duas vidas, minha e tua.


Minha vida, tua vida, nossas vidas.
Vidas, que se usam,
Vidas que se cruzam,
Vidas que se abusam.

Tua vida em meu caminho
Tua vida no meu ninho
Minha vida em tua vida
Nossas vidas sem saída
Tua vida bem vivida
Nossas vidas repartidas.

Vidas feias, vidas belas
Todas presas a uma aquarela
Aquarela de vidas frias, vidas mornas
Na agonia, vidas tensas vidas imensas
Minha vida em tua vai ficando dividida.

Vidas lógicas, vidas incertas
Vidas íntimas, mau cobertas
Vidas energéticas, vidas nórdicas
Minha vida tua vida, nossas vidas.
Vida inerte pela consciência que
Contempla tua existência.

Fortes pela complacência
Ah! Minha vida sem a tua vida
Não seria tão vivida.
A vida semente da ilusão
Caminho sem compaixão
Assento sem chão.

 Ah! Tua vida sem a minha vida,
Não seriam nossas vidas
Uma vida que cai, uma vida que sai
É a lua que não vem, e o sol que não sai
É o vento que treme, e o espírito que geme.

O mundo não teria vida
Sem as nossas vidas.
Ah! Nossas vidas.
Tua vida, minha vida,
 Todas elas bem vividas
 Minha e tua.

D'Araujo; "o Grito da Alma" Poesias e pensamentos.


Poesia De quinta Na Usina:D'Araújo: A música:



"A música é para o espírito
assim como é o colírio para os olhos,
alivia a alma e restabelece o equilíbrio"