quarta-feira, 2 de junho de 2021

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Eu mesmo

 Nunca fui o que você esperava que eu fosse,

Não sou o que você deseja que eu seja,

E provavelmente, nunca serei aquele que se encaixe no seu sonho...

Poema na integra no livro:

"Entre Lírios e Promessas".

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:


 

Separação

Como é dolorosa a triste constatação

De que nada restou de nós dois.

A não ser....


Poema na integra no Livro:

"Entre Lírios e Promessas"

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 


Caminhos

 

Entre caminhos ruas e vielas vou tecendo minha passarela

Entre as frestas da janela vejo os desejos a sair por elas.

Vem-me a saudade....

Poema na integra no Livro:

"Entre Lírios e Promessas"  

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:


SONETO

Vamos, querida! Já é Ave-Maria
- A hora dos tristes e dos descontentes. Desfaz-se o peito em vibrações dormentes 
E o Fado geme sob a névoa fria!
Que eu sinta n’alma o que tu n’alma sentes! Nesta Missa de Atroz Melancolia
Bebes chorando o Vinho da Agonia -- Consagração das almas padecentes!
Foi numa tarde assim que nos amamos. Silfos morriam ... No ar, os gaturamos 
Num recesso de névoa, adormecida...
Punge-me o peito da Saudade o cardo Enquanto num mocho, sonolento e tardo, 
Canta no espaço a maldição da Vida!





Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:

 




A UM MÁRTIR

Alma em cilício, vem, enrista a clava, Brande no seio o espículo e o acinace E unjam -te o seio que d’auroras nasce Sangrentas bênçãos eclodindo em lava!
Nossa Senhora te unge a face escrava, Cristo saudoso te abençoa a face
De monja -- violeta que do Céu baixasse À Virgem Santa Natureza brava!
Vais caminhando para a terra extrema, Rosa dos Sonhos! e o teu galho trema E a tua crença, o desespero mate-a...
E em nuvens d’ouro ascende enfim ao plaustro Da Neve Eterna, estrela azul do claustro, Levada para o Azul da Via-Láctea!



Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:

 




PELO MAR

Manhã em flor. O mar é um policromo E imenso lago d’íris e alabastros...
À aurora é brano e ao sol, o mar é como Um pálio imenso que caiu dos astros.
Longe, bem longe, no alvoral assomo Ergue um navio os altanados mastros E o Oceano dorme -- alourecido pomo Num leito irial de pérolas e nastros.
A alma da Mágoa vai pelo seu dorso, Em sonhos geme... Um coração de corso Geme no mar, vibra no mar, entanto,
Colma-lhe o seio a opala das esponjas...
E à noute morta choram vagas -- monjas Purificadas no cristal do pranto!



Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:

 




VI

Ó Anjo das ruínas,
Voa ao teu reino, que é tarefa inútil
Extinguir o que é belo no universo,
Enquanto o lume santo
D’inspiração celeste
Mentes iluminar predestinadas.
Aos sons miraculosos
D’harpa do Gênio ressurgindo ovantes
O saber, a virtude,
Meigos encantos de gentil beleza,



Hão de zombar de ti — quebrar-te o sólio,



Calcar-te aos pés a fronte.

Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:




V

Cidades destruídas,
Impérios derrocados,
Oh! quantas, quantas vezes
O Gênio, qual brandão, vos esclarece
As pálidas ruínas,
Lê nelas vossa glória, e vos confia
As trombetas da fama!...
Se foge a tempestade,
Se as estações revivem,
Se as noites reproduzem novos dias,
E os dias novas noites,
Servos obedecendo à voz do Eterno,
Mensageiro do Eterno o Gênio exerce
Igual poder na terra!... A Natureza,
No meio das procelas,
Se a voz lhe escuta, abandonando as fúrias,
Dissipando de um sopro atroz horrores,
Surge risonha, como à voz divina,
Saiu do caos informe, — encantadora,
Toda nua, trazendo por adornos
Nos seios o Verão, nas mãos o Outono:
Nos cabelos prendendo a Primavera,
Por chapim de cristal calçando o Inverno.
Do Gênio ouvindo o canto,
Remoçam-se as idades,
Os mortos dos sepulcros se levantam,
E vivem nova vida
Dos homens na memória.

Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:

 




Beleza, doce engano,

Mimo, que o tempo deu, que o tempo acaba;
Encantadora nuvem, mas efêmera,
Que da cor do pudor n’os céus vagueia,
Qual suspiro de amor que aos céus se eleva;
Beijada pelo sol, tímida aurora,
Também fenecerás! Trevas do túmulo
Aos lumes da existência
Sucederão funéreas;
Serão consócios teus mudo silêncio,
Sombras, escuridão, vermes, e terra.
Lestes, belas? Tremeis? Magos encantos
Baceia a mão do tempo, arrasa a campa:
Porém do Gênio à voz — curva-se o tempo:
Quebra o sepulcro a laje aos pés do Gênio.
Não!... de todo não morre uma beleza
De um Gênio idolatrada;
Que a luz brilhante, que lhe anima os carmes



O luzento fanal, que o ilumina



Nas borrascas da vida,



Jamais, jamais se apaga.