quarta-feira, 2 de junho de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:


SONETO

Vamos, querida! Já é Ave-Maria
- A hora dos tristes e dos descontentes. Desfaz-se o peito em vibrações dormentes 
E o Fado geme sob a névoa fria!
Que eu sinta n’alma o que tu n’alma sentes! Nesta Missa de Atroz Melancolia
Bebes chorando o Vinho da Agonia -- Consagração das almas padecentes!
Foi numa tarde assim que nos amamos. Silfos morriam ... No ar, os gaturamos 
Num recesso de névoa, adormecida...
Punge-me o peito da Saudade o cardo Enquanto num mocho, sonolento e tardo, 
Canta no espaço a maldição da Vida!





Nenhum comentário:

Postar um comentário