
Inadvertidamente um dia a gente nasce, somos
celebrados pela chegada, mas ninguém nos avisa para aproveitarmos a infância,
pois seus dias fora das obrigações do perverso sistema passam como um
relâmpago, e as tempestades logo chegaram, Somos todos treinados, conduzidos e
induzidos, a sonhar, a ter, a possuir a comprar para que possamos nos encaixar
em uma roda viva, onde a parte de cima te oferece a matéria prima e a parte de
baixo gira a roda todos os dias da nossa breve vida, dormimos acordamos
trabalhamos, voltamos para casa e o espelho das desgraças nos diz a todos o que
devemos pensar falar, comer, vestir, ouvir, e assim seguimos os condutores da
roda sem nunca nos perguntarmos, é isso que eu sou, é isso que eu quero, é isso
que eu sonho. Não, eles nos mantém suficientemente ocupados em saber, o que
vamos vestir se está calor se está frio, ou se só sentamos e assistimos a nova
alvorada em nossos pijamas de bolinhas se assim nos permitir, é triste ver a
raça humana sendo conduzida como um rebanho para o abate, sem se questionar,
sem se quer imaginar se poderia ter seus próprios princípios e valores, e assim
inverter o giro da roda da vida. Não importa se você é branco preto pardo, mulato ou
amarelo a roda gira na mesma velocidade para todos. Os senhores da sabedorias,
Ressuscitam, salvam, curam e libertam, em nome de um Deus que segundo eles é
sobre todas coisas, e que ninguém foge a espada da justiça deste Pai. Mesmo
assim nada disso seria possível sem a figura implacável do Demônio. Alguns pontos são de pura insensatez, pois se Deus
é pai, logo não condenaria seu próprio filho para depois salva-lo. E se ele é
sobre todas as coisas, como justificar a existência do demônio. Seria para que coubesse nesse baú das anormalidades
o livre arbítrio. Palavra fascinante, que determina suas escolhas
próprias, desde que não ofendam as mentes privilegiadas da parte de cima. E se de repente todos escolhessem o inferno, assim
que importância teria Deus. E se fosse ao contrário, que importância teria o
demônio. Assim tudo se torna um círculo vicioso, onde não
importa o que você escolha, ou vai precisar de alguém para te salvar, ou de
alguém para te proteger. Ou seja você não tem livre árbitro. Você escolhe um lado e segue girando a roda, de
calça de short, pelado, de terno, não importa sua escolha o importante é que
você gire a roda. Assim todos tendem a obedecer seja pela lei dos homens,
seja pela lei do criador ou pela força maior do seu opositor. Não temos saída, somos criados para servir, e
esperar que um dia nos encontremos todos num paraíso de eterna felicidade em
perfeita harmonia, dos opressores e oprimidos. Chega ser ridículo tal suposição, imaginar que
alguns nasceram para mandar, e outros para serem mandados. Alguns para serem salvos e outros condenados, e
assim vamos seguindo a massa sem rumo na espera da vinda do salvador. Para
certamente nos salvar da burrice de nós mesmos. E se você não se encaixa na roda, tem três opção: Clínica
Psiquiátrica, cadeia, cemitério, ou morar na rua e tentar fugir do sistema aí
você acaba virando escravo do mesmo sistema, pois vai depender da bondade
alheia, que na maiorias das vezes passa longe da bondade, mas apenas um
desencargo de consciência, pois toda boa alma também tem seu próprio ópio. Alguns se entregam em seus devaneios e acabam se
consumindo em templos igrejas e terreiros, outros vomitam sua tristes amarguras
nos belos estádios como nos bons tempos das selvagerias dos velhos Coliseus,
mas também há os que encharcam suas tristes almas nos etílicos dos sonhos ou no
pó e nos ácidos dos desalentos do viver, e os que se deleitam dos fardo pesado
do conhecimento e a tenebrosa chama dos desejos eternos. Todos juntos no mesmo corredor da inevitável morte. Não tenho aqui a intensão de criticar ou denegrir
qualquer, opinião política, ou religiosa. Mas tentar entender uma conta que não fecha, e uma
balança que não pesa nada.