quarta-feira, 23 de junho de 2021

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Recomeço

Recomeçar é sempre um desafio,
Restabelecer a confiança,
só com o tempo e novas atitudes.
Mas se....

Poema na integra no Livro:
"Entre Lírios e Promessas"

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Traição

Nada nesta breve vida, 
nos consome mais.
Que um sorriso falso,
Um abraço indesejado,....

Poema na integra no Livro:
"Entre Lírios e Promessas"

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Tuas palavras doces


A brisa da voz que ecoa em nossos ouvidos
Acalenta o inquieto espírito.
Vamos aos poucos naufragando em sentimentos
que nos lembra da mulher amada.
E o clarear da luz dos seus meigos olhos,....

Poema na integra no Livro:
"Entre Lírios e Promessas"

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:

 



Magias

Conheço uma cidade azul.
Conheço uma cidade cor de ferrugem. Na primeira, há helicópteros pairando...
Na segunda, espiam de seus esconderijos os olhos das [ratazanas...
No entanto é a mesma cidade e, onde a gente estiver,
será sempre uma alma extraviada em labirintos [escusos ou, então,
uma alma perdida de amor...
Sim! por ser habitado por almas
é que este nosso mundo é um mundo mágico... onde cada coisa - a cada passo que se der
vai mudando de aspecto... de forma...  de cor...
Vai mudando de alma!

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:

 



Os poemas
 
Poemas nas pontas dos pés. que nem os sente o papel... 
Poemas de assombração sumindo
pelos desvãos da alma... Poemas que dançam, rindo
que nem crianças... Poemas de pé de pilão, um baque
no coração.
E aqueles que desmoronam
- lentamente - sobre um caixão!

Poesia de Quinta na Usina: Mário de Quintana:

 



O pobre poema
Eu escrevi um poema horrível!
É claro que ele queria dizer alguma coisa... Mas o quê?
Estaria engasgado?
Nas suas meias-palavras havia no entanto uma ternura mansa 
como a que se vê nos olhos de uma criança doente, uma precoce, 
incompreensível gravidade de quem, sem ler os jornais,
soubesse dos seqüestros dos que morrem sem culpa
dos que se desviam porque todos os caminhos estão [tomados...
Poema, menininho condenado,
bem se via que ele não era deste mundo nem para este mundo...
Tomado, então, de um ódio insensato,
esse ódio que enlouquece os homens ante a [insuportável
verdade, dilacerei-o em mil pedaços. E respirei...
Também! quem mandou ter ele nascido no mundo [errado?

Poesia de Quinta na Usina: Fernando Pessoa:

 




117.

"A maioria da gente enferma de não saber dizer o que vê e o que pensa. Dizem que não há nada mais difícil do que definir em palavras uma espiral: é preciso, dizem, fazer no ar, com a mão sem literatura, o gesto, ascendemente enrolado em ordem, com que aquela figura abstracta das molas ou de certas escadas se manifesta aos olhos. Mas, desde que nos lembremos que dizer é renovar, definiremos sem dificuldade uma espiral: é um círculo que sobe sem nunca conseguir acabar-se. A maioria da gente, sei bem, não ousaria definir assim, porque supõe que definir é dizer o que os outros querem que se diga, que não o que é preciso dizer para definir. Direi melhor: uma espiral é um circulo virtual que se desdobra a subir sem nunca se realizar: Mas não, a definição ainda é abstracta. Buscarei o concreto, e tudo será visto: uma espiral é uma cobra sem cobra enroscada verticalmente em coisa nenhuma.
Toda a literatura consiste num esforço para tornar a vida real. Como todos sabem, ainda quando agem sem saber, a vida é absolutamente irreal, na sua realidade directa; os campos, as cidades, as ideias, sao coisas absolutamente fictícias, filhas da nossa complexa sensação de nós mesmos. Sâo intransmissíveis todas as impressões salvo se as tornarmos literárias. As crianças são muito literárias porque dizem como sentem e não como deve sentir quem sente segundo outra pessoa. Uma criança, que uma vez ouvi, disse, querendo dizer que estava à beira de chorar, não «Tenho vontade de chorar», que é como diria um adulto, isto é, um estúpido, senão isto: «Tenho vontade de lágrimas». E esta frase, absolutamente literária, a ponto de que seria afectada num poeta célebre, se ele a pudesse dizer, refere absolutamente a presença quente das lágrimas a romper das pálpebras conscientes da amargura líquida. «Tenho vontade de lágrimas»! Aquela criança pequena definiu bem a sua espiral."

Poesia de Quinta na Usina: Fernando Pessoa:

 




120.

" Sinto perante o rebaixamento dos outros não uma dor, mas um desconforto estético e uma irritação sinuosa. Não é por bondade que isto acontece, mas sim porque quem se torna ridículo não é só para mim que se torna ridículo, mas para os outros também, e irrita-me que alguém esteja sendo ridículo para os outros, dói-me que qualquer animal da espécie humana ria à custa de outro, quando não tem direito de o fazer. De os outros se rirem à minha custa não me importo, porque de mim para fora há um desprezo profícuo e blindado.
Mais terrível de que qualquer muro , pus grades altíssimas a demarcas o jardim do meu ser, de modo que, vendo perfeitamente os outros, perfeitissimamente eu os excluo e mantenho outros.
Escolher modos de não agir foi semrpre a atenção e o escrúpulo da minha vida.
Não me submeto ao estado nem aos homens; resisto inertemente. O estado só me pode querer para uma açcão qualquer. Não agindo eu, ele nada de mim consegue. Hoje já não se mata, e ele apenas me pode incomodar; se isso acontecer, terei que blindar mais o meu espírito e viver mais longe adentro dos meus sonhos. Mas isso não aconteceu nunca. Nunca me apoquentou o estado. Creio que a sorte soube providenciar."

Poesia de Quinta na Usina: Fernando Pessoa:

 



122.

" Tenho da vida uma náusea vaga, e o movimento acentua-ma."

"A vida, para mim, é uma sonolência que não chega ao cérebro. 
Esse conservo eu livre para que nele possa ser triste."