quarta-feira, 23 de junho de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Mário de Quintana:

 



O pobre poema
Eu escrevi um poema horrível!
É claro que ele queria dizer alguma coisa... Mas o quê?
Estaria engasgado?
Nas suas meias-palavras havia no entanto uma ternura mansa 
como a que se vê nos olhos de uma criança doente, uma precoce, 
incompreensível gravidade de quem, sem ler os jornais,
soubesse dos seqüestros dos que morrem sem culpa
dos que se desviam porque todos os caminhos estão [tomados...
Poema, menininho condenado,
bem se via que ele não era deste mundo nem para este mundo...
Tomado, então, de um ódio insensato,
esse ódio que enlouquece os homens ante a [insuportável
verdade, dilacerei-o em mil pedaços. E respirei...
Também! quem mandou ter ele nascido no mundo [errado?

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