terça-feira, 29 de setembro de 2020

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Natália Dinis: AMOR ETERNO:



Retenho

Daqueles dias de inverno

O quanto amámos juntos

Em que ficámos nus

Num doce embalar

De um beijo

Ou

De uma lágrima caída

Na minha pele suada!

Assim

Como uma rosa

Envolta em orvalho

Nós éramos

Um dentro do outro

Percorremo-nos

Lábio a lábio

Por tantas vezes

Em que nos amamos

Vastos, eternos , e puros!

Mais vastos do que a terra

Que não nos pode apartar

Mais puros do que a água

Que nasce nas fragas

Eternos como o fogo

Em combustão de vida

Enquanto a vida durar!

nataliadinis

@direitos reservados

25/9/2020

Art by, Tomaz Rut

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Anabela Fernandes:

 


... fujiste e te escondeste atrás de um silêncio castrador.

Inventando todas as melodias num acorde em Do maior, as teclas do piano onde repousas a tua mão e o som sai como o vento que sopra aos meus ouvidos, num gemido mais latente de quem está no tempo ausente

A porta range por estar fechada à tanto tempo esperando a noite passar e o dia clarear sem nostalgia

É Outono, apenas mais um  em que as folhas caem e as árvores se despem sem pudor, o mesmo que os corpos que se amaram ja fizeram.

Livres de olhares tão indescretos mas discretos no sentir de nós apenas

Ouço a música, oh! A mesma que cantamos numa só voz, abrindo a janela do carro e sorrindo um para outro

São doces as memórias de quem ama.

Fecho o livro, viro a página e a história vai a meio, como por receio não ouso adivinhar sequer o fim.

Dou por mim a desalinhar os teus cabelos, que tu gostas ou será que não?...

Anabela Fernandes

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: “BRASA” MAGDA BRAZINHA: “HOJE ABRI A PORTA DOS SONHOS”:



Hoje abri a porta dos sonhos!

Mandei embora a nostalgia

Serena e em paz

recordei as minhas vivências…

Vi fantasmas do passado

visitantes dos meus sonhos…

Soprei as nuvens das lembranças

colei fragmentos de vida…

Sem medos…

Olhei o espelho do tempo…

E o que vi?

Uma mulher madura

ainda com um belo sorriso

com rugas marcadas no rosto…

Por detrás dela, espreitando…

Uma menina sorria, extasiada…

Encontrei respostas a perguntas

segredos de ciclos passados

de esperança e meninice…

Pareciam sentinelas

traficando desejos enferrujados…

O silêncio fazia-me companhia

evocando contornos de faces

fotografias que não via há muito…

Os sentimentos acordaram!

Uma lágrima escorreu teimosa

joguei fora o baú das memórias

voltei à realidade…

São mistérios da vida…

Que ás vezes nos assombram…

Depois vão embora…

Deixando a saudade e a melancolia…

Hoje abri a porta dos sonhos…

“BRASA” MAGDA BRAZINHA

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Cassandra Alpoim: MELANCOLIA:



                      A distância no rio das ausências arranha-me      

                      o coração pulsante ,a pele gélida na noite,

                      algures onde me isolei oscilam nomes

                      a terra estrangeira na pulsação do mundo e

                      na hora a escorrer chuva cito diálogos surdos.

                      No linho encanecido o bolor do tempo

                      a humidade entranhada nos ossos doridos

                      uma percepção habitada que me estiola a mente

                      entre muros de memórias e quimeras,

                      paisagens longínquas onde me perco e tropeço.

                      A mágoa do horizonte perdido ontem

                      relata a transitoriedade de tudo em indagações

                      nubladas de melancolia entre sussurros e

                      num desalento esvai-se a pronúncia do teu nome.

                      No rictus da boca deitam-se anjos moribundos

                      brisas outonais ,folhas douradas onde

                      a caligrafia esmorece e o corpo se despede,

                      da essência divina canta o universo infinito e

                      aqui no frio da casa demora só a memória de mim.

                      Cassandra Alpoim

                            27/09/2020

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Ferreira Naná Gonçalves: NOVO OUTONO:



Nesta manhã outonal e fresca

As folhas bailam no ar

Desprendidas pelo vento

Que acaba de passar.

Parecem fadas a cantar.

Numa explosão de cores ruivas

Tão vivas, de envejar e ensejar,

Inspiração para passear

De mãos entrelaçadas,

De baixo da luz terna do luar.

Rosas desfolhadas

Formam um sumptuoso e lírico tapete

Enquanto os pássaros arpejam

Ao som de invisíveis realejos.

Toda a paisagem é um pitoresco decor

De cores canções, e emoções,

Que batem forte nos corações.

Convida os mortais

Ao toque, às carícias, e aos beijos.

O tempo morno da estação

Esparge essências outonais

Tão sensuais e aromais

Que deslumbra os mortais.

Multifragrâncias hipnotizantes,

Dulçores florais,

Que a natureza nos transmite com paz

E instiga o sono,

Num abandono fugaz

Ao qual me rendo em dobro.

Numa sinfonia sem igual

Voltejam no horizonte,

Folhas, pássaros e aromas,

Fazendo desta paisagem

A mais mutável e deslumbrante estação

Mosaico cíclico, enche-me de emoção,

Este berço consentido de novas vidas,

Anuncia que chegou sem retardo,

O outono da mutação.

NanáG.

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Isabel Bastos Nunes:

 


Abandonei-me ao vento

Fechei os olhos

Abandonei-me ao vento

Quis que a noite viesse

Que a sombra descesse

E com ela levasse

Os mistérios do meu corpo.

Docemente

Me entrego nessa dádiva

Misteriosa de espera e magia

Deixando-me abraçar

Entre o meu querer e sentir

Eco das minhas palavras e memórias

No abandono do meu desejo.

Abandonei-me ao vento

Sem medo da descoberta desses segredos

De alma aberta à mercê das lembranças

Que o tempo não apaga

Mas desvenda e converte em emoção.

Abandonei-me ao vento

Luz mansa e dorida que adoça o meu rosto

Fecho os olhos e deixo-me levar

Ao encontro de amarguras antigas

Na boca um travo salgado de mar

Na alma uma esperança vencida

Nos lábios o sabor de lágrimas

Abandonei-me ao vento

Depois não serei mais nada

Apenas um passado recente

Não haverá rasto nem cheiro

Nem sonhos, nem beijos

Nem a sorte nem retorno

Porque o vento tudo me levou.

Isabel Bastos Nunes

25/09/20

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Francisca do Monte Pires: Poema com Esquema:



A começar por aqui

Vou escrever um poema

E sempre a pensar em ti

Engendra-se um esquema

Que seja delicioso

Mais ou menos amoroso

Será que é boa ideia

Ou vais fazer cara feia

Vamos engendrar então

Um poema com esquema

Que faça bem ao coração

E protagonise um emblema

Porque amor é sempre amor

Não há mensagem melhor

Elevo o meu pensamento

Às carícias do momento

Francisca do Monte Pires

Quarta na Usina: Poetisas da rede: Mária I.sabe! M.achadinho: //...AMAR NA ESCURIDÃO!...//:


Entrego aos deuses da noite a candura

Que cresce e  vive neste meu recordar

Neste meu evocar de tremente loucura

Que acorrenta o pensar ao verbo amar



Vivo e permaneço na quietude do silêncio

Tacteio tua sombra no meio da escuridão

Deixo,-me envolver em voraz incêndio

Que me consome na fogueira da emoção

Quisera eu ver-te a sorrir aqui à minha beira

Cobrindo de amor a minha simples cabeceira

E odorar o aroma da rosa, nesta noite de luar

Ter-te aqui por um escasso minuto apenas

Apagarias do peito as querelas e as penas

Que sinto na escuridão por mim a flutuar

//... M ária I.sabe! M.achadinho

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Rosa Maria Santos: Saudade:



Sinto saudades

da minha janela

virada ao mar

aonde sol nascia

e se havia de deitar

 

Sinto saudades

de sorrir pela janela

respirar a maresia

olhar o azul céu,

e aquela sinfonia

 

De ouvir grasnar

Gaivotas ao redor

e olhar o sol

que ao entardecer

no mar adormecia

anunciando

um novo dia

 

Com lágrimas no olhar

olho da janela

não vejo o mar

o por do sol

somente estrelas

ao anoitecer

quando repouso a escrever

 

Olho o horizonte

não vejo o monte

gaivotas à deriva

buscando a fonte

 

da minha janela

com coração contrito

já não é bela

a vida porque grito

 

Somente a lua

negra e escura

fugaz estrela

sempre procura

da noite bela

daquela altura

 

no meu olhar

no escuro breu

sinto pulsar

o peito teu.


Rosa Maria Santos