terça-feira, 29 de setembro de 2020

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Anabela Fernandes:

 


... fujiste e te escondeste atrás de um silêncio castrador.

Inventando todas as melodias num acorde em Do maior, as teclas do piano onde repousas a tua mão e o som sai como o vento que sopra aos meus ouvidos, num gemido mais latente de quem está no tempo ausente

A porta range por estar fechada à tanto tempo esperando a noite passar e o dia clarear sem nostalgia

É Outono, apenas mais um  em que as folhas caem e as árvores se despem sem pudor, o mesmo que os corpos que se amaram ja fizeram.

Livres de olhares tão indescretos mas discretos no sentir de nós apenas

Ouço a música, oh! A mesma que cantamos numa só voz, abrindo a janela do carro e sorrindo um para outro

São doces as memórias de quem ama.

Fecho o livro, viro a página e a história vai a meio, como por receio não ouso adivinhar sequer o fim.

Dou por mim a desalinhar os teus cabelos, que tu gostas ou será que não?...

Anabela Fernandes

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