Abandonei-me
ao vento
Fechei
os olhos
Abandonei-me
ao vento
Quis
que a noite viesse
Que
a sombra descesse
E
com ela levasse
Os
mistérios do meu corpo.
Docemente
Me
entrego nessa dádiva
Misteriosa
de espera e magia
Deixando-me
abraçar
Entre
o meu querer e sentir
Eco
das minhas palavras e memórias
No
abandono do meu desejo.
Abandonei-me
ao vento
Sem
medo da descoberta desses segredos
De
alma aberta à mercê das lembranças
Que
o tempo não apaga
Mas
desvenda e converte em emoção.
Abandonei-me
ao vento
Luz
mansa e dorida que adoça o meu rosto
Fecho
os olhos e deixo-me levar
Ao
encontro de amarguras antigas
Na
boca um travo salgado de mar
Na
alma uma esperança vencida
Nos
lábios o sabor de lágrimas
Abandonei-me
ao vento
Depois
não serei mais nada
Apenas
um passado recente
Não
haverá rasto nem cheiro
Nem
sonhos, nem beijos
Nem
a sorte nem retorno
Porque
o vento tudo me levou.
Isabel
Bastos Nunes
25/09/20
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