quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:

 



Noturno I

O corpo adormeceu no leito. A alma baixou às cavernas. 
Da alta lucerna, o espírito vidente e astrólogo, espreita.
E a alma descobria estrelas do mar, velhas escadas, 
caracóis de cabelos, coisas estranhas no tempo 
perdidas e tantas - que pareciam, elas,
naufrágios de mil e uma vidas...
Porém o corpo
antes que o Dia o recomponha



na sua Humana e Divina Trindade. o corpo - que não vigia e não sonha curte a sua animalidade!

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:

 



Espantos

Neste mundo de tantos espantos, 
cheio das mágicas de Deus,
O que existe de mais sobrenatural São os ateus...

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana;

 


O fatal convívio


Que esquisita conversa não hão de ter, nesses [Dicionários Biográficos,
Os que se encontram espantosamente juntos por uma [injunção da ordem alfabética,
Como se entenderão, meu Deus, mas como se [entenderão,
Para apenas citar-vos um inquietante exemplo, Nabucodonosor e Napoleão! O Pequeno Corso
Antes de tudo
Terá dificuldades com o nome sesquipedal do outro, O qual, como se não bastasse, Além de rei, ainda fora lobisomem...
Mas este, desconhecedor enciclopédico da História [vindoura,
Diria
Para maior escândalo do Conquistador: "Ora, não gaguejes, bom homem...
Chama-me Bubu, simplesmente.
Pois era assim que me chamava o povo... ah, o povo...!" Porém,
Eu estou lembrando agora é dos amantes separados [para sempre
Na prisão perpétua do seu próprio tomo...
De Paolo e Francesca (Mais felizes no Inferno...) E da pobre,
Ai, da pobre Marília ouvindo as máximas Do inefável Marquês de Maricá!

Poesia de Quinta na Usina: Cruz Sousa:



[QUANDO EU PARTIR] ou [ESFUMINHAMENTO]
Quando eu partir, que eterna e que infinita Há de crescer-me a dor de tu ficares; 
Quanto pesar e mesmo que pesares, Que comoção dentro desta alma aflita.
Por nossa vida toda sol, bonita,
Que sentimento, grande como os mares,
Que sombra e luto pelos teus olhares
Onde o carinho mais feliz palpita...
Nesse teu rosto da maior bondade
Quanta saudade mais, que atroz saudade...
Quanta tristeza por nós ambos, quanta,
Quando eu tiver já de uma vez partido, Ó meu amor, 
ó meu muito querido Amor, meu bem, meu tudo, ó minha santa!

Poesia de Quinta na Usina: Cruz Souza:

 




MENDIGOS
Mendigos! Ah! são mendigos
Que voltam de vãos caminhos,
Que atravessaram perigos,
Urzes, pântanos, espinhos.
Que chegam desiludidos
Das portas a que bateram:
Humanos, grandes gemidos
Que nos tempos se perderam.
Que voltam como partiram, Com mais amargor na volta 
E mais sonhos que se abriram Das estrelas na recolta.
Mendigos ricos no entanto, Das pompas da natureza 
E das auréolas do Encanto, Os vinhos da sua mesa.
Mendigos que o sol, apenas, Torna nababos felizes, 
Torna um pouco mais serenas As convulsas cicatrizes.
Mendigos que acham requinte Na fumaça de um cachimbo, 
Deixando que labirinte
O sonho em tão leve nimbo.
Mendigos da luz da aurora Cantando celestemente, Fresca, 
límpida, sonora, Pelas fanfarras do Oriente.
Mendigos de áureas estradas, De sonâmbulas veredas, 
De riquezas encantadas, Sem pedrarias e sedas.
Mendigos d'estranho aspecto E sempiterna vigília, 
Filhos nômades, sem teto, De milenária Família.
Mendigos que erram eternos Sem fadigas e sem sono, 
Sob o augúrio dos Infernos, Das Ilusões sobre o trono.
Mendigos de plaga nova, De novas terras e mares, 
Divinizados na cova Como as hóstias nos altares.
Mendigos da grande esmola Da luz das estrelas nobres, 
Que fulge e dos altos rola,
Entre as suas mãos tão pobres!
Mendigos de céus remotos,
De sóis dos mais velhos ouros;
Com a sua fé e os seus votos
E os seus secretos tesouros.
Mendigos de olhar severo,
Boca murcha, meio amarga...
Tendo um vago reverbero
De sonhos na fronte larga.
Mendigos de ínvias florestas
E de bosques fabulosos,
De melancólicas sestas
Nos crepúsculos brumosos.
Mendigos da Eternidade,
Tremendo dos sóis, dos frios,
Nas mortalhas da Saudade
Amortalhados sombrios.
Mendigos dos Infinitos,
Das Esferas inefáveis,
Noctambulando malditos
Nos rumos imponderáveis.
Mendigos de fome e sede 
De água e pão de outros mundos,
Embalados pela rede Dos Idealismos profundos.
Mendigos do azul Mistério,
Cuja alma — nívea sereia —
Fica saciada no aéreo
Pão branco da lua cheia!

Poesia de Quinta na Usina: Cruz Souza:


 
SALVE! RAINHA!...

Ó sempre virgem Maria, concebida sem pecado original, 
desde o primeiro instante do teu ser...
Mãe de Misericórdia, sem pecado
Original, desde o primeiro instante!
Salve! Rainha da Mansão radiante,
Virgem do Firmamento constelado...
Teu coração de espadas lacerado,
Sangrando sangue e fel martirizante,
Escute a minha Dor, a torturante,
A Dor do meu soluço eternizado.
A minha Dor, a minha Dor suprema,
A Dor estranha que me prende, algema
Neste Vale de lágrimas profundo...
Salve! Rainha! por quem brado e clamo
E brado e brado e com angústia chamo,
Chamo, através das convulsões do mundo!...

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:


 



Ela

Um nome poético e sereno,
Em uma pequena face de princesa,
Tudo em ti é beleza.
Sorriso sincero,
Olhar marcante, e um corpo insinuante.
E muito distante do meu mal pensar.
Altura ideal, andar sem igual.
Uma boca que exala uma leve fala,
Que é quase um murmurar....

conteúdo do Livro:






Poesia de Quinta na Usina: D"Araújo:


 

Realidade

 

Meu amor era sincero,

Meu desejo era real,

O meu sonho era lúcido,

Minha alegria era constante,

Os meus dias eram inevitáveis,

A minha realidade era, incontestável.

Mal sabia eu, que o meu futuro, era apenas,

uma variável.

 

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:


 

Esplendor

O esplendor do teu,
sorriso.
A meiguice do seu,
olhar.
O necta dos teus
lábios.
E as.....

Conteúdo do Livro: