quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Poesia De quinta Na Usina: Florbela Espanca: JUNQUILHOS...:



Nessa tarde mimosa de saudade Em que eu te vi partir, ó meu amor,
Levaste-me a minh'alma apaixonada Nas folhas perfumadas duma flor.
E como a alma, dessa florzita,
Que é minha, por ti palpita amante! Oh alma doce, pequenina e branca, Conserva o teu perfume estonteante!
Quando fores velha, emurchecida e triste, Recorda ao meu amor, com teu perfume A paixão que deixou e qu'inda existe...
Ai, dize-lhe que se lembre dessa tarde, Que venha aquecer-se ao brando lume Dos meus olhos que morrem de saudade!

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Poesia De quinta Na Usina: Augusto dos Anjos: VERSOS A UM CÃO:



Que força pôde adstrita e embriões informes, Tua garganta estúpida arrancar
Do segredo da célula ovular Para latir nas solidões enormes?

Esta obnóxia inconsciência, em que tu dormes, Suficientíssima é, para provar
A incógnita alma, avoenga e elementar Dos teus antepassados vemiformes.

Cão! -- Alma do inferior rapsodo errante! Resigna-a, ampara-a, arrima-a, afaga-a, acode-a A escala dos latidos ancestrais...

E irás assim, pelos séculos adiante,

Latindo a esquisitíssima prosódia


Da angústia hereditária dos teus pais!

Poesia De Quinta Na Usina: Augusto dos Anjos: SONETO:




Ao meu primeiro filho nascido morto com 7 meses incompletos. 2 fevereiro 1911.

Agregado infeliz de sangue e cal, Fruto rubro de carne agonizante, Filho da grande força fecundante De minha brônzea trama neuronial,

Que poder embriológico fatal Destruiu, com a sinergia de um gigante, Em tua morfogênese de infante

A minha morfogênese ancestral?!

Porção de minha plásmica substância, Em que lugar irás passar a infância,

Tragicamente anônimo, a feder?!

Ah! Possas tu dormir, feto esquecido, Panteisticamente dissolvido

Na noumenalidade do NÃO SER!

Poesia De quinta Na Usina: Florbela Espanca: NOITE TRÁGICA:



O pavor e a angústia andam dançando... Um sino grita endechas de poentes...
Na meia-noite d´hoje, soluçando, Que presságios sinistros e dolentes!... Tenho medo da noite!... Padre nosso
Que estais no céu... O que minh´alma teme! Tenho medo da noite!... Que alvoroço Anda nesta alma enquanto o sino geme!
Jesus! Jesus, que noite imensa e triste! A quanta dor a nossa dor resiste
Em noite assim que a própria dor parece... Ó noite imensa, ó noite do Calvário,
Leva contigo envolto no sudário

Da tua dor a dor que me não esquece!

Poesia De Quinta Na Usina: D'Araujo: "O Grito:Sarau Beco dos Poetas 30 03 2014




2º Poema: O grito:


Então nós não vamos fazer nada.
A truculência vencendo o bom censo.
A violência estampada na cara
De cada um de nós.

Até quando vão tombar,
Manoel, João e Joaquim?
Até quando os eleitos vão ficar
Trancados em seus palacetes
A ignorar a realidade que os cercam.

Até quando vamos blindar nossas fortalezas
Enquanto os filhos da corrupção em seus barracões
Tramam mais uma ação?

Será que todos eles vão fechar os olhos
E entupir os próprios ouvidos
Com os dólares da nação
Enquanto mais um nos semáforos da vida
Estende-nos a mão.

E todos nós com aquele olhar superior não Chegamos 
a enxergar sequer a dor daquele que não vê amor
E sim a dor do abandono.

Até quando vamos assistir
A meia dúzia de hipócritas
Levar o sonho de nossas crianças
Pelo ralo do poder?

E todos nós tendo que nos esconder de nós mesmos.
Até quando você vai ficar aí parado
Sem ter a coragem de sequer olhar pro lado?

Olhe, veja, fale grite, se faça ouvir, porque o futuro, e hoje é aqui.