A MARCELINA I
Em sonhos eu persigo sua voz
Traslúcida a palavra
Eco distante? da sua voz
lançando flores
Tecendo meu nome com suas asas sua voz
de dia / no crepúsculo / eu ouço
acariciando meu ser
O martírio me assalta à noite.
quando eu paro de ouvi-la
Ontem à noite!
Só a ouvi antes da noite.
Parecia um século sua ausência agora.
Fazendo corpo com o silêncio
Partiu cimbreante apaixonando o onírico
Ventoso
Por instantes de sombras se foi
Altas horas / deshoras / madrugada
Por suspiros (breves) de estrelas.
que titilam desejos se afastou
Se afastou (sua voz) vestida de sono
coroada com louros da noite
Sabendo que ela volta, espero por ela.
sob o orvalho dos dias
com a alma geada de silêncios
Do braço com a aurora
entre pumpanos verde luz retorna
Volte para trás! como fibras de doçura
como fio condutor de amor e delírios
Volte para trás! pintar minhas
paisagens com arco-íris depois da chuva de fantasias noturnas.
Apesar de que ao meu lado você dorme
Adorável Encantada!
Eu não suporto! sua ausência o sonho
Em sonhos eu persigo sua voz
fantasiado de mágico.
José Vasquez Peña
Direitos reservados
Ica - Peru
8 dez2021.
POR MOMENTOS
Tenho dias, em que me apago por entre
as sombras da mediocridade e outros, poucos, em que venho à tona e por momentos
sou alguém que gostaria de ser. Tenho dias de galo e outros de cordeiro,
seguindo filas, bebendo mesmo sem ter sede, o olhar preso no dedo no gatilho,
no tiro sem bala, na ferida aberta que não sangra e todavia mata sem matar, a
linha ténue entre os que fazem a música e aqueles que apenas dançam. Logo eu
que nunca fui bom dançarino, no meio do fogo cruzado sem cão nem gato embalado
pela maré, suspenso por um golpe de sorte ou de azar num jogo previamente
viciado. Tenho dias, momentos em que armo uma espécie de sorriso... breve e
tímido. Fora isso, fora do campo onde tudo se decide, sou o riso escondido, o
grito mudo numa cara lavada em lágrimas, silenciadas pelo medo dos outros.
autor: Miguel Angelo Teixeira
MEU LIVRO
Luz nas trevas
lampião da sua praia perdida
que ilumina seu pensamento
é o candil da sua vida.
Lucero de sabedoria,
que a crianças dá alegria
e adultos, pleitesia.
Suas folhas são pétalas
de histórias perfumadas
escritas com tinta sábia
que abre sua fantasia
vivendo épocas não vividas.
O livro é seu amigo
que eu nunca te mentiria,
Trate-o com doce
Ele fala com você com ternura.
e eu nunca te trairia.
Te nutre de sapiência
mata sua ignorância,
Com amor e elegância.
Suas letras fazem você rir.
e outras vezes eles te arrancam
lágrimas.
Suas histórias são diversas;
Jocinhas, nostálgicas e maldosas.
Cuida dele como um tesouro.
se você chegar a perder
Garanto-te que você se arrependeria.
e um pouco de você morreria.
Anjo Gustavo Benavides
Autor(direitos reservados)
Equador
Dezembro 29/2021
TÍTULO.
INSPIRAÇÃO.
Hector Vargas Montanha.
Chile.
DD. RR.
29/12 /2021
Tem gente, cortando a grama,
e eu ouço os motores,
mas nada me interrompe,
em minhas evocações.
Eles chegam forte no meu nariz,
dos pastos, seus cheiros,
a máquina que aí ecoa,
não diminui minhas emoções.
Será só grama,
o que sobrou no chão? ,
há homens na sua tarefa,
e eu continuo escrevendo. - Sim.
O Completo Esquecimento
Em algum lugar
alguém me
roga uma prece
pois sinto o amor
no vento fresco
batendo no rosto.
Em algum lugar alguém
Me recorda numa canção
e se enche de saudades
no coração.
Em um instante
alguém me eterniza
em seus versos
E me transporta ao
patamar dos imortais
mais queridos.
No momento único
do tempo
eu sou alguém
que sorri e emociona,
E na hora mais
Nostálgica
eu serei o deus
da eternidade
E antes que a madrugada
me perpetue
eu serei sonho.
E depois ...
O completo esquecimento.
P.A.S
DUAS GOTAS DE AMOR.
***********************
Duas gotas
do orvalho do meu amor
caí sobre
Seu coração terno
A sujeira, a poeira
De tempestades dolorosas
Lavado
Com um começo.
Sua alma sorriu.
Seu corpo floresceu.
Olha o efeito
Do meu toque gentil
Isso desapareceu.
Suas lágrimas
Agradar você
muito.
© Dr. Zainul Hussain
Índia
29/12/2021
Epicum
Passeio entre árvores de concreto
espezinho os ossos putrefactos dos
mortos que me adoram
ouço o ritmo rápido dos corpos a
fornicar
agradeço os aplausos dos mortos que
vivem na selva urbana
sou o deus que os esqueceu
um homem que ainda não morreu
o poeta que se injeta e se empala com o
sofrimento alheio
...para esquecer o próprio.
saboreio o sangue
dos inocentes nojentos...
que me fazem sentir culpado
molha-me uma chuva imunda,
proveniente de nuvens podres nascidas
do génio humano
a merda que se acumula no espírito do
escritor
fede mais que o miasma que se liberta
dos olhos mortos que o não leem
quero fugir da vida
quero encontrar luaname
uma paixão que por muito que me torture
seda-me no vácuo da ilusão
sinto a loucura abraçar-me
o avatar evolui
procuro a solidão... e odeio estar só
procuro a sabedoria... alucina e
aleatória do eterno deus mamm
procuro-me, e encontro-me a mim próprio
...no outro lado da rua
cruzo-me afastado e sigo o meu caminho
segue-me o barulho escuro dos pés
descalços de luaname
o ser bestial que quero que me ame
espero por ela... que se aproxima
felina
o cimento dissolve-se
que me importa os corpos que se afundam
afinal sou o seu deus
agora aproximo-me de luaname
uma anciã desesperada
e gasta
e curvada...
pede-me ajuda...
vejo luaname rasgar as carnes velhas
e lamento-o levemente enquanto abraço
luaname
que me envolve e afunda em nuvens de
sangue e dor
nuvens de sangue e dor que surgem do
nada
geladas
aconchego-me no calor do corpo frio
do monstro que me olha e chora
que me beija e se transforma... e chora
até que ri
o riso insano da histeria
transporta-me para tempos de templos de
colunas antigas
passeia-me sobre quadrados pretos e
brancos
o pérfido tabuleiro do xadrez que joga.
vejo um gato com fome a alimentar um
cão vadio.
penso num planeta sem medos, e sem
gordura.
penso no inferno... sinto-o
uma coluna agarra-me
o toque da pedra é frio
luaname ignora o ato...
estende-me a mão... e segura-me o sexo,
puxa-o e eu sigo-a
tenho de seguir o meu destino
apesar... de não sentir forças para o
fazer
luaname abraça-me
sinto-lhe o sexo nas palmas das mãos
fazemos amor como nunca fizemos
não fizemos
ainda assim admiro...
um escritor falhado,
um poeta desprezado.
a carta que não foi escrita
o poema que não foi dito.
o niilismo absoluto que me atrai... e
eu deixo
que me segura... e não me revolto
o mundo fervilha imperfeito... e eu
noto-o... mas não ajo.
os inocentes pagam os crimes
as crianças passam fome
as balas voam sem consciência
as bombas gritam quando morrem
... troco tudo por pormenores,
e violo luaname.... que não sabe o que
me excita...
e adormeço, na paz falsa de deuses
mesquinhos e mentirosos
sonho
sonho que me encontro só
mas agora perto do fim do caminho.
a humanidade morrerá comigo... ainda a
dormir
mordo o peito morno de luaname
que sorri, a brincar com o meu cabelo
acordo ainda a dormir
levanto-me ainda a sonhar
passeio entre a floresta da solidão
descanso os olhos nos quadros de
pessoas mortas.
ela saltita à minha frente
abranda e sorri
não posso ignorar
os olhos continuam verde-azul
o cabelo um falso louro
não pintado... nem platinado
o corpo atlético
o palpitar duma mulher nova
o seu nome...
vasculhado nas entranhas da mente surge
como surgem flores belas
de um pântano escuro de esterco
o meu inconsciente, desejoso de ser
consciente, sussurra-me:
amifat
um velho sonho desenterrado
a vontade de voltar a ser jovem e poder
escolher.
amifat
um velho sonho, de uma noite de festa
amifat
uma porta encontrada
ainda que ainda e sempre fechada.
pelo canto do olho vejo o mundo real
estou sentado a chorar
sozinho num areal
desejo voltar a encontrar a perdida
felicidade possível
um prazer curto no tempo
amifat de seu nome
o outro lado do mesmo sonho
sinto a subtil e brutal presença de
luaname
e, por agora, ignoro-a
continuo a procurar amifat,
a luz no fundo do túnel
o desejo, súbito e avassalador da
vontade de sentir desejo.
a areia negra suja-me o corpo
quero reagir
não me importa que me rodeiem vidros
opacos
não me importa que a água seja amarga
quero pensar em amifat
não quero recordar luaname.
um ser híbrido, cor de merda, toca-me
sorri e mostra a ausência de dentes
pergunta-me o que quero
é deus
encontro afinal a solução/salvação
eterna
sinto o frio
desdenho o que sinto
tudo se transforma
estou num café, num bar, num bordel
estou só... e acompanhado
sinto luaname
quero sonhar com amifat
que me tortura na sua inocência
amifat, a luz que se espalha... na
borda do caminho...
de que quero regressar
quero gritar
e grito
como grita um pequeno ser sem voz
grito por amifat
mas penso em luaname
cheiro a solidão preta que me abraça
temo-a mas não lhe fujo
entro na noite escura
faço muita pouca força para me libertar
acabo a procurar o que me assusta
desejo a morte
sei que é doentio
apercebo-me da minha doença...
a que me faz almejar morrer.
sou observado pela criança que me lê a
mente
pelos dois lados
como somente a leu
o morto e eterno deus mamm.
já raramente me lembro de amifat
talvez a volte a encontrar
as fechaduras oferecem pouca segurança
vejo o sorriso bondoso do diabo
não percebo a imobilidade do meu corpo
ouço um barulho constante
são larvas abençoadas
que se alimentam do meu sangue
presencio a agonia de todos os que
morreram sem merecerem sofrer.
vejo crianças pequenas, já mortas...
que choram por comer.
vejo a tristeza absoluta na face da
virgem-mãe
a olhar o seu bebé gemer.
vejo o espanto do soldado
ao fazer o seu irmão morrer.
as imagens saboreiam o sangue que
possuem
quando retiram penas de pequenos
pássaros coloridos
com que se enfeitam
enquanto saboreiam as caricias dos que
os alimentam:
o desespero dum miúdo quando perde a
mãe
a angustia dum pai a ver morrer um
filho.
as máquinas do terror, que são
ensaiadas, nas filhas dos vizinhos.
a musica alta que não deixa ouvir
os gritos surdos e uniformes de todos
os sem lar
de todos que para além de fronteiras
desejam voltar.
penso em inquirir a morte mas como não
posso nem quero
continuo a observar sem nada fazer.
agora percebo a imobilidade...
o sorriso bondoso do diabo desaparece
torna-se intenso e amargo
acaricia as larvas que se alimentam
... dos meus pensamentos.
come o olho dum bebé... que já era cego
do outro.
retalho um seio farto de leite duma
mulher sem filhos
castra todos os homens que ainda não
tiveram filhos.
um cachorro faminto afasta-se... para
ser atropelado
o cheiro fétido enche-me as narinas...
e a humanidade também.
estou sozinho na praia
e corroí-me o suco gástrico do mundo
que se alimenta dos rebentos que não
sabe cultivar.
a carne dos filhos... dos outros.
a carne adocicada pela tuberculose.
o olhar triste dum velho com fome
sem ter onde se recolher.
durmo na areia preta
não me mexo
não sinto o desespero que me avassala
desisto
pelo sorriso
duma mulher sem leite
pelo bebé que morre.
bebo absinto quase puro.
vejo aproximar-se a marcha dos velhos
todos me cumprimentam na ânsia mórbida
do fim
que julgam, talvez, se encontre em mim
uma idosa chama-me
oferece-me um gato pequeno
aceito-o e aqueço-o
e ele morre porque foi retirado da mãe
rio-me a perceber a ironia.
e agora percebo que nada pode depender
de mim.
sinto a criança ler-me a mente
como só lia o eterno e desaparecido
deus mamm.
agora bebo o absinto puro
ouço o império cair, e rio
vejo o que acredito fugir, e lamento-o
cheiro o hálito do terror que se
aproxima
e queimo-me no corpo de carne de
luaname
que brinca com o meu cabelo
peço-lhe que retire as larvas da minha
mente
e, por breves momentos, isso acontece
mas por momentos demasiados breves.
o tempo só para quando não quero
mais uns curtos instantes e tenho que
me levantar
ainda observo a marcha dos velhos a
afastar-se
agora aproxima-se a marcha dos seres
imundos que se dizem humanos
mas afasto-me antes que me alcancem.. .
.
M.PIPER