quinta-feira, 25 de abril de 2019

Poesia De Quinta Na Usina: Paulo Leminski:



Domingo

Canto dos passarinhos


Doce que dá para pôr no café.

Poesia De Quinta Na Usina: Augusto dos Anjos:II:



Noute! O silêncio vinha entrando pelo mundo E ele, lúgubre e só, trôpego e cambaleando Foi-se arrastando, foi aos poucos se arrastando,

Para as bordas fatais dum precipício fundo!

Quis um momento ainda olhar para o Passado...

E em tudo que o rodeava, oito vezes, funéreo Horrorizado viu como num cemitério Cadáveres de um lado e cinzas de outro lado!

De súbito, avistando uma frondosa tília Julgou, louco, avistar a ÁRvore da Esperança...
E bateram -lhe então de chofre na lembrança A casa que deixara, os filhos, a família!

Não morreria, pois! Somente morreria Se da Vida, sozinho, ele pisasse os trilhos...
Que mal lhe haviam feito a esposa e a irmã e os filhos?! Preciso era viver! Portanto, viveria!

Viveria! E a fecunda e deleitosa seara Verde dos campos, onde arde e floresce a Crença,
Compensaria toda a sua dor imensa Tal qual o Céu a dor de Cristo compensara!

E aos tropeços, tombando, o Velho caminhava...

Caminhava, e a sonhar, bêbado de miragem, Nem viu que era chegado o termo da viagem, E amplo, a rugir-lhe aos pés, o precipício estava.

Num instante viu tudo, e compreendendo tudo, Quis fazer um esforço -- o último esforço, e o braço Pendeu exangue, o peito arqueou-se, o cansaço Empolgara-o, e ele quis falar e estava mudo!

Mudo! E a quem contaria agora as suas mágoas?! E trágico, no horror brutoda despedida
Abraçou-se com a Dor, abraçou-se com a Vida E sepultou-se ali no coração das águas!

Cantavam muito ao longe uns carmes doloridos! Eram tropeiros, era a turba trovadora
Que assim cantava, enquanto a Terra Vencedora Celebrava ao luar a Missa dos Vencidos!

E o cadáver, a toa, a flux d’água, flutua! Ninguém o vê, ninguém o acalenta, o acalenta...

Somente entre a negrura atra da terra poenta Alguém beija, alguém vela o cadáver: a Lua!

Poesia De Quinta Na Usina:Fernando Pessoa: Andei léguas de sombra:




Andei léguas de sombra
Dentro em meu pensamento.
Floresceu às avessas
Meu ócio com sem-nexo,
E apagaram-se as lâmpadas
Na alcova cambaleante.
Tudo prestes se volve
Um deserto macio
Visto pelo meu tato
Dos veludos da alcova,
Não pela minha vista.
Há um oásis no Incerto
E, como uma suspeita
De luz por não-há-frinchas,
Passa uma caravana.
Esquece-me de súbito
Como é o espaço, e o tempo
Em vez de horizontal

É vertical.



                  Cancioneiro
Fernando Pessoa
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/cancioneiro.htm

Poesia De Quinta Na Usina: Fernando Pessoa: A morte chega cedo:


 A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.
O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.
E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte

Que Deus deixou aberto.




Cancioneiro
 Fernando Pessoa
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/cancioneiro.htm

D'Araújo: no LOGOS 15: Com o Poema: Paixão: Inicio, Meio e Fim:







PAIXÃO: INICIO, MEIO E FIM
António D'Araújo

Um inicio:
Provocador, avassalador, profundo, inevitável.

Um meio:
Intenso, radiante, acalentador, gratificante, o êxtase do prazer a dois.

Confira poema na integra no site:
http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/L15/LOGOS15-JUL2015-POESIA_07.htm

Poesia De quinta Na Usina : D'Araújo: Tudo tem seu preço:



Será que é justo o farto, penoso.
E inevitável lado oposto do que queremos.

Mas até quando conseguiremos nos afastar.
Dos nossos desejos, apenas para evitar.
O oposto dos nossos gostos.

Com o carro vem o combustível, IPVA, seguro obrigatório e a manutenção.

Com a casa vem os moveis a decoração
O IPTU e as desastrosas reformas.

Com a esposa, vem à sogra, TPM, shopping Center, cartão de credito estourado e finalmente a perda do tesão.

Com seu melhor e fiel amigo.
O Cachorro.
Vem à ração o veterinário e os dejetos...

E assim vamos destilando as nossas necessidades de cada dia, tentando.

Fugir ao máximo do oposto dos nossos gostos.


Conteúdo do livro:


















Editora: www.perse.com.br