quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:


  



ÁRVORES DO ALENTEJO

Horas mortas... Curvada aos pés do monte A planície é um brasido... 
e, torturadas, As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte! E quando, manhã alta, o sol posponte
A ouro a giesta, a arder, pelas estradas, Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte! Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede, Pedindo a Deus a minha gota d´água!

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