quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Dante Alighieri: A Divina Comédia: Inferno:


Ah! justiça de Deus! Que lei tremenda, Dores, penas, quais vi, tanto amontoa? 
21 Por que da culpa nos obceca a venda?
Como em Caribde a vaga que ressoa Embate noutra, e quebram-se espumantes: 
24 Assim turba com turba se abalroa.
Almas em cópia, nunca vista de antes,
Fardos de um lado e de outro, em grita ingente,
27 Rolavam com seus peitos ofegantes.
Batiam-se encontrando rijamente, E gritavam depois, atrás voltando:
30 “Por que tens?” “Por que empurras loucamente?”
Assim no tetro círc'lo volteando Iam de toda parte ao ponto oposto,
33 Por injúria o estribilho apregoando.
Nos semicírc'lo novamente rosto Faziam, té o embate reiterarem.
36 Eu, me sentindo à compaixão disposto,
— “Quem são? Que razão há para aqui estarem?” Ao Mestre disse 
— “À esquerda os colocados
39 Clérigos são para tonsura usarem?”
— “Da mente sendo vesgos, transviados”
— Tornou — “andaram na primeira vida,
42 Sempre os bens aplicando desregrados.


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