quarta-feira, 13 de julho de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Cruz Sousa: ÊXTASE:


 


Quando vens para mim, abrindo os braços Numa carícia lânguida e quebrada, 
Sinto o esplendor de cantos de alvorada Na amorosa fremência dos teus passos.
Partindo os duros e terrestres laços, A alma tonta, em delírio, alvoroçada, 
Sobe dos astros a radiosa escada Atravessando a curva dos espaços. 
Vens, enquanto que eu, perplexo d’espanto, Mal te posso abraçar, gozar-te o encanto 
Dos seios, dentre esses rendados folhos. 
Nem um beijo te dou! abstrato e mudo Diante de ti, sinto-te, absorto em tudo, 
Uns rumores de pássaros nos olhos.

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