quarta-feira, 13 de julho de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana: Poeta esperando a vez no dentista:



A minha vida, sempre e sempre, é esta sala de espera: na mesinha arqueológicas revistas, na parede, as gravuras mais previstas, umas e outras do Tempo da Era... 
Este soneto está quebrado... (ou alquebrado?) Espera, poeta. é melhor que tu desistas...
(E conto, aflito, nos meus dedos de imagista, as elisões, as sílabas de espera!) 
Eis que me surge, aqui, neste terceto, a Esfinge! "Devora-me ou decifro-te!" E ela ringe. 
(Só para rimar) os dentes... Ah, Camões, quem me dera tuas construções de ferro, esses teus dentes brutos... Um só, um só dos teus anacolutos!

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