Quinto
ocupante da Cadeira nº 8, eleito em 31 de julho de 1997, na sucessão de Antonio
Callado e recebido em 12 de setembro de 1997 pelo acadêmico Geraldo França de
Lima. Recebeu o acadêmico Roberto Campos.
Antonio
Olinto (Nome completo: Antonio Olyntho Marques da Rocha) nasceu em Ubá (MG), em
10 de maio de 1919, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 12 de setembro de
2009. Filho de José Marques da Rocha e de Áurea Lourdes Rocha.
Depois
dos estudos primários na cidade natal, ingressou no Seminário Católico de
Campos (RJ), onde concluiu o curso secundário. Prosseguiu os estudos no curso
de Filosofia do Seminário Maior de Belo Horizonte (MG) e no Seminário Maior de
São Paulo. Tendo desistido de ser padre, foi durante dez anos professor de
Latim, Português, História da Literatura, Francês, Inglês e História da
Civilização, em colégios do Rio de Janeiro. Publicou então seu primeiro livro
de poesia, Presença. Foi secretário do Grupo Malraux, tendo organizado a 1.a
exposição de poesias, montada na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de
Janeiro. Juntamente com sua atividade de professor ingressou no setor
publicitário e no jornalismo. Seu livro Jornalismo e Literatura foi adotado em
cursos de jornalismo em todo o Brasil. Da mesma época é seu livro de ensaios o
Diário de André Gide.
Foi
crítico literário de O Globo ao longo de 25 anos, responsável pela seção “Porta
de Livraria”, onde noticiava os principais fatos da vida literária e livreira,
e colaborou em jornais de todo o Brasil e de Portugal. Convidado pelo Governo
da Suécia para as comemorações do Cinqüentenário do Prêmio Nobel em 1950, fez
então conferências nas universidades de Estocolmo e Uppsala e entrevistou
William Faulkner, Bertrand Russell e Per Lagerkvist. Em 1952, a convite do
Departamento de Estado dos Estados Unidos, percorreu 36 estados
norte-americanos fazendo conferências sobre cultura brasileira. Poeta e
ensaísta, a sua obra está vinculada, cronologicamente, à Geração de 45. Teve
publicados na década de 50 quatro volumes de poesia e dois de crítica
literária.
Nomeado
Diretor do Serviço de Documentação do então Ministério da Viação e Obras
Públicas, pelo presidente Café Filho, em setembro de 1954, ali lançou a Coleção
Mauá, de livros técnicos, promoveu exposições de pintura dedicadas a obras que
privilegiassem ferrovias, estradas e os caminhos do mar – Salão do Automóvel,
Salão Ferroviário, Salão da Estrada, Salão do Mar – e dirigiu a revista Brasil
Constrói, redigida em quatro idiomas. Data dessa época o lançamento de mais de
trinta concursos literários ligados a livros (exemplos: as melhores vitrines
com livros, cartilhas, contos esportivos), culminando com o lançamento do
Prêmio Nacional Walmap, considerado o pioneiro dos grandes prêmios literários
do país.
Nomeado
Adido Cultural em Lagos, Nigéria, pelo governo parlamentarista de 1962, em
quase três anos de atividade fez cerca de 120 conferências na África Ocidental,
promoveu uma grande exposição de pintura sobre motivos afro-brasileiros,
colaborou em revistas nigerianas, enfronhou-se nos assuntos da nova África
independente e, como resultado, escreveu uma trilogia de romances – A Casa da
Água, O Rei de Keto e Trono de Vidro – hoje traduzidos para dezenove idiomas
(inglês, italiano, francês, polonês, romeno, macedônio, croata, búlgaro, sueco,
espanhol, alemão, holandês, ucraniano, japonês, coreano, galego, catalão, húngaro
e árabe) e com mais de trinta edições fora do Brasil. Seu livro Brasileiros na
África, de pesquisa e análise sobre o regresso dos ex-escravos brasileiros ao
continente africano, tem sido, desde sua publicação em 1964, motivo de teses,
seminários e debates. De 1965 a 1967 foi Professor Visitante na Universidade de
Columbia em Nova York, onde ministrou um curso sobre Ensaística Brasileira. Na
mesma ocasião, fez conferências nas Universidades de Yale, Harvard, Howard,
Indiana, Palo Alto, UCLA, Louisiana e Miami. Escreveu uma série de artigos
sobre a Escandinávia, o Reino Unido e a França.
Em
1968 foi nomeado Adido Cultural em Londres, onde desenvolveu uma atividade
incessante, através de conferências e um mínimo de cem exposições ao longo de
cinco anos.
Membro
do PEN Clube do Brasil, ajudou a organizar três congressos do PEN Clube
Internacional no Brasil: em 1959, 1979 e 1992. Passou a participar também das
atividades do PEN Internacional, com sede em Londres, tendo sido eleito, no
começo dos 90, para o cargo de Vice-Presidente Internacional. Na qualidade de
Visiting Lecturer vem dando cursos de Cultura Brasileira na Universidade de
Essex, Inglaterra.
Dirigiu
e apresentou os primeiros programas literários de televisão no Brasil, na TV
Tupi, e em seguida nas TVs Continental e Rio. Fez conferências sobre cultura
brasileira em universidades e entidades culturais em Tóquio, Seul, Sidney,
Luanda, Maputo, Dacar, Lomé, Porto Novo, Lagos, Ifé, Warri, Abidjan, Tanger,
Arzila, Buenos Aires, Lisboa, Coimbra, Porto, Madri, Santiago, Barcelona, Lion,
Paris, Marselha, Milão, Pádua, Veneza, Bérgamo, Florença, Roma, Belgrado,
Zagreb, Bucareste, Sófia, Varsóvia, Cracóvia, Moscou, Estocolmo, Copenhague,
Aarhus, Londres, Manchester, Liverpool, Colchester, Newcastle, Edimburgo,
Glasgov, St. Andrews, Oxford, Cambridge, Bristol, Dublin.
Conheceu,
em 1955, a escritora e jornalista Zora Seljan, com quem se casou. A partir de
então, os dois trabalharam juntos em atividades culturais e literárias. Quando
Antonio Olinto foi crítico literário de O Globo, Zora Seljan assinava a crítica
de teatro no mesmo jornal, sendo que às vezes as duas colunas saíam lado a lado
na página. Antes de os dois seguirem para a Nigéria, já Zora havia escrito a
maioria de suas peças de teatro afro-brasileiras, das quais, mais tarde, em
Londres, uma delas, Exu, Cavaleiro da Encruzilhada, seria levada em inglês por
um grupo de atores ingleses e norte-americanos sob a direção de Ray Shell, que
participara de produção de Jesus Christ Superstar. Na Nigéria Zora Seljan foi
leitora na Universidade de Lagos. De volta da África, Antonio Olinto publicaria
um relato de sua missão ali, Brasileiros na África, e Zora Seljan lançaria dois
livros: A Educação na Nigéria e No Brasil ainda Tem Gente da Minha Cor?. Em
1973, os dois fundaram um jornal, em Londres e em inglês, The Brazilian
Gazette, que vem existindo continuamente até hoje.
Antonio
Olinto e Zora Seljan foram eleitos para o Conselho Fiscal do Sindicato dos
Escritores, em 7 de maio de 1997.
Zora
Seljan faleceu no Rio de Janeiro em 25 de abril de 2006.
Em
31 de julho de 1997 foi eleito para a ABL na Cadeira n.o 8, sucedendo ao
escritor Antonio Callado. Foi eleito para o cargo de diretor-tesoureiro nas
gestões de 1998-99 e 2000. Nesse período foi também diretor da Comissão de
Publicações. Sob a sua direção saíram 24 volumes da Coleção Afrânio Peixoto.
Coordenou o seminário Monteiro Lobato: Meio Século Depois (1998) e o ciclo A
Língua Portuguesa nos 500 Anos do Brasil (ABL, 1999) e participou do seminário
A Língua Portuguesa em Questão (CIEE-São Paulo, 1999) e dos ciclos de
conferências sobre Machado de Assis e Rui Barbosa (ABL, 1999).
Nos
últimos anos proferiu ainda conferências em seminários no Brasil e no exterior.
A convite do Governo português, em 2000, participou das Jornadas da Lusofonia
realizadas em Lisboa, Estocolmo, Gotemburgo, Lund e Copenhague.
Em
1998 voltou a circular o Jornal de Letras (n.o 0 em agosto), sendo Antonio
Olinto o editor-chefe desta nova fase. Em setembro, no quadro das comemorações
do Sete de setembro, a Embaixada do Brasil na Romênia inaugurou, em Bucareste,
a Biblioteca Antonio Olinto.
Em
1º de janeiro de 2001 foi nomeado por ato do Prefeito do Rio de Janeiro, Sr.
César Maia, para o cargo de Diretor Geral do Departamento de Documentação e
Informação Cultural, da Secretaria das Culturas, dirigida pelo Dr. Paulo
Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros (o Senador Artur da Távola). Encontra-se
até os dias de hoje nesse setor, agora com o Secretário das Culturas, Ricardo
Macieira, e na sua gestão já inaugurou duas bibliotecas em comunidades
carentes, como manteve as 23 bibliotecas municipais em prédios fixos, além de
dirigir o Museu da Cidade e o Arquivo Geral da Cidade.
Em
2002, foi eleito presidente da Comissão Nacional Organizadora do Centenário de
Nascimento de Ary Barroso, que foi celebrado com várias comemorações pelo país
e pelo exterior. Para homenagear Ary Barroso, Antonio Olinto lançou o livro Ary
Barroso, a História de uma Paixão, que está sendo apresentado em várias
capitais e em sua cidade natal, Ubá.
No
dia 17 do mês de julho de 2003 apresentou seus quadros naives no Shopping
Cassino Atlântico, juntamente com o lançamento de seu livro Ary Barroso.
Em
2004, ministrou na UniverCidade curso de doze conferências subordinado ao tema
“Uma visão literária do Brasil de Anchieta a Rachel de Queiroz”. Por sua
iniciativa foi criado o Instituto Antonio Olinto e Zora, que recebeu o
patrimônio cultural do casal, de que constam duzentas esculturas de madeira da
África, bem como 15 mil volumes da biblioteca de ambos e cerca de 5 mil fotografias
ligadas à literatura brasileira.
Recebeu
o Prêmio Machado de Assis – 1994, pelo conjunto de obras, da Academia
Brasileira de Letras, a mais alta láurea literária do Brasil. Em 2000, recebeu
o título de Doutor Honoris Causa, da Faculdade de Letras do Conjunto
Universitário de Ubá (MG) e o Diploma de Excelência da Universidade Vasile
Goldis, de Arad (Romênia), pelo seu trabalho de difusão da cultura brasileira
naquele país. Em 2003, inaugurou na Faculdade de Letras Ozanan Coelho, de Ubá,
uma biblioteca de 34 mil volumes que recebeu o seu nome. Em 2004, o Real
Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro outorgou-lhe o Título de Sócio
Grande Benemérito.
Sua
obra abrange poesia, romance, ensaio, crítica literária e análise política.
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