"Escrevo, triste, no meu quarto
quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como
sempre serei. E penso se a minha voz,
aparentemente tão pouca coisa, não encarna a
substância de milhares de vozes, a fome de
dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de
milhões de almas submissas como a minha ao
destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança
sem vestígios. Nestes momentos meu coração
pulsa mais alto por minha consciência dele.
Vivo mais porque vivo maior."
* * *
Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/
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