segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Crônicas de Segunda Na Usina:O Cão o jovem, e o caminhante:


E lá vou eu para minha caminhada matinal de Domingo, para manter o foco no hoje, e manter a quietude do espirito em sintonia com o corpo.
Mas como tudo no eterno viver é uma surpresa; Ontem não foi diferente;
Ao abrir o meu portão neste pedaço do paraíso, me deparo com uma sena que por lá já é comum, mais que ainda incomoda profundamente a minha inquieta alma.
Deparo-me com Um cão da raça, Show Show, repousando o seu desengano em um olhar triste e vazio, daqueles que só o abandono pode causar; Ai, eu me pergunto, como pode existir seres de sentimentos tão perversos, em relação à vida alheia, ao seu redor.
O primeiro impulso é vou pegar para criar, mas ai lhe bate a dura realidade, que se você fizer isso você não para nunca mais, porque todos os dias as boas almas destes seres que somos nós, ditos racionais desovam sua desilusões, neste lugar que lhes parece tão distante e que certamente eles nunca mais passaram ali novamente, como se bastasse para manter à sua consciência tranquila. Há desculpe, como se alguém capaz de um ato desses tivesse consciência.
Observando o Cão, pude perceber que ele estava com as duas orelhas machucadas, e num gesto sagrado de amor para com seu Cão há boa alma que o abandonou, teve o cuidado de colocar benzocreol, para conforta à sua dor; O que é a mesma coisa que você se propor a cuidar de um ser humano com conjuntivite por uma semana e depois joga-la no abismo.
Pelo menos ela vai ter uma bela visão da ultima paisagem da sua existência.
E lá vou eu degustando aquele olhar desolador em minha serena caminhada, pois parecia que tudo naquele domingo se resumiria aquele contraditório do dia, mas sempre existe algo, há, mas no seu caminho.
Seguindo eu naquele deserto da floresta no come calmo deserto da Ilha, até perceber que logo há frente tinha um jovem, e qual não foi a minha surpresa ao perceber, que tínhamos compartilhado do mesmo pensar que estaríamos às sós naquela imensidão do nada da ilha.
Ao me aproximar pude perceber que ele repousava sobre um galho da arvore;
Não ele não repousava seu corpo naquele galho, e sim uma imensa carreira de pó.
E como sempre fiz em relação às escolhas de cada um, lhe cumprimentei, e segui em frente em minha caminhada, mas era impossível passar indiferente aquele mesmo olhar de desencanto que unia aquele Cão e aquele jovem, na mesma luta pela sobrevivência diante as condições impostas a revelia dos seus desejos.

E inevitavelmente me veio à fatídica reflexão de que cada um destila suas desilusões da melhor forma possível, e que em quinze minutos de minha caminhada na imensidão do interminável verde da ilha, lá estava a dura realidade, do negro desejo de sobreviver daquele Cão, e há ilusão branca daquele jovem, e em mim a doce certeza da nossa grande hipocrisia de acharmos que somos algo mas que orgulho e pó.

D'Araujo.

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