domingo, 7 de abril de 2019

Domingo Na Usina: Biografias: Alice Ruiz Scherone :



(Curitiba PR 1946). Poeta, compositora, tradutora e publicitária. Publica, em 1962, seus primeiros poemas em jornais e revistas culturais. Em 1968, conhece o poeta Paulo Leminski (1944 - 1989), com quem mais tarde se casa. Junto de outros jovens escritores, participa do grupo de vanguarda Áporo (1969), opondo-se ao provincianismo do meio cultural paranaense. Na mesma época, inicia estudos sobre o haicai, forma breve da poesia japonesa, determinante para sua obra. Em 1971, integra o grupo musical A Chave, iniciando a carreira de letrista de música popular. Publica seu primeiro livro, Navalhanaliga, em 1980. Seu primeiro trabalho de tradução de haicais é lançado em 1981, o livro Dz Haiku: Chine-Jo, Chiyo-Ni, Shisei-Jo, Shokyi-Ni e Shofu-Ni. Em parceria com Leminski, lança, em 1985, Hai Tropikai. Nesse mesmo ano, participa das mostras Arte Pau-Brasil e Transcriar - Poemas em Vídeo Texto, na cidade de São Paulo. Em 1987, assume o posto de diretora de criação na Agência Umuarama, e separa-se de Leminski. Muda-se para São Paulo em 1989, quando também recebe o Prêmio Jabuti pelo livro Vice Versos. Em 1990, participa do projeto Poesia em Out-Door, 100 Anos da Av. Paulista. Organiza com a filha Áurea Leminski, em 1994, O Ex-Estranho, obra póstuma de Paulo Leminski. Mantém a produção de letrista, em parceria com diversos músicos, com destaque para as composições realizadas ao lado de Itamar Assumpção (1949 - 2003). Em 2005, lança o CD Paralelas, com a cantora Alzira Espíndola (1957). Reúne, em 2008, seus primeiros livros, de Navalhanaliga até Vice Versos, no volume 2 em 1.

Comentário Crítico
A poesia de Alice Ruiz norteia-se pela concisão. Nos poemas iniciais, a pesquisa sobre o haicai, forma poética de extrema brevidade, é associada à influência da poesia concreta. Com isso, os poemas de Navalhanaliga são, ao mesmo tempo, formalmente experimentais e profundamente líricos.

Tal lirismo e intuição, características poéticas menos valorizadas pela vanguarda concreta em sua vocação para a exploração da forma, reaparecem na poesia de Alice em livros como Paixão Xama Paixão ou Pelos Pelos. No entanto, a aclimatação do haicai no Brasil aparece de modo mais consciente nos poemas de Hai Tropikai e Desorientais. Neste, Alice compõe os poemas sempre pensando em seus laços pessoais: dedicatórias a amigos, lembranças amorosas, reminiscências das filhas etc. Por isso, seus haicais são "desorientais": apropriam-se da brevidade e densidade da poesia japonesa sem, contudo, seguir a objetividade e a impessoalidade que essa forma tradicionalmente possui.

Outra característica da poesia de Alice é a musicalidade: mesmo poemas visuais, escritos no início da carreira, tornam-se letra de música nas composições de Itamar Assumpção, como o próprio poema Navalhanaliga. Além disso, a poeta possui muitas letras de canções, gravadas pelos mais diversos artistas, algumas delas reunidas no livro Poesia pra Tocar no Rádio. Dedica-se com a mesma intensidade e princípio poético à literatura e à música.

fonte de origem:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa21586/alice-ruiz

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