Agonia
de amor, agonia bendita!
-- Misto de infinita mágoa e de crença
infinita. Nos desertos da Vida uma estrela fulgura
E
o Viajeiro do Amor, vendo-a, triste, murmura:
--
Que eu nunca chore assim! Que eu nunca chore como Chorei, ontem, a sós, num
volutuoso assomo, Numa prece de amor, numa felícia infinda,
Delícia
que ainda gozo, oração, prece que ainda Entre saudades rezo, e entre sorrisos e
entre Mágoas soluço, até que esta dor se concentre No âmago de meu peito e de
minha saudade. Amor, escuridão e eterna claridade...
--
Calor que hoje me alenta e há de matar-me em breve, Frio que me assassina, amor
e frio, neve,
Neve
que me embala como um berço divino, Neve da minha dor, neve do meu destino!
E
eu aqui a chorar nesta noite tão fria! Agonia, agonia, agonia, agonia!
--
Diz e morre-lhe a voz, e cansado e morrendo O Viajeiro vai, e vê a luz e vendo
Uma
sombra que passa, uma nuvem que corre, Caminha e vai, o louco, abraça a sombra
e... morre! E a alma se lhe dilui na amplidão infinita...
Agonia
de amar, agonia bendita!
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