Como uma gaiola
numa terra onde não há aves,
E minha dor é
silenciosa e triste
Como a parte da
praia onde o mar não chega.
Chego às janelas
Dos palácios
arruinados
E cismo de dentro
para fora
Para me consolar
do presente.
Dá-me rosas,
rosas,
E lírios
também...
Mas por mais
rosas e lírios que me dês,
Eu nunca acharei
que a vida é bastante.
Faltar-me-á
sempre qualquer coisa,
Sobrar-me-á
sempre de que desejar,
Como um palco
deserto.
Por isso, não te
importes com o que eu penso,
E muito embora o
que eu te peça
Te pareça que não
quer dizer nada,
Minha pobre
criança tísica,
Dá-me das tuas
rosas e dos teus lírios,
Dá-me rosas,
rosas,
E lírios também..
Poemas de Álvaro de Campos
Fernando Pessoa
Fonte: http://www.secrel.com.br/jpoesia/facam.html
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