(Antônio Mariano Alberto de Oliveira), farmacêutico, professor e
poeta, nasceu em Palmital de Saquarema, RJ, em 28 de abril de 1857, e faleceu
em Niterói, RJ, em 19 de janeiro de 1937.
Era
filho de José Mariano de Oliveira e de Ana Mariano de Oliveira. Fez os estudos
primários em escola pública na vila de N. S. de Nazaré de Saquarema. Depois
cursou humanidades em Niterói. Diplomou-se em Farmácia, em 1884, e cursou a
Faculdade de Medicina até o terceiro ano, onde foi colega de Olavo Bilac, com
quem, desde logo, estabeleceu as melhores relações pessoais e literárias. Bilac
seguiu para São Paulo, matriculando-se na Faculdade de Direito, e Alberto foi
exercer a profissão de farmacêutico. Deu o nome a várias farmácias alheias. Uma
delas, e por muitos anos, era uma das filiais do estabelecimento do velho
Granado, industrial português. Casou-se em 1889, em Petrópolis, com a viúva
Maria da Glória Rebelo Moreira, de quem teve um filho, Artur de Oliveira.
Em
1892, foi oficial de gabinete do presidente do Estado, Dr. José Tomás da
Porciúncula. De 1893 a 1898, exerceu o cargo de diretor geral da Instrução
Pública do Rio de Janeiro. No Distrito Federal, foi professor da Escola Normal
e da Escola Dramática.
Com
dezesseis irmãos, sendo nove homens e sete moças, todos com inclinações
literárias, destacou-se Alberto de Oliveira como a mais completa personalidade
artística entre eles. Ficou famosa a casa da Engenhoca, arrabalde de Niterói,
onde residia, com os filhos, o casal Oliveira, e que era frequentada, na década
de 1880, pelos mais ilustres escritores brasileiros, entre os quais Olavo
Bilac, Raul Pompeia, Raimundo Correia, Aluísio e Artur Azevedo, Afonso Celso,
Guimarães Passos, Luís Delfino, Filinto de Almeida, Rodrigo Otávio, Lúcio de
Mendonça, Pardal Mallet e Valentim Magalhães. Nessas reuniões, só se conversava
sobre arte e literatura. Sucediam-se os recitativos. Eram versos próprios dos
presentes ou alheios. Heredia, Leconte, Coppée, France eram os nomes tutelares,
quando o Parnasianismo francês estava no auge.
Em
seu livro de estreia, em 1877, as Canções românticas, Alberto de Oliveira
mostrava-se ainda preso aos cânones românticos. Mas sua posição de transição
não escapou ao crítico Machado de Assis num famoso ensaio, de 1879, em que
assinala os sintomas da “nova geração”. O anti-Romantismo vinha da França, a
partir de uma plêiade de poetas reunidos no Parnasse Contemporain, Leconte de
Lisle, Banville, Gautier. Nas Meridionais (1884) está o seu momento mais alto
no que concerne à ortodoxia parnasiana. Concretiza-se o forte pendor pelo
objetivismo e pelas cenas exteriores, o amor da natureza, o culto da forma, a
pintura da paisagem, a linguagem castiça e a versificação rica. Essas
qualidades se acentuam nas obras posteriores. Com os Sonetos e poemas, os
Versos e rimas e, sobretudo, com as coletâneas das quatro séries de Poesias,
que se sucederam nos anos de 1900, 1905, 1913 e 1928, é que ele patenteou todo
o seu talento de poeta, a sua arte, a sua perfeita mestria. Foi um dos grandes
cultores do soneto em língua portuguesa. Com Raimundo Correia e Olavo Bilac,
constituiu a trindade parnasiana no Brasil. O movimento, inaugurado com os
Sonetos e rimas (1880) de Luís Guimarães, teria a sua fase criadora encerrada
em 1893 com os Broquéis de Cruz e Sousa, que abriram o movimento simbolista.
Mas a influência do Parnasianismo, sobretudo pelas figuras de Alberto e Bilac,
se faria sentir muito além do término como escola, estendendo-se até a irrupção
do Modernismo (1922).
Tendo
envelhecido tranquilamente, Alberto de Oliveira pôde assistir, através de uma
longa existência, ao fim da sua escola poética. Mas o fez com a mesma grandeza,
serenidade e fino senso estético que foram os traços característicos da sua
vida e da obra. O soneto que abre a 4ª. série das Poesias (1928), “Agora é
tarde para novo rumo/ dar ao sequioso espírito;...” sintetiza bem a sua
consciência de poeta e o elevado conceito em que punha a sua arte.
Durante
toda a carreira literária, colaborou também em jornais cariocas: Gazetinha, A
Semana, Diário do Rio de Janeiro, Mequetrefe, Combate, Gazeta da Noite, Tribuna
de Petrópolis, Revista Brasileira, Correio da Manhã, Revista do Brasil, Revista
de Portugal, Revista de Língua Portuguesa. Era um apaixonado bibliófilo, e
chegou a possuir uma das bibliotecas mais escolhidas e valiosas de clássicos
brasileiros e portugueses, que doou à Academia Brasileira de Letras.
Recebeu
o Acadêmico Goulart de Andrade.
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