Terceiro
ocupante da Cadeira 9, eleito em 3 de janeiro de 1974 na sucessão de Marques Rebelo e recebido em
23 de abril de 1974 pelo acadêmico Francisco de Assis Barbosa.
Carlos
Chagas Filho, médico, professor, cientista e ensaísta, nasceu no Rio de
Janeiro, RJ, em 12 de setembro de 1910 e faleceu na mesma cidade em 16 de
fevereiro de 2000.
Filho
do consagrado cientista e médico Carlos Justiniano Ribeiro Chagas e de Íris
Lobo Chagas. Casou-se, em 1935, com Anna Leopoldina de Melo Franco, e com ela
teve quatro filhas: Maria da Glória, Sílvia Amélia, Ana Margarida e Cristina
Isabel.
Iniciou
o curso secundário no Colégio Resende e diplomou-se pelos exames do Colégio
Pedro II. Aos 16 anos ingressou na Faculdade de Medicina da antiga Universidade
do Brasil, formando-se em 1931. Foi logo depois praticar a profissão em
Lassance, no interior de Minas Gerais. Essa experiência colocou-o em contato
direto com os problemas nacionais, confirmando a decisão de dedicar-se ao
ensino e à pesquisa científica.
Ingressou
no Instituto de Manguinhos, onde fez sua formação científica, no tempo em que
aquele instituto era dirigido por Carlos Chagas, recebendo o diploma de
especialização em Físico-Química, em 1935. Em 1932 fora nomeado assistente da
cadeira de Patologia e, em 1934, da cadeira de Física Biológica. Foi em
Manguinhos que se dedicou às áreas básicas da Medicina, criou a cadeira de
Biofísica no Rio de Janeiro e no Brasil, utilizando técnicas novas de
Radiobiologia, Farmacologia, Fisiologia e Bioquímica.
Em
1937, passou de Manguinhos para a então Universidade do Brasil, tornando-se
professor titular da cadeira de Biofísica da Faculdade Nacional de Medicina.
Após aprofundar seus estudos em centros de pesquisa na França, Inglaterra e
Estados Unidos, criou o Laboratório de Biofísica da Faculdade de Medicina, que
se transformaria, em 1946, no Instituto de Biofísica da Universidade do Brasil.
Imprimiu ali a formação multidisciplinar, associando a pesquisa ao ensino, em
regime de dedicação exclusiva, e incorporando jovens com vocação científica. De
seus laboratórios saiu toda uma geração de cientistas brasileiros, levando
longe o nome do Rio de Janeiro como uma referência geográfica da ciência e da
cultura. O Instituto de Biofísica é, hoje, um dos membros da International
Federation of Institutes for Advanced Study - IFIAS.
Exerceu
importantes postos administrativos, no Brasil e no exterior, sempre ligados à
sua área, trabalhando pela formulação de uma política científica nacional. Foi
diretor da Divisão de Pesquisas Biológicas do Conselho Nacional de Pesquisa
(CNPq), de 1951 a 1954, e presidente da Academia Brasileira de Ciências, de
1964 a 1966. Chefiou organismos internacionais de pesquisa, como o Centro
Nuclear de Porto Rico; foi secretário-geral da Conferência sobre a Aplicação da
Ciência e da Tecnologia ao Desenvolvimento, em 1962-63; e presidente do Comitê
Científico para a Aplicação da Ciência e da Tecnologia ao Desenvolvimento, de 1966
a 1970, ambos da Organização das Nações Unidas.
Designado
embaixador do Brasil junto à Unesco, em 1966, pelo presidente Castello Branco,
ali desempenhou durante anos papel de relevo para o Brasil. Foi membro do
Comitê Internacional para a Salvaguarda de Veneza; vice-presidente do Conselho
Internacional de Uniões Científicas na França e, de 1973 a 1990, presidente da
Academia Pontifícia de Ciências, modelando-a como uma academia de ação. Mais de
80 reuniões científicas de repercussão internacional foram realizadas sob sua
presidência.
Na
área humanística, marcou-o a contínua reflexão filosófica e sociológica sobre a
ciência, seu papel e seus rumos no mundo moderno. Mostrando consciência da
oportunidade estratégica da ciência para o Brasil e para os países pobres, seus
ensaios tomaram importância considerável em virtude da posição global e
humanística que os caracterizavam, relacionando a ciência às demais formas de
conhecimento e vinculando-a à promoção do ser humano.
Obteve
o reconhecimento de diversos países, pelos quais foi condecorado: Suécia,
Itália, Portugal, França, Espanha, Venezuela. Dentre os títulos honoríficos
recebeu os de Doutor Honoris Causa das Universidades de Paris, Autônoma do
México, Coimbra, Toronto, Liège, Bordeaux, Salamanca e, no Brasil, do Recife,
da Bahia e de Minas Gerais. Recebeu o Prêmio D. Antônia Chaves Berchon
d'Essarts (1931); Moinho Santista (1960); Prêmio Álvaro Alberto para a Ciência
e Tecnologia (1988); Prix Mondial Cino del Duca, da Fondation Simone et Cino
del Duca, França (1989.)
Foi
membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro e do Conselho Federal
de Cultura, ao longo dos anos 70 e 80. Nunca se afastou do Instituto
Manguinhos, onde iniciou sua carreira científica, sendo membro do seu Conselho
Técnico-Científico, presidente do Conselho da Casa de Oswaldo Cruz e do Centro
de Estudos da Fundação Oswaldo Cruz.
Foi
membro titular ou correspondente de várias academias, entre as quais a Academia
Brasileira de Ciências, Academia Pontifícia de Ciências, Academia das Ciências
de Lisboa, Institut de France, American Academy of Arts and Sciences, American
Philosophical Academy, Academia Nacional de Medicina da França, Academia Real
da Bélgica, Academia de Ciências da Romênia e Academia Internacional de
História das Ciências.
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