Aluísio Azevedo
Lúcia Gaspar - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
pesquisaescolar@fundaj.gov.br
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu na cidade de
São Luís, capital do Maranhão, em 14 de abril de 1857, filho do vice-cônsul
português David Gonçalves de Azevedo e Emília Amália Pinto de Magalhães.
Fez os cursos preparatórios na sua cidade natal e trabalhou
no comércio como caixeiro e guarda-livros.
Com vocação para o desenho e a pintura, em 1876, resolveu
juntar-se ao seu irmão Arthur Azevedo,
no Rio de Janeiro, onde matriculou-se na Imperial Academia de Belas Artes, hoje
Escola Nacional de Belas Artes.
Para conseguir se manter fazia caricaturas para diversos
jornais como O Fígaro, O Mequetrefe, Semana Ilustrada e Zig-Zag.
Em 1878, por causa da morte repentina do pai, foi obrigado a
regressar a São Luís para cuidar da família, passando a escrever para jornais
locais.
Foi um dos fundadores e colaborador assíduo do jornal
anticlerical e abolicionista O Pensador, periódico trimensal (publicado nos
dias 10, 20 e 30 de cada mês), que se intitulava órgão dos interesses da
sociedade moderna e era redigido por jovens sob pseudônimos. Colaborou também
com o jornal Pacotilha, lançado por seus cunhados Libânio Vale e Vítor Lobato.
Iniciou a carreira de escritor com o romance Uma lágrima de
mulher (1879), seguido de O mulato, um dos seus livros mais famosos, publicado
em São Luís, na Tipografia de O País, em 1881. O livro escandalizou a sociedade
maranhense pela linguagem crua e por tratar do preconceito racial, mas com ele
o autor ganhou projeção nacional. No Rio de Janeiro, a obra foi muito bem
recebida, sendo considerada como um exemplo do Naturalismo, escola literária
que se baseava na fiel observação da realidade e na experiência.
Em setembro de 1881, Aluísio voltou ao Rio de Janeiro.
Resolvido a ganhar e ganhar a vida como escritor, dedicou-se ao trabalho
jornalístico e literário, passando a publicar seus romances nos folhetins dos
jornais.
No período de 1882 a 1895, publicou sem interrupção
romances, contos, crônica e peças de teatro, essas últimas em parceria com seu
irmão Arthur e Emílio Rouède. Com esse último, desenvolveu uma grande amizade e
cooperação intelectual, escrevendo em conjunto cinco comédias: Venenos que
curam, O caboclo, Um caso de adultério, Lições para maridos e Em flagrante
delito.
Membro da Academia Brasileira de Letras e fundador da
cadeira nº 4, Aluisio de Azevedo gostava de abordar na sua obra os problemas
sociais urbanos, com suas contradições econômicas, raciais e éticas.
Entre as suas principais obras podem ser destacadas: Uma
Lágrima de Mulher (1879); Os doidos (comédia em colaboração com Arthur Azevedo,
1879); O Mulato (1881); Memórias de um condenado (1882); Flor-de-lis (opereta)
e Casa de Orates (comédias, ambas em mparceria com Arthur Azevedo, 1882);
Mistérios da Tijuca (1883); Casa de Pensão (1884); Filomena Borges (1884);
Venenos que curam (1886); O Caboclo (1886); O homem (1887); Fritzmark (1988); O
Coruja (1889); O cortiço (1890); A
República (1890); Um caso de adultério (1891); Em flagrante (1891); A mortalha
de Alzira (1893); Demônios (contos, 1893); Livro de uma sogra (1895); Pegados
(1897). Deixou inédito, um livro com impressões sobre o Japão, intitulado
Agonia de uma raça. Em 1938, foram reunidas algumas de suas crônicas e
correspondências, e publicadas pela F. Briguiet (Rio de Janeiro), o livro O
touro negro.
Sem conseguir sobreviver só como escritor, em 1895, fez
concurso para cônsul e ingressou na carreira diplomática. Serviu em Vigo, na
Espanha, Nápoles, na Itália, Tóquio, Assunção, no Paraguai e Buenos Aires, onde
passou a viver na companhia da argentina Pastora Luquez e de seus dois filhos,
Pastor e Zulema, que foram por ele adotados.
Morreu em Buenos Aires, Argentina, no dia 21 de janeiro de
1913, onde foi sepultado.
Seis anos depois, em 1919, seus restos mortais foram
levados, em urna funerária para São Luís, por iniciativa do seu conterrâneo o
escritor Coelho Neto (Henrique Maximiano).
Recife, 30 julho de 2010.
FONTES CONSULTADAS:
ALUÍSIO de Azevedo (foto). Desponível em: <
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/biografia-aluizio-azevedo/imagens/aluisio-de-azevedo-3.jpg
>. Acesso em: 11 ago.2010.
BIOGRAFIA fundador. Disponível em: .
Acesso em: 28 jul.2010.
BIOGRAFIAS: Aluísio de Azevedo (1857-1913). Disponível
em:. Acesso
em: 29 jul. 2010.
MIGUEL-PEREIRA, Lucia. História de literatura brasileira. 2.
ed. rev. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1957.
(Documentos brasileiros, 63)
MONTELLO, Josué. Aluísio Azevedo e a polêmica d'O
Mulato. Rio de Janeiro: J. Olympio; Brasília, DF: INL, 1975. (Documentos
brasileiros, 167).
VERISSIMO, José. História da literatura Brasileira: de Bento
Teixeira (1601) a Machado de Assis (1908). Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1916.
COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: GASPAR, Lúcia. Aluísio de Azevedo. Pesquisa Escolar On-Line,
Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em:
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Aluísio Azevedo (A. Tancredo Gonçalves de A.),
caricaturista, jornalista, romancista e diplomata, nasceu em São Luís, MA, em
14 de abril de 1857, e faleceu em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de
1913. É o fundador da Cadeira n. 4 da Academia Brasileira de Letras.
Era filho do vice-cônsul português David Gonçalves de
Azevedo e de d. Emília Amália Pinto de Magalhães e irmão mais moço do
comediógrafo Artur Azevedo. Sua mãe havia casado, aos 17 anos, com um rico e
ríspido comerciante português. O temperamento brutal do marido determinou o fim
do casamento. Emília refugiou-se em casa de amigos, até conhecer o vice-cônsul
de Portugal, o jovem viúvo David. Os dois passaram a viver juntos, sem
contraírem segundas núpcias, o que à época foi considerado um escândalo na
sociedade maranhense.
Da infância à adolescência, Aluísio estudou em São Luís e
trabalhou como caixeiro e guarda-livros. Desde cedo revelou grande interesse
pelo desenho e pela pintura, o que certamente o auxiliou na aquisição da
técnica que empregará mais tarde ao caracterizar os personagens de seus
romances. Em 1876, embarcou para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o
irmão mais velho, Artur. Matriculou-se na Imperial Academia de Belas Artes,
hoje Escola Nacional de Belas Artes. Para manter-se, fazia caricaturas para os
jornais da época, como O Figaro, O Mequetrefe, Zig-Zag e A Semana Ilustrada. A
partir desses "bonecos" que conservava sobre a mesa de trabalho,
escrevia cenas de romances.
A morte do pai, em 1878, obrigou-o a voltar a São Luís, para
tomar conta da família. Ali começou a carreira de escritor, com a publicação,
em 1879, do romance Uma lágrima de mulher, típico dramalhão romântico. Ajuda a
lançar e colabora com o jornal anticlerical O Pensador, que defendia a abolição
da escravatura, enquanto os padres mostravam-se contrários a ela. Em 1881,
Aluísio lança O mulato, romance que causou escândalo entre a sociedade
maranhense, não só pela crua linguagem naturalista, mas sobretudo pelo assunto
de que tratava: o preconceito racial. O romance teve grande sucesso, foi bem
recebido na Corte como exemplo de Naturalismo, e Aluísio pôde fazer o caminho
de volta para o Rio de Janeiro, embarcando em 7 de setembro de 1881, decidido a
ganhar a vida como escritor.
Quase todos os jornais da época tinham folhetins, e foi num
deles que Aluísio passou a publicar seus romances. A princípio, eram obras
menores, escritas apenas para garantir a sobrevivência. Depois, surgiu nova
preocupação no universo de Aluísio: a observação e análise dos agrupamentos
humanos, a degradação das casas de pensão e sua exploração pelo imigrante,
principalmente o português. Dessa preocupação resultariam duas de suas melhores
obras: Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). De 1882 a 1895 escreveu sem
interrupção romances, contos e crônicas, além de peças de teatro em colaboração
com Artur de Azevedo e Emílio Rouède.
Em 1895 encerrou a carreira de romancista e ingressou na
diplomacia. O primeiro posto foi em Vigo, na Espanha. Depois serviu no Japão,
na Argentina, na Inglaterra e na Itália. Passara a viver em companhia de D.
Pastora Luquez, de nacionalidade argentina, junto com os dois filhos, Pastor e
Zulema, que Aluísio adotou. Em 1910, foi nomeado cônsul de 1a classe, sendo
removido para Assunção. Depois foi para Buenos Aires, seu último posto. Ali
faleceu, aos 56 anos. Foi enterrado naquela cidade. Seis anos depois, por uma
iniciativa de Coelho Neto, a urna funerária de Aluísio Azevedo chegou a São
Luís, onde o escritor foi sepultado definitivamente.
Obras
Uma lágrima de mulher, romance de estréia (1880); O mulato,
romance (1881); Mistério da Tijuca, romance (1882; reeditado: Girândola de
amores); Memórias de um condenado (1882; reeditado: A condessa Vésper); Casa de
pensão, romance (1884); Filomena Borges, romance (publicado em folhetins na
Gazeta de Notícias, 1884); O homem, romance (1887); O coruja, romance (1890); O
cortiço, romance (1890); Demônios, contos (1895); A mortalha de Alzira, romance
(1894); Livro de uma sogra, romance (1895).
Fonte: O Nordeste.
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