(Dublin, 2 de fevereiro de 1882 — Zurique, 13 de janeiro de
1941) foi um romancista, contista e poeta irlandês expatriado. É amplamente
considerado um dos autores de maior relevância do século XX. Suas obras mais
conhecidas são o volume de contos Dublinenses/Gente de Dublin (1914) e os
romances Retrato do Artista Quando Jovem (1916), Ulisses (1922) e Finnegans
Wake (1939) - o que se poderia considerar um "cânone joyceano".
Também participou dos primórdios do modernismo poético em língua inglesa, sendo
considerado por Ezra Pound um dos mais eminentes poetas do imagismo.1
Embora Joyce tenha vivido fora de seu país natal pela maior parte da
vida adulta, suas experiências irlandesas são essenciais para sua obra e
fornecem-lhe toda a ambientação e muito da temática. Seu universo ficcional
enraíza-se fortemente em Dublin e reflete sua vida familiar e eventos, amizades
e inimizades dos tempos de escola e faculdade. Desta forma, ele é ao mesmo
tempo um dos mais cosmopolitas e um dos mais particularistas dos autores
modernistas de língua inglesa.
Irlanda:
O mais velho de dez filhos, James Joyce nasce em uma abastada família
católica no subúrbio de Rathgar, em Dublin. A família de seu pai, proveniente
de Cork, era de ricos comerciantes. Em 1887, o pai, John Stanislaus Joyce,
antes secretário em uma destilaria, foi nomeado coletor de taxas imobiliárias
pela Dublin Corporation (o Conselho Municipal); a família se muda então para o
novo e elegante subúrbio de Bray.[desambiguação necessária] No ano seguinte, o
menino começa sua educação no Clongowes Wood College, um internato no Condado
de Kildare.
Em 1891, James escreveu um poema, Et Tu Healy, sobre a morte de Charles
Stewart Parnell. Seu pai fê-lo imprimir e até mandou uma cópia para a
biblioteca do Vaticano. Em novembro do mesmo ano, o nome John Joyce foi
inscrito na Stubbs Gazette (um registro oficial de falências) e afastado do
trabalho. Em 1892, James tem de sair de Clongowes pois seu pai não podia mais
pagar por sua matrícula; em 1893, John foi demitido com uma pensão. Assim
começou uma descida rumo à pobreza para a família, principalmente devido ao
consumo de álcool por John e sua inaptidão financeira em geral. John Joyce foi
o modelo para o caráter de Simon Dedalus no Retrato do Artista Quando Jovem e
Ulisses, assim como do tio do narrador em diversos contos de Dublinenses.
Após Clongowes, Joyce estudou em casa e por um breve tempo na escola
dos Christian Brothers na rua Richmond norte, antes que se lhe oferecesse uma
vaga na escola jesuíta de Dublin, o Belvedere College, em 1893. A oferta foi
feita, ao menos em parte, na esperança de que se demonstrasse que ele tinha uma
vocação e se juntaria à Companhia de Jesus. Joyce, porém, rejeitou o
catolicismo aos dezesseis; apesar disso, a filosofia de Tomás de Aquino
permaneceria uma de suas fortes influências por toda a sua vida.
Ele se matriculou no University College Dublin em 1898. Ele estudou
línguas modernas, especificamente inglês, francês e italiano. Também
envolveu-se com os círculos teatrais e literários da cidade. Sua resenha do
Novo Drama de Henrik Ibsen foi publicada em 1900 pela Forthnightly Review e
resultou numa carta de agradecimento pelo próprio dramaturgo norueguês. Joyce
escreveu alguns outros artigos e pelo menos duas peças (uma delas intitulada A
Brilliant Career, "Uma Carreira Brilhante"; ambas desde então se perderam)
durante este período. Muitas das suas amizades do University College aparecem
como personagens nos livros de Joyce.
1902-4: Anos decisivos:
Joyce foi a Paris pela primeira vez em 1902 para estudar medicina (à
época, havia também um efervescente movimento artístico em Montparnasse e
Montmartre). Em 1903, retorna à Irlanda, pois sua mãe morria de câncer. Busca
manter-se como jornalista e professor particular. Em janeiro do ano seguinte,
escreve Um Retrato do Artista, um ensaio-narrativa sobre estética, em um dia,
mas a obra é recusada pela revista livre-pensante Dana. Em seu vigésimo-segundo
aniversário, decide revisar a história e transformá-la num romance que ele
planejava chamar Stephen Hero (Stephen Herói). No mesmo ano, publica seu
primeiro trabalho na idade adulta: a sátira desaforada O Santo Ofício, na qual
proclamava-se superior a muitos membros proeminentes da Renascença Céltica e
afirma sua herança linguística inglesa.
Ainda em 1904 ele conheceu Nora Barnacle, uma jovem do Condado de
Galway, que trabalhava como camareira e viria a ser sua companheira por toda a
vida. Joyce escolheu o dia 16 de junho para ser imortalizado em sua obra
Ulisses porque foi nesse dia em que fez sexo pela primeira vez com Nora, à época
uma jovem virgem de vinte anos, apesar de a imprensa irlandesa publicar que
nesse dia eles "caminharam juntos" pela primeira vez. Na verdade,
Nora teve medo de completar o coito e o masturbou "com os olhos de uma
santa", como Joyce relatou em uma carta em que relembrou o acontecido.2
Joyce ainda permanece em Dublin por um tempo, bebendo pouco em
determinado tempo. Vai morar com o estudante de medicina Oliver St John
Gogarty, que serviu de base para a personagem Buck Mulligan em Ulisses. Depois
de dormir por seis noites na Torre Martello, de Gogarty, ele sai após ambos
discutirem, embebeda-se em um bordel e envolve-se numa briga, da qual é
resgatado por Alfred Hunter, um conhecido de seu pai; Hunter, um judeu
irlandês, fornece o modelo para Leopold Bloom, o herói de Ulisses.
Trieste:
Pouco depois, ele foge com Nora. O casal parte em exílio auto-imposto,
indo primeiro para Pula (hoje na Croácia) e depois Trieste (Itália), ambas
então no Império Austro-Húngaro, para ensinar inglês na escola Berlitz. Um de
seus alunos triestinos foi Ettore Schmitz; eles se conheceram em 1907, e por
longo tempo foram amigos e críticos mútuos. Joyce passou a maior parte das
décadas seguintes no continente. Aí nasceriam seus filhos Giorgio (1905) e Lucia
(1907; seu nome pronuncia-se à italiana, como Lutchía).
Joyce publica, em 1907, Música de Câmara (Chamber Music) (batizada,
segundo ele afirmou, a partir do som de urina num penico, chamber pot) uma
antologia de 36 poemas líricos curtos. A obra, inspirada na poesia do período
elisabetano (i.e. autores como William Shakespeare), levou à sua inclusão na
Antologia Imagista, editada por Ezra Pound, que seria um defensor de Joyce por
mais de uma década.
Em visitas a Dublin, abre o primeiro cinema da cidade, o Volta, em
1909, mas fracassa; depois, em 1912, desentende-se com um editor sobre sua nova
obra, e publica contra ele, no mesmo ano, Gás de um Bico (Gas from a Burner).
A obra que Joyce queria fazer sair em sua cidade natal era Dublinenses,
uma série de quinze contos sobre a cidade e a vida de seus habitantes. Os
contos são uma análise penetrante da estagnação e paralisia da sociedade de
Dublin. Incorporam epifanias, uma palavra usada particularmente por Joyce, que
para ele significava uma súbita consciência da "alma" de algo.
Apesar de seu interesse por teatro desde a juventude, Joyce publicou
apenas uma peça, Exilados, iniciada em Trieste logo após a erupção da Primeira
Guerra Mundial e publicada em 1918. Um estudo da relação marido-mulher, a peça
conecta-se com a obra anterior "Os Mortos" (o último conto dos
Dublinenses) e com a posterior Ulisses.
Esta também foi iniciada na cidade italiana em 1914, e ainda levaria
muitos anos para ser completada e publicada. Porém, começada a guerra, a
permanência dos Joyce em território austro-húngaro se torna impossível, já que
eram cidadãos britânicos e, portanto, inimigos. Assim, em 1915, Joyce e Nora se
mudam para a neutra Suíça; após breves estadas em outras cidades, se
estabelecem em Zurique.
Zurique:
Eventos importantes da primeira estadia suíça de Joyce são a publicação
de Exilados, a continuidade da composição de Ulisses, a primeira crise de
iridite, que iria piorando sua visão ao longo das décadas, e a publicação de
seu primeiro romance, Retrato do Artista Quando Jovem.
O Retrato é uma recriação completa do romance abandonado "Stephen
Herói". Autobiográfico em larga medida, o romance mostra a obtenção de
maturidade e autoconsciência de um jovem inteligente. O protagonista é Stephen
Dedalus, a representação joyciana de si mesmo. Neste romance, é possível
vislumbrar técnicas posteriores do escritor, no uso do monólogo interior e na
maior preocupação com o psíquico em relação à realidade externa. Além disso, a
linguagem se desenvolve ao longo do livro, conforme o personagem cresce,
amadurece e torna-se capaz de narrar seu mundo de uma maneira mais sofisticada.
Paris:
Fim da a guerra, Joyce retorna a Paris em 1920 onde, exceto por duas
visitas à Irlanda, permaneceu pelos vinte anos seguintes. É morando na
Cidade-Luz que Joyce sofre diversas operações nos olhos a partir de 1924,
conclui suas duas maiores obras, obtendo amplo reconhecimento pelo Ulisses e
reações diversas pelo Finnegans Wake, e torna-se uma referência para os
modernistas de língua inglesa, especialmente jovens irlandeses como Samuel
Beckett. É também durante este período, em 1931, que James e Nora se casam, em
Londres.
Poesia:
Seus primeiros poemas (Música de Câmara, 1907), líricos, de influência
simbolista e feitos para serem letras de música, continham, no entanto uma
visualidade e objetividade que os aproximavam do, posterior, imagismo de Ezra
Pound, além do uso de arcaísmos combinados a alguns neologismos. Joyce
publicará, em 1927, seu segundo livro de poesia, Pomas, um Tostão Cada, próximo
da radicalidade das suas mais ousadas obras em prosa. Escreve também Ecce Puer,
um poema escrito em 1932, sobre dois eventos próximos, a morte de seu pai e o
nascimento de seu neto. Publica-os, juntamente com a demais obra poética, em
Collected Poems (Poesia reunida), em 1936. Apesar de ser autor de um trabalho
muito elogiado por poetas como o próprio Pound, que o considerava um brilhante
inovador do ritmo, Joyce se considerava um poeta frustrado.
Ulisses:
História inicial da publicação:
A Ponte Half Penny, em Dublin.
Em 1906, enquanto terminava Dublinenses, Joyce considerou adicionar
outro conto, sobre um negociante de anúncios judeu chamado Leopold Bloom sob o
título Ulisses. A história não foi escrita, mas a ideia permaneceu e, em 1914,
Joyce começou a trabalhar num romance usando tanto este título quanto a
premissa básica, tendo-o completo em outubro de 1921.
Graças a Ezra Pound, trechos do romance começaram a ser publicados na
revista The Little Review em 1918. Esta revista era editada por Margaret
Anderson e Jane Heap, com o apoio de John Quinn, um advogado de Nova York
interessado em arte e literatura experimentais contemporâneas. Infelizmente,
houve problemas desta publicação com a censura norte-americana, e em 1920 os
editores foram condenados por publicar obscenidades, o que interrompeu a
publicação serial do romance. O livro permaneceu proibido nos EUA até 1933.
Joyce encontrou dificuldades para encontrar quem publicasse seu livro,
pelo menos em parte devido a esta contrariedade. Mas a Shakespeare and Company,
uma famosa livraria da Margem Esquerda parisiense, de propriedade de Sylvia
Beach, publicou-o em 1922. Uma edição inglesa publicada no mesmo ano pela
mecenas de Joyce Harriet Shaw Weaver encontrou novas dificuldades com
autoridades estadunidenses, e 500 cópias enviadas aos EUA foram confiscadas e
possivelmente destruídas. No ano seguinte, John Rodker imprimiu uma tiragem de
mais 500, destinadas a substituir as cópias faltantes, mas estes livros foram
queimados pela alfândega inglesa em Folkestone. Uma outra consequência do
status legal ambíguo de Ulisses como um livro proscrito foi a aparição de
várias versões "bootleg", mais notavelmente versões piratas do editor
Samuel Roth. Em 1928, conseguiu-se um mandado judicial contra Roth e ele parou
a publicação.
Ulisses e a ascensão do modernismo literário[editar | editar código-fonte]
1922 foi um ano fundamental na história do modernismo na literatura de
língua inglesa, com a publicação tanto de Ulisses quanto do poema The Waste
Land, de T. S. Eliot. Em seu romance, Joyce utiliza-se do fluxo de consciência,
da paródia, de piadas e virtualmente todas as demais técnicas literárias para
apresentar seus personagens. A ação do livro, que se desenrola em um único dia,
16 de junho de 1904, situa os personagens e incidentes da Odisseia de Homero na
Dublin moderna e representa Odisseu (Ulisses), Penélope e Telêmaco em Leopold
Bloom, sua esposa Molly Bloom e Stephen Dedalus, cujos caracteres contrastam
com seus altivos modelos, parodiando-os. O livro explora diversas áreas da vida
dublinense, estendendo-se sobre sua degradação e monotonia. Ainda assim, o
livro também é um estudo afeiçoadamente detalhado sobre a cidade, e Joyce
afirmava que se Dublin fosse destruída por alguma catástrofe, poderia ser
reconstruída tijolo por tijolo, usando como modelo sua obra. Para atingir este
nível de precisão, Joyce usou uma edição de 1904 do Thom's Directory - uma obra
que listava os proprietários e/ou possuidores de cada imóvel residencial ou
comercial da cidade. Ele também soterrava amigos que ainda viviam na cidade com
pedidos de informação e esclarecimentos.
O livro consiste em dezoito capítulos, cada um cobrindo aproximadamente
uma hora do dia, começando por volta das 8 da manhã e terminando em algum ponto
após 2 da madrugada seguinte. Cada um dos dezoito capítulos emprega seu próprio
estilo literário. Cada um deles também se refere a um episódio específico da
Odisseia de Homero e tem associado a si uma cor, arte ou ciência e órgão do
corpo humano. Esta combinação de escrita caleidoscópica com uma estrutura
extremamente formal e esquemática é uma das maiores contribuições do livro para
o desenvolvimento da literatura modernista do século XX. Outras são uso da
mitologia clássica como a armação para a construção do livro e o foco quase
obsessivo nos detalhes exteriores num livro em que muito da ação relevante
ocorre dentro das mentes dos personagens. Ainda assim, Joyce queixou-se:
"talvez eu tenha supersistematizado Ulisses," e minimizado as
correspondências míticas pela eliminação dos títulos dos capítulos, emprestados
a Homero.
Finnegans Wake:
Escrevendo o Finnegans Wake:
Ao que parece, tendo terminado Ulisses, Joyce sofreu um período de
bloqueio criativo. Em 10 de março de 1923 ele começou a trabalhar num texto que
seria conhecido, inicialmente, como Work in Progress ("Obra em
andamento") e depois Finnegans Wake (Finnicius Revém, na tradução
brasileira de Donaldo Schüler). Em 1926 as duas primeiras partes do livro
estavam completas. Naquele ano, ele conheceu Eugène e Maria Jolas que propuseram
ir publicando o trabalho em sua hoje legendária revista transition. Sem este
apoio, é possível que o livro nunca fosse terminado ou publicado.
Por alguns anos depois disso, Joyce progrediu com rapidez, mas na
década de 1930, desacelerou consideravelmente. Isso deveu-se a uma série de
fatores, incluindo a morte de seu pai em 1931, preocupação com a saúde mental
de sua filha Lucia e seus próprios problemas de saúde, incluindo a visão que ia
diminuindo. Boa parte do trabalho era feito então com a ajuda de jovens
admiradores, entre eles Samuel Beckett. Por alguns anos, Joyce alimentou o
excêntrico plano de entregar o trabalho para ser completo por seu amigo James
Stephens, baseado no fato de que Stephens nascera no mesmo hospital que Joyce,
exatamente uma semana depois, e tinha o nome tanto do autor quanto de seu alter
ego ficcional (este é um exemplo das numerosas superstições de Joyce).
As seções originais a aparecer em transition receberam reações
diversas, incluindo comentários negativos de antigos apreciadores da obra de
Joyce, como Pound e Stanislaus Joyce, irmão do autor. Como reação a esta
recepção hostil, apoiantes do novo livro, entre os quais Beckett e William
Carlos Williams, organizaram um livro de ensaios. Ele foi publicado em 1929 sob
o título Our Exagmination Round His Factification For Incamination Of Work In
Progress. Na festa de seus 57 anos na casa dos Jolas, Joyce revelou o título
final da obra e em 4 de maio o Finnegans Wake é publicado como livro.
Estilo e estrutura do Finnegans Wake:
O método joyceano dos fluxos de consciência, alusões literárias e
livres associações oníricas foi levado até o limite em Finnegans Wake, que
abandonou todas as convenções de construção de enredo e personagem e é escrito
numa linguagem peculiar e árdua, baseada principalmente em complexos
trocadilhos de múltiplos níveis. Esta abordagem é similar à usada por Lewis
Carroll em "Jabberwocky", mas muito mais extensa. Se Ulisses é um dia
na vida de uma cidade, o Wake é uma noite e compartilha da lógica dos sonhos.
Isto fez com que "Livro Azul inutilmente ilegível, numa tradução
simples", a frequentemente citada descrição de Ulisses no Wake, fosse
aplicada por muitos leitores e críticos ao próprio Wake. Entretanto, foi-se
chegando a um consenso sobre o elenco central de personagens e enredo geral.
Além do uso frequente de neologismos e arcaísmos, muito do jogo de
palavras do livro enraíza-se no uso de trocadilhos multilíngues que conectam
uma gama de idiomas. O papel de Beckett e outros assistentes incluiu reunir
palavras destes idiomas em cartões para Joyce usar e, à medida que a visão do
autor piorava, escrever o texto enquanto ele ditava.
A visão de história proposta neste texto sofre influência muito forte
de Giambattista Vico, e a metafísica de Giordano Bruno de Nola é importante
para as inter-relações dos "personagens". Vico propunha uma visão
cíclica da história, na qual a civilização se erguia do caos, passava por fases
teocráticas, aristocráticas e democráticas e retornava novamente ao caos. O
exemplo mais óbvio da influência da filosofia cíclica da história de Vico
encontra-se nas sentenças de abertura e fechamento do livro. Finnegans Wake
começa com as palavras (na tradução brasileira de Donaldo Schüler): aqui,
pretendo citar um trecho da tradução. Já foi feito o contato com a editora para
solicitar a permissão por escrito. Em outras palavras, a primeira sentença
começa na última página e a última sentença na primeira, tornando o livro um
grande ciclo. Inclusive, Joyce disse que o leitor ideal do Finnicius sofreria
de uma "insônia ideal" e, ao completar o livro, retornaria à página
um e começaria novamente, e assim por diante num ciclo infinito de releituras.
Inclusive, a tradução proposta para o título remete a fim + início, com o us no
final podendo aludir a línguas como o latim e o francês, referidas também no
original (fin-again, fim-de-novo).
Legado:
Busto de Jame Joyce na Irlanda.
Com a erupção da Segunda Guerra Mundial, Joyce teve de deixar Paris e
por fim voltou a Zurique, quase cego, em 1940. No começo do ano seguinte, morre
de úlcera duodenal perfurada e peritonite generalizada, durante uma operação
para salvar sua vida. Está enterrado no Cemitério de Fluntern,3 naquela cidade,
junto com Nora.
A obra de Joyce foi submetida a pesquisas intensas por estudiosos de
todos os tipos, e ele é um dos autores mais notáveis do século XX. Também foi
influência importante para autores tão diversos quanto Beckett, Jorge Luis
Borges, Flann O'Brien, Máirtín Ó Cadhain, Salman Rushdie, Thomas Pynchon,
William Burroughs e muitos outros. Haroldo de Campos considera sua obra, em
prosa e em verso, de importância central para a poesia posterior a ela.
A influência de Joyce também se faz sentir em campos alheios à
literatura. A frase "Three Quarks for Muster Mark", no Finnegans
Wake, é a fonte para a palavra quark, na Física, que designa um dos muitos
tipos de partícula elementar. O nome foi proposto pelo físico Murray Gell-Mann.
O filósofo francês Jacques Derrida publicou um livro sobre o uso da linguagem
em Ulisses, e o filósofo americano Donald Davidson fez o mesmo com o Finnegans
Wake, comparando-o com Lewis Carroll.
Celebra-se anualmente a vida de Joyce no dia 16 de junho, o Bloomsday,
em Dublin e num número cada vez maior de cidades ao redor do mundo. Em 2004, a
capital irlandesa realizou o festival Bloomsday 100, que durou cinco meses (de
abril a agosto) e se propunha a reaproximar a cidade e a obra de seu estimado
filho. Um dos maiores eventos foi um café da manhã para milhares de pessoas na
O'Connell Street, a principal da cidade.
Obras publicadas:
Música de Câmara (1907)
Dublinenses (1914)
Retrato do Artista Quando Jovem (1916)
Exilados (1918)
Ulisses (1922)
Pomas, um Tostão Cada (1927)
Finnegans Wake (1939)
Obras publicadas postumamente:
Stephen Herói (1944)
Giacomo Joyce (1968)
Finn's Hotel (2013)
Fonte de origem:
https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Joyce
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