Pseudônimo de Kathleen Mansfield Beauchamp (Wellington, Nova Zelândia; 14 de
outubro de 1888 - Fontainebleau, França, 9 de janeiro de 1923) foi uma
proeminente escritora neozelandesa de histórias curtas.
Biografia
“ O prazer de ler é dobrado quando se
vive com alguém com quem se compartilha os mesmos livros. — Katherine Mansfield ”
Mansfield nasceu
Kathleen Mansfield Beauchamp em uma família socialmente proeminente em
Wellington, Nova Zelândia. Filha de um banqueiro e nascida em família colonial
de classe média, também era prima da autora Condessa Elizabeth von Arnim.
Mansfield teve uma infância solitária e alienada. Suas primeiras histórias
publicadas apareceram no High School Reporter e na revista do Colégio para
garotas de Wellington, em 1898 e 1899. Mudou-se para Londres em 1902, onde
freqüentou o Queen's College. Violoncelista de talento, inicialmente não se
sentiu atraída pela literatura e, após concluir sua educação na Inglaterra,
voltou para a Nova Zelândia em 1906. Foi somente depois desse retorno que
Kathleen Beauchamp começou a escrever contos. Cansada do estilo de vida
provinciano da Nova Zelândia da época, Beauchamp retornou a Londres dois anos
mais tarde, em 1908.
Ao retornar para
Londres em 1908, logo se entregou à vida boêmia/bissexual comum a muitos
artistas e escritores da época1 . Com pouco dinheiro, conheceu, casou-se e
separou-se de seu primeiro marido, George Bowden, tudo em período de três
semanas. Por volta dessa época, Mansfield ficou grávida de um amigo da família
da Nova Zelândia, Garnet Trowell, um violonista profissional, e sua mãe a
mandou para a Baviera1 .
Katherine perdeu seu
bebê em 1909, provavelmente por ter levantado um baú de cima de seu
guarda-roupa. No retorno à Inglaterra, seu trabalho chamou a atenção de várias
editoras e Beauchamp adotou o nome artístico de Katherine Mansfield quando da
publicação de sua primeira coleção de contos, "In a German Pension"
(numa pensão alemã), em 1911. Contraiu gonorreia por volta desta época, um
evento que a faria sofrer com dores de artrite pelo resto de sua curta vida,
bem como enxergar-se como uma mulher "suja".
John Murry, morte do
irmão, depressão[editar | editar código-fonte]
Desencorajada pela
falta de sucesso do livro, Mansfield mandou uma história leve para uma revista
avant-garde nova chamada Rhythm (Ritmo). A história foi rejeitada pelo editor
John Middleton Murry, que pediu algo mais sombrio. Mansfield respondeu com
"The Woman at the Store" (a mulher na loja), uma história de
assassinato e doença mental que Murry chamou de "de longe a melhor
história mandada à Rhythm." Em 1912 Murry visitou Mansfield no seu
apartamento onde ela lhe serviu chá em tigelas porque não possuía xícaras.
Visitantes frequentemente a encontravam vestida num quimono. Mansfield, atraída
por ele, o convidou a se mudar para o quarto de hóspedes logo após sua
publicação, e logo em seguida eles começaram seu relacionamento conturbado que
incluiu casamento em 1918. Eles se mudaram diversas vezes e frequentemente
viveram separados. Aparentemente ambos não acreditavam em uniões estáveis, e
Mansfield pode ter se arrependido de seu estilo de casamento. Sua amiga
próxima, Ida Baker, frequentemente cuidava dela quando estavam separados.
Casa onde nasceu
Mansfield, na Nova Zelândia.
Sua vida e trabalho
seriam modificados para sempre com a morte de seu irmão, um soldado, durante a
Primeira Guerra Mundial. Ela ficou chocada e traumatizada pela experiência,
tanto que seu trabalho começou a se refugiar nas lembranças nostálgicas de sua
infância na Nova Zelândia.1 Durante esses anos ela também teve amizades
profissionais com escritores como D. H. Lawrence e Virginia Woolf, que
posteriormente disse que a escrita dela era 'A única escrita que eu invejei'.
Embora continuasse
escrevendo entre sua primeira e segunda coleções ("Prelude", 1918),
raramente publicou seus trabalhos, e entrou em depressão clínica. Sua saúde
ficou muito debilitada após um ataque quase fatal de pleurisia quando contraiu
tuberculose em 1917. Foi enquanto combatia essa doença em spas pela Europa
afora, sofrendo uma hemorragia séria em 1918, que Mansfield começou a escrever
os trabalhos pelos quais ela seria melhor conhecida.
"Miss
Brill", uma história sobre uma mulher frágil vivendo uma vida efêmera de
observação e prazeres simples em Paris, estabeleceu Mansfield como um dos
escritores modernistas preeminentes, quando da sua publicação em 1920 na
coleção "Bliss". A história título dessa coleção "Bliss"
(felicidade), que envolvia uma personagem semelhante enfrentando a infidelidade
de seu marido, também recebeu crítica favorável. Ela seguiu com a coleção
igualmente louvada, The Garden Party, publicada em 1922.
Anos finais[editar |
editar código-fonte]
Mansfield passou
seus últimos anos buscando curas cada vez mais não ortodoxas para sua
tuberculose. Em fevereiro de 1922, ela consultou o médico russo Ivan Manoukhin.
Seu tratamento "revolucionário", que consistia em bombardear seu baço
com raios-X, fez com que Mansfield desenvolvesse calores e insensibilidade nas
pernas.
Nos últimos anos de
sua vida ela passou a sentir que sua atitude perante a vida havia sido
exageradamente rebelde e procurou renovar sua vida espiritual. Em outubro de
1922, Mansfield mudou-se para o Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do
Homem de Georges Gurdjieff em Fontainebleau, França, onde esteve sob os
cuidados de Olgivanna Lazovitch Hinzenburg (posteriormente, Sra. Frank Lloyd
Wright). Mansfield sofreu uma hemorragia pulmonar fatal em janeiro de 1923,
após subir uma escada correndo para mostrar a Murry quão bem estava.2 Foi
enterrada em um cemitério no distrito de Fontainebleau District na cidade de
Avon.3
Mansfield provou ser
uma escritora prolífica nos últimos anos de sua vida, e uma boa parte de sua
prosa e poesia não foram publicadas até depois de sua morte. Murry se predispôs
a editar e publicar seus trabalhos.
Seus esforços
resultaram em dois volumes adicionais de contos em 1923 (The Dove's Nest) e em
1924 (Something Childish), bem como seus Poems, The Aloe, uma coleção de
escritos críticos (Novels and Novelists) e um número de edições de trabalhos
previamente não publicados de suas cartas e diários.
Cinema e TV
Em 1973, a BBC
produziu uma minissérie, “A Picture of Katherine Mansfield”, estrelada por
Vanessa Redgrave. Dividida em 6 partes, a série inclui adaptações da vida de
Mansfield e seus contos4 .
Trabalhos
Coleções
In a German Pension
(1911), ISBN 1-86941-014-9
The Garden Party:
and Other Stories (1922), ISBN 1-86941-016-5
The Doves' Nest: and
Other Stories (1923), ISBN 1-86941-017-3
Bliss: and Other
Stories (1923)
Poems (1923), ISBN
0-19-558199-7
Something Childish
(1924), ISBN 1-86941-018-1, first published in the U.S. as The Little Girl
The Journal of
Katherine Mansfield (1927, 1954), ISBN 0-88001-023-1
The Letters of
Katherine Mansfield (2 vols., 1928-29)
The Aloe (1930),
ISBN 0-86068-520-9
Novels and Novelists
(1930), ISBN 0-403-02290-8
The Short Stories of
Katherine Mansfield (1937)
The Scrapbook of
Katherine Mansfield (1939)
The Collected
Stories of Katherine Mansfield (1945, 1974), ISBN 0-14-118368-3
Letters to John
Middleton Murry, 1913-1922 (1951), ISBN 0-86068-945-X
The Urewera Notebook
(1978), ISBN 0-19-558034-6
The Critical
Writings of Katherine Mansfield (1987), ISBN 0-312-17514-0
The Collected
Letters of Katherine Mansfield (4 vols., 1984-96)
Vol. 1, 1903-17,
ISBN 0-19-812613-1
Vol. 2, 1918-19,
ISBN 0-19-812614-X
Vol. 3, 1919-20,
ISBN 0-19-812615-8
Vol. 4, 1920-21,
ISBN 0-19-818532-4
The Katherine
Mansfield Notebooks (2 vols., 1997), ISBN 0-8166-4236-2
Contos[editar |
editar código-fonte]
"The Woman At
The Store" (1912)
"How Pearl
Button Was Kidnapped" (1912)
"Millie"
(1913)
"Something
Childish But Very Natural" (1914)
"The Little
Governess" (1915)
"Pictures"
(1917)
"Feuille
d'Album" (1917)
"A Dill
Pickle" (1917)
"Je ne parle
pas français" (1917)
"Prelude"
(1918)
"An Indiscreet
Journey" (1920)
"Bliss"
(1920)
"Miss Brill"
(1920)
"Psychology"
(1920)
"Sun and
Moon" (1920)
"The Wind
Blows" (1920)
"Mr Reginald
Peacock's Day" (1920)
"Marriage à la
Mode" (1921)
"The
Voyage" (1921)
"Her First
Ball" (1921)
"Mr and Mrs
Dove" (1921)
"Life of Ma
Parker" (1921)
"The Daughters
of the Late Colonel" (1921)
"The
Stranger" (1921)
"The Man
Without a Temperament" (1921)
"At The
Bay" (1922)
"The Fly"
(1922)
"The Garden
Party" (1922)
"A Cup of
Tea" (1922)
"The Doll's
House" (1922)
"A Married
Man's Story" (1923)
"The Canary""
(1923)
Traduções para o
português[editar | editar código-fonte]
Poucas foram as
traduções de sua obra no Brasil. A partir de 1992, a editora Revan começou a
traduzi-las. Hoje, temos em português os principais dos 88 contos de Mansfield,
incluindo Prelude (Prelúdio), At the bay (Na praia ) e The doll’s house (A casa
de bonecas). Estes três contos fazem parte de uma novela inacabada. Demonstram
a transição da obra de Katherine Mansfield para o romance. Os personagens,
baseados na sua vida na terra natal, pedem mais que uma novela. Várias são as
tramas e a saída só poderia ser encontrada na estrutura de um belo romance cuja
semelhança poderíamos enxergar na obra de Virginia Woolf, no livro To the
lighthouse (Passeio ao farol). O inverso também poderia ser dito, To the
lighthouse possui a atmosfera de alguns contos de Mansfield. Elementos da
natureza, a vida íntima de um casal e suas crianças são influências recíprocas
entre autoras que tiveram contato intenso. No entanto, Katherine Mansfield
nunca escreveu um romance.
Principais traduções
e publicações na língua portuguesa[editar | editar código-fonte]
Felicidade (Bliss),
Livraria do Globo, 1940, tradução de Érico Veríssimo 5 6 .
Felicidade (Bliss),
Editora Nova Fronteira, 1969, tradução de Érico Veríssimo 5 .
Felicidade (Bliss),
Editora Livros do Brasil (Portugal), Coleção Miniatura.
Felicidade (Bliss) e
Outros Contos, Editora Revan, 1991, tradução de Julieta Cupertino5 .
Êxtase (Bliss),
Editora Ática e IMS (São Paulo), 1999, tradução de Ana Cristina César5 .
Felicidade (Bliss) e
O Estranho, Coleção Aventuras Grandiosas, Editora Rideel, 2007, 2009, adaptação
Ana Carolina Vieira Rodrigues.
Psicologia
(Psychology), 1939, tradução de Érico Veríssimo para a Revista do Globo6 .
O meu primeiro baile
(Her First Ball), 1940, tradução de Érico Veríssimo para a Revista do Globo6 .
As Filhas do
Falecido Coronel e Outras Histórias, 1997, Ediouro, com os contos Felicidade
(Bliss), A festa ao ar livre (The Garden Party), As filhas do falecido coronel
e O estranho.
As Filhas do
Falecido Coronel, Coleção Aventuras Grandiosas, Editora Rideel, 2006, adaptação
Ana Carolina Vieira Rodrigues.
A Festa ao Ar Livre
(The Garden Party), Coleção Aventuras Grandiosas, Editora Rideel, 2007, 2009,
adaptação Ana Carolina Vieira Rodrigues.
A Festa ao Ar Livre
(The Garden Party) e Outras Histórias, Ediouro, 1993.
Sol e Lua (Sun and
Moon)/ A Viagem (The Voyage), Coleção Aventuras Grandiosas, Editora Rideel,
2011, adaptação de Ana Carolina Vieira Rodrigues.
Aula de Canto,
Editora Global, 1984, tradução de Edla Van Steen e Eduardo Brandão, Coleção
Histórias Inesquecíveis.
Aula de Canto e
Outros Contos, Editora Revan, 1999.
Je Ne Parle Pas
Français e Outros Contos, Editora Revan, 1994, tradução de Julieta Cupertino.
Numa Pensão Alemã
(In a German Pension), Editora Revan (Rio de Janeiro), 1998, tradução de
Julieta Cupertino.
Numa Pensão Alemã
(In a German Pension), Editora Coisas de Ler, 2002.
Contos Escolhidos,
1976, Editora Três.
Contos Ingleses
Modernos, Editora Gleba, s.d..
Cinco Contos,
Editora Paz e Terra, Coleção Leitura, 1996, com os contos Senhorita Brill (Miss
Brill), Tomada de Hábito, A Vida de Mãe Parker (Life of Ma Parker), A Fuga, Je
ne parle pas français7 .
Contos, Editora
Cosac Naify, 2005, Coleção Mulheres Modernistas.
K. Mansfield, Editora
Cosac Naify, 2005, com 12 contos de Mansfield.
Cartas de Katherine
Mansfield, Editora Portugália, s.d., tradução de Manuela Porto.
Diário, Editora
Tavares Martins (Porto), 1944, tradução de Fernanda de Castro, Coleção dirigida
por António Ferro: Contemporâneos.
Diário e Cartas,
Editora Revan, 1996.
Fonte de
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário