A Grande Esfinge do
Egito sonha por este papel dentro...
Escrevo — e ela
aparece-me através da minha mão transparente
E ao canto do papel
erguem-se as pirâmides...
Escrevo — perturbo-me
de ver o bico da minha pena
Ser o perfil do rei
Quéops ...
De repente paro...
Escureceu tudo... Caio
por um abismo feito de tempo...
Estou soterrado sob as
pirâmides a escrever versos à luz clara deste
candeeiro
E todo o Egito me
esmaga de alto através dos traços que faço com
a pena...
Ouço a Esfinge rir por
dentro
O som da minha pena a
correr no papel...
Atravessa o eu não
poder vê-la uma mão enorme,
Varre tudo para o
canto do teto que fica por detrás de mim,
E sobre o papel onde
escrevo, entre ele e a pena que escreve
Jaz o cadáver do rei
Quéops, olhando-me com olhos muito abertos,
E entre os nossos
olhares que se cruzam corre o Nilo
E uma alegria de
barcos embandeirados erra
Numa diagonal difusa
Entre mim e o que eu
penso...
Funerais do rei Quéops
em ouro velho e Mim! ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário